Na busca por soluções para enfrentar a poluição atmosférica, a China resolveu construir um purificador de ar do tamanho de um prédio na cidade de Xian, província de Shaanxi, no norte do país. A estrutura de 100 metros de altura, inaugurada no ano passado, ainda está em fase experimental, mas os primeiros resultados começam a aparecer.

Segundo pesquisadores do Instituto de Meio Ambiente da Terra na Academia Chinesa de Ciências, desde que a torre foi ativada no ano passado, foi possível verificar uma melhora na qualidade do ar ao longo de uma área de 10 quilômetros quadrados, relata o South China Morning Post.

O ar é sugado para dentro da torre e é aquecido nas estufas localizadas na sua base com ajuda da energia captada por painéis solares. Uma vez aquecido, o ar sobe pela torre e passa por uma série de filtros até ser expelido.

Depois de passar por esse processo, o ar apresenta uma redução de 15% no nível de partículas PM2,5, as menores e mais nocivas à saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a China é o país mais mortal do mundo no quesito poluição do ar, um flagelo que reivindica um milhão de vidas em todo o país a cada ano.

Cautela

Em face disso, impossível não vibrar com o potencial que a tecnologia guarda. Mas calma lá. Alasrair Lewis, professor de química atmosférica no Centro Nacional de Ciências Atmosféricas da Universidade de York, nos Estados Unidos, pondera que o efeito “despoluidor” pode se diluir na atmosfera.

Isso aconteceria porque o ar que as pessoas respiram no nível da cidade está em constante movimentação dentro de uma camada atmosférica que chega a 1 quilômetro de altura. Um projeto precisa ser robusto o suficiente para dar conta do desafio. Pelos cálculos do pesquisador, a torre chinesa só limparia 0,01% do ar que circula na cidade.

“Trate com cautela particular qualquer estudo que reivindique uma breve intervenção local que tenha conduzido a reduções atribuíveis na poluição. Muitas vezes, há um forte desejo social e político de ver um efeito, mas a realidade pode ser decepcionante e a evidência muitas vezes não é conclusiva”, escreve Lewis no site de análise científica The Conversation.

Ele também sinaliza o fato dos dados do estudo chinês não serem públicos, o que dificulta a checagem dos resultados. Seja como for, os cientistas daquele país estão eufóricos com a torre purificadora e planejam uma nova estrutura de 500 metros de altura e 200 metros de largura, com estufas cobrindo 30 quilômetros quadrados, que segundo eles, poderia melhorar o ar de uma pequena cidade.

Por Vanessa Barbosa, da Exame