Em carta aberta ao governador, movimento de Cultura pede sensibilidade e que Fundo seja usado para pagar suplentes

Lei Aldir Blanc – Foto: Divulgação/Adetuc

O Movimento Mobiliza Cultura do Tocantins encaminhou na manha~desta terça-feira, 12, uma carta aberta endereçada ao governador do Estado Mauro Carlesse, à imprensa e a sociedade tocantinense.

Veja a íntegra da carta:

O setor cultural, no Tocantins e no Brasil, foi um dos mais afetados pela crise pandêmica da Covid 19 que levou milhares de vidas em todo o mundo. No Brasil, chegamos em janeiro de 2021 contabilizando cerca de 200 mil pessoas mortas. O setor cultural e consequentemente toda a cadeia produtiva formada por trabalhadoras e trabalhadores foram os primeiros forçados a parar suas atividades diante da grave situação e seremos, certamente, os últimos a retornar às nossas atividades de forma “normal”.

No Estado do Tocantins, músicos, artesãos, atores, bailarinos, produtores, profissionais do ensino das artes, técnicos, comunidades de povos tradicionais e originários estão fortemente atingidos pelas condições impostas pela pandemia. Nesse contexto a Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural veio alimentar a esperança de possibilidade de socorro imediato gerando oportunidade para além da renda emergencial, fomentar a economia cultural liberando recursos
para o desenvolvimento de projetos em todas as áreas do setor criativo, através do inciso III estabelecido na própria Lei, gerando trabalho e renda e contribuindo de forma efetiva para impulsionar a economia local.

Sabíamos que era necessário enfrentar grandes desafios. Retomar o diálogo com o Governo do Estado do Tocantins, que durante os últimos 08 anos, promoveu o desmonte das políticas culturais, não seria tarefa simples, porém necessária. Contudo, a Lei Aldir Blanc deu condições favoráveis para que a Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa – ADETUC se colocasse na ativa e o resultado foi rápido com a reestruturação do Conselho
Estadual de Políticas Culturais e do Fundo Estadual de Cultura. Uma luta da classe e uma conquista para todos!

Diante de fatos anormais ocorridos e amplamente noticiados pela imprensa local depois do anúncio dos projetos contemplados; dos descompassos que o próprio processo e tempo exímio para aplicação da lei no contexto emergencial ocasionou; da ausência de habilidade política no trato com o segmento da cultura e pouco conhecimento técnico na gestão das políticas culturais; da negação ao diálogo por parte da ADETUC, em momentos cruciais, com o Conselho Estadual de Políticas Culturais, que permitisse encontrar soluções conjuntas diante de um processo dinâmico e novo para a gestão e para o próprio setor da cultura; NÓS QUE INTEGRAMOS O MOVIMENTO MOBILIZA CULTURA DO TOCANTINS, representados por mais de 80 entidades e permanentemente mobilizados em um grupo virtual com mais de 200 participantes de todas as regiões do Estado, vimos de público manifestar nossa preocupação e solicitar responsabilidade, atitudes sensatas, equilibradas e concretas por parte das autoridades competentes do Governo do Estado do Tocantins e dos órgãos responsáveis pela orientação, controle e fiscalização, no sentindo de fazer prevalecer o direito de todos ao acesso aos bens e serviços culturais invocados pela Constituição Federal, e excepcionalmente, as garantias asseguradas pela Lei 14.017/2020 – Aldir Blanc de Emergência Cultural, conquistadas pelo Movimento Cultural do Tocantins e do Brasil, após longo processo de mobilização social e sensibilização do parlamento brasileiro, que contou com a aprovação unanime dos 3 Senadores da República e dos 8 Deputados Federais tocantinenses.

Mesmo fazendo críticas e apontando correções, o Movimento Mobiliza Cultura do Tocantins reconhece e aplaude o esforço e trabalho do pequeno grupo técnico da ADETUC que se dedicou de forma incansável e abnegada, dia e noite entre o natal e o ano novo, se desdobrando para a execução da lei e cumprimento dos prazos, mas chama a atenção do Governo do Estado do Tocantins para a necessidade de oferecer ao órgão gestor das políticas culturais as
condições mínimas, humanas e técnicas, capazes de responder as demandas que o setor apresenta.

Assim, visando o bem comum de todos os artistas, trabalhadoras e trabalhadores da cultura tocantinense, neste contexto pandêmico, invocando a responsabilidade do Estado em assegurar as condições humanitárias ao bem estar social, enumeramos providências que entendemos necessárias a serem adotadas em caráter de urgência:

1. que a ADETUC retome imediatamente o diálogo com o Conselho Estadual de Políticas
Culturais, para que em conjunto possam construir soluções que resolvam os impasses até
aqui estabelecidos e que as resoluções estejam em consonância com os anseios da
classe cultural;
2. assegurar equidade e igualdade a todos os participantes dos editais, titulares
contemplados e suplentes;
3. garantir e efetivar em caráter de urgência o pagamento dos contemplados;
4. utilizar-se do FUNDO ESTADUAL DE CULTURA para pagamento de todos os projetos
aprovados como suplentes;
5. se necessário for, pactuar acordos entre a gestão pública, o MPF e os participantes dos
certames com o objetivo de não interromper o processo em andamento e sem causar
prejuízo às partes;
6. publicizar e dar transparência aos atos melhorando a comunicação com o setor cultural,
inclusive respondendo a carta dos suplentes, endereçada à ADETUC;

7. e por fim, corrigir problemas pontuais de ordem diversa, ajustando as demandas
enumeradas nesta carta aos princípios e fundamentos emergenciais previstos na Lei Aldir
Blanc.
É o que esperamos respeitosamente por parte das autoridades constituídas e eleitas pelo
povo, neste momento emergencial em que a pandemia dá sinais de prolongamento.

Palmas – TO, aos 09 dias do mês de janeiro de 2021.

Atenciosamente,

MOVIMENTO MOBILIZA
CULTURA DO TOCANTINS

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins