Maju Cotrim
Após equívoco ocorrido nesta sexta-feira, 22, com relação à Operação Ísis, que investiga atos irregulares por parte de servidores do Naturatins, a Corregedoria da Polícia Civil informou à Gazeta do Cerrado que irá abrir um procedimento para apurar o que houve e aponta inclusive descumprimento ao Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária que está em vigor.
“A Secretaria de Estado da Segurança Pública – SSP/TO informa que, em relação ao equívoco relatado por autoridade policial que preside os procedimentos relativos à investigação sobre suposto esquema de emissão de licenças ambientais envolvendo servidores do Instituto Natureza do Tocantins – Naturatins, durante a deflagração da Operação Ísis, na manhã desta sexta-feira, 22, em municípios do Norte do estado e em Palmas, que resultou no cumprimento de mandado de prisão de investigado que não teria envolvimento com os fatos, será instaurado procedimento junto à Corregedoria-Geral da Polícia Civil para apuração das circunstâncias em que se deu a incorreção”, informou.
A Secretaria afirma ainda que o Manual prevê cautela com a citação de nomes. “A SSP esclarece, ainda, que a divulgação dos nomes dos alvos da operação não foi respaldada pela instituição, tendo em vista a necessidade de preservação da intimidade e a garantia da presunção de não culpa constitucional das pessoas submetidas à investigação, conforme previsão do Manual de Procedimentos de Polícia Judiciária no âmbito da Polícia Civil do Tocantins”, disse.
Armando Cayres Almeida, irmão do deputado estadual Amélio Cayres (SD) chegou a ir para a delegacia para cumprir mandado de prisão no entanto após os depoimentos foi constatado que se tratava de outro “Armando”. O delegado Thyago Bustorff de Oliveira Martins, responsável pela operação o liberou em seguida porém outro irmão do deputado, Alvymar Cayres também compareceu à delegacia desta vez em Araguaína e prestou esclarecimentos.
Vários servidores foram presos suspeitos de envolvimento em suposto esquema criminoso para emissão de licenças e quebra de multas no Naturatins.
O delegado justificou: “Então dentro de todo o contexto, a ligação da servidora com o ex-prefeito de Buriti, havia, naquele momento fundadas razões para justificar a prisão de Armando, nos fazendo crer que naquele momento o Armando seria o Armando Cayres”, ressalta. O irmão do deputado nunca teve multa no Naturatins.
Repercussão
O deputado Amélio ainda não deu declarações sobre o assunto porém aliados tem tido que o episódio teria sido lamentado por ele. Alguns colegas deputados teriam chegado a sugerir um processo de danos morais em razão do equívoco.
As investigações continuam e os materiais apreendidos serão avaliados e os servidores detidos ouvidos para apurar o esquema que teria começado em 2011.
O que fiz o delegado à Gazeta
Ouvido pela Gazeta o delegado falou sobre o assunto: “A princípio no decorrer das investigações apontava-se uma estreita relação entre a funcionária pública do Naturatins e o Mazinho Cayres, ex-prefeito de Buriti e Amélio Cayres, deputado estadual, ambos são irmãos do Armando. Em duas ocasiões ela conversa com outra pessoas que buscam saber informações do processo do Armando e que ela avisa que precisa que o Amelio converse diretamente com o presidente do Naturatins para atuar na questão , que ela não tinha poder para isso, que precisava da ajuda do Amélio Caytes para interceder lá em cima”, explicou.
“Em outra oportunidade ela informa que ajudaria o advogado do Armando na elaboração da defesa que seria apresentada junto ao Naturatins. Em consulta no sistema Eproc identificamos processo do Armando Cayres assistido por esse mesmo advogado o que nos levou a crer que a estreita relação dela com o Amélio Cayres e o Mazinho Cayres, irmãos do Armando, existindo nesse momento fundadas razões para que este Armando seria o irmão do deputado Amelio, representamos por sua prisão temporária”, disse.
Ele relatou ainda o advogado esclareceu que não trabalhou na defesa do Armando Cayres e sim na do prefeito de Esperantina, Armando Alencar. “Confirmando que o Armando Cayres não sofreu nenhuma multa o que justificava a prisão dele no seio da organização criminosa foi afastado e identificamos o outro Armando”, disse.
Ele afirmou que no mesmo momento fez um despacho e não deu cumprimento ao mandado de prisão para a revogação. “Como garantidor do direito e da justiça como delegado de Polícia eu não dei cumprimento ao mandado e pedi a revogação mas aqui muda-se o contexto porque há indícios de uma participação de um prefeito”, afirmou.
Sobre a exposição de Armando com relação ao caso e o futuro procedimento da Corregedoria, o delegado afirmou: “Estou tranqüilo com relação a isso porque não existiu dolo e foi uma situação justificável tendo em vista os envolvidos” afirmou.
“O nome do deputado foi citado”, reafirmou. “Eu Fazia referência acreditando que a pessoa era o irmão do deputado”, disse em outro momento. “Tive todas as precauções para resguardar a imagem dele”, disse.