Ser saudável é estar bem com o corpo e a mente. Prova de que o organismo está intrinsecamente ligado ao bem-estar psicológico, uma série de estudos já provou que a saúde intestinal pode corresponder à mental. Como exemplo, o relatório “The Sensitive Gut”, publicado pela Escola Médica de Harvard em 2008, e elaborado pelo professor de medicina Lawrence S. Friedman de mesma universidade, afirma que o trato gastrointestinal é sensível às emoções, de forma que tudo o que sentimos pode desencadear problemas no intestino, e possíveis distúrbios na digestão podem estar associados a problemas psicológicos como depressão e ansiedade. “O cérebro tem um efeito direto no estômago e nos intestinos. Por exemplo, o pensamento sobre comida pode liberar os sucos do estômago, mesmo antes dos alimentos chegarem lá. Essa conexão segue em ambos os caminhos. Um intestino problemático pode enviar sinais ao cérebro da mesma forma que um cérebro problemático pode enviar sinais para o intestino”, afirma o médico e editor-chefe do Harvard Health Letter, Anthony L. Komaroff, sobre o relatório mencionado.

Com isso em pauta, podemos imaginar que determinados alimentos exercem poder sobre o nosso humor. Incumbidos ao movimento Mood Food, esses produtos afetam a saúde corporal e mental. “O que comemos pode afetar a forma como nos sentimos, assim como o que sentimos pode afetar nossa maneira de comer. As pessoas desenvolvem diferentes comportamentos como resposta as suas emoções dependendo de diversos fatores, como onde vivem, o ambiente, seus hábitos, cultura, economia, religião, sua capacidade de identificar e gerenciar os seus sentimentos e emoções”, detalha a nutricionista Lidiane Santana.

Ainda que não seja uma classificação formal ou regulamentada, para entrar na categoria o item precisa ser saudável e trazer bem-estar integral. “Para ser considerado um Mood Food é importante que o alimento apresente componentes que favoreçam a saúde mental ou emocional, como vitaminas, minerais, aminoácidos e compostos funcionais”, explica Renata Guirau, nutricionista do Oba Hortifruti. Dessa forma, os nutrientes ingeridos podem associar-se a melhorias na produção de neurotransmissores que ajudam na modulação do estresse, favorecendo a diminuição da ansiedade e outros pontos comportamentais da vida cotidiana, como a qualidade do sono e a redução do cansaço.

E, apesar de estar sendo cada vez mais difundido nos dias atuais, o Mood Food faz referência a raciocínios anciãos. “A relação entre o humor e a alimentação já é descrita desde a época de Hipócrates. Mas o conceito se expandiu no Japão, onde vários restaurantes adaptaram seus cardápios para oferecer refeições ricas em nutrientes com efeitos benéficos à saúde física e mental”, conta Renata.

Para que você possa aliar alimentos nutritivos ao seu humor, as especialistas indicam os  compostos que categorizam os produtos como Mood Food e onde encontrá-los.

Ácidos graxos essenciais: ômega-3, ácido oleico e ácido gama linolênico (GLA), são compostos que atuam na formação das células e nos processos metabólicos. Hortaliças de folhas verde-escura, como a couve e o espinafre, peixes mais gordurosos, como o salmão, são boas fontes destes compostos lipídicos.

Probiotipos: também chamados de psicobióticos, eles são micro-organismos que regulam a flora intestinal e atuam no eixo intestino-cérebro. Lidiane cita como exemplo o Lactobacillus Helveticus e o Bifidum Bacterium e afirma que eles podem reduzir o estresse e a ansiedade, equilibrando o humor. Para ingeri-los você pode apostar em suplementos ou alimentos fermentados, especialmente alguns tipos de iogurte.

Vitaminas do complexo B: elas cumprem muitas funções, atuando no sistema imunológico, no metabolismo de outros nutrientes e no sistema nervoso central. A vitamina B6, por exemplo, ajuda na produção dos glóbulos vermelhos e no processo de quebra e uso de substâncias, como a glicose e ácidos graxos. Encontre-a em ovos, carnes, leite, ervilhas, feijão e cogumelos.

Magnésio: favorece o equilíbrio eletrolítico, a saúde do sistema nervoso central e ajuda na produção e emissão da serotonina, o chamado hormônio da felicidade. Grãos e oleaginosas costumam a ser ricos no composto, como nozes, aveia, e grão-de-bico.

Vitamina C: antioxidante, ela atua na redução dos processos oxidativos. Frutas cítricas como a laranja e o limão são boas fontes.

Selênio: presente em feijões e castanhas, o selênio também ajuda a reduzir o estresse oxidativo e melhora a proução de neurotransmissores.

Existem outras características e nutrientes que podem classificar um item como Mood Food. “Em geral, falamos de elementos ligados à redução do estresse oxidativo e a produção de neurotransmissores como a adrenalina, serotonina e dopamina”, afirma Renata. Os carboidratos integrais, por exemplo, têm a digestão mais complexa que os refinados e atuam na produção de neurotransmissores. Já o triptofano, aminoácido presente nas bananas, sementes de abóbora, grão-de-bico, leite e proteínas animais, ativa a produção de serotonina. “Ele é, em parte, responsável pelo controle das emoções e pelo humor, uma vez que baixos níveis de serotonina estão relacionados a maior vontade de comer doces e carboidratos”, detalha Lidiane.

fonte: Casa e Jardim