Público acompanha a apresentação dos dados da pesquisa Cultura nas Capitais, em São Paulo - Crédito: Luis Benedito/Fundação Itaú
Público acompanha a apresentação dos dados da pesquisa Cultura nas Capitais, em São Paulo - Crédito: Luis Benedito/Fundação Itaú

Dados inéditos da pesquisa Cultura nas Capitais revelam que Palmas está acima da média das capitais brasileiras e lidera na região Norte em acesso da população a atrações circenses. Segundo os resultados do levantamento, 20% da população de Palmas declarou ter ido a uma apresentação de circo no ano anterior à pesquisa, contra 14% da média de todas as capitais brasileiras.

Esses são alguns dos dados revelados nesta quarta (03/09) em evento na Universidade Estadual do Tocantins (Unitins) pela pesquisa Cultura nas Capitaismaior levantamento sobre o tema já produzido no Brasil. O estudo analisou o comportamento dos moradores das 26 capitais e do Distrito Federal.

A pesquisa da JLeiva Cultura & Esporte ouviu 19,5 mil pessoas em todas as capitais brasileiras e conta com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale por meio da Lei Rouanet, Lei Federal de incentivo à Cultura do Ministério da Cultura. O projeto também tem a parceria da Fundação Itaú. Em Palmas, foram entrevistadas 600 pessoas, de todas as regiões do município. A pesquisa de campo foi feita pelo Datafolha.

O levantamento avaliou o acesso da população a 14 atividades culturais, considerando se a pessoa participou ao menos uma vez nos 12 meses anteriores à entrevista. Foram analisados: cinema; shows de música; festas populares; museus; teatro; espetáculos de dança; circo; feiras de livro; saraus ou recitais; concertos de música erudita; bibliotecas; leitura de livros; jogos eletrônicos; e visita a locais históricos.

Os dados indicam que Palmas ainda enfrenta problemas no acesso de seus moradores a atividades culturais – a cidade ficou abaixo da média das 27 capitais em oito das 14 atividades analisadas e dentro da média em cinco delas (shows de música, festas populares, bibliotecas, dança e saraus).

“A pesquisa deixa claro como o acesso aumenta conforme a renda e a escolaridade. Mostra também que idosos são os mais excluídos das atividades culturais”, afirma o diretor da pesquisa, João Leiva.

Festas juninas em alta, Carnaval em baixa

De acordo com os resultados da pesquisa, as festas juninas foram apontadas como o principal evento cultural da cidade: quase um quarto (24%) dos moradores participaram das celebrações no ano anterior à entrevista. Em contrapartida, Palmas está entre as capitais com menor presença da população em blocos de carnaval: 9%, contra média de 16% em todas as capitais.

Teatro e museus: falta de oferta próxima limita participação

O acesso ao teatro em Palmas é de 20%, abaixo da média de 25% entre todas as capitais. Entre os moradores de Palmas que não foram ao teatro, 12% disseram não haver salas perto de casa, o maior percentual entre as capitais (empatado com o Rio de Janeiro e bem acima da média de 7%). Ainda assim, 54% dos que foram tiveram acesso gratuito, contra média de 34% entre todas as capitais do país.

Situação semelhante ocorre nos museus: 13% dos palmenses alegaram não frequentar por falta de proximidade, também o maior índice do Brasil (média de 8%). Apesar disso, há potencial de crescimento: moradores relataram ter visitado 36 museus e exposições em outras cidades, sinalizando interesse reprimido. Nesse sentido, os dados do estudo apontam que há potencial para dobrar o público em museus e teatro na capital do Tocantins.

Preferências musicais e consumo audiovisual

Palmas é umas das capitais onde mais se ouve sertanejo – é o ritmo preferido de 62% dos moradores. Junto com Porto Velho (34%) e Rio Branco (32%), também é uma das capitais onde mais gente ouve gospel (33%). É uma das capitais onde mais gente ouve música no YouTube: 76% das pessoas que ouvem em aplicativo usam essa plataforma.

O consumo de filmes e séries passa pelo celular – Palmas é uma das capitais onde mais se assiste a filmes e séries nesse tipo de dispositivo: 65% da população, contra média de 57% na pesquisa em todas as capitais.

Gastronomia: identidade no chambari

Na culinária, Palmas mostra uma forte marca regional: 42% dos entrevistados citaram a carne como símbolo da cozinha local, frente a apenas 8% da média das 27 capitais. O destaque fica para o chambari, prato típico do Tocantins que reforça o elo entre tradição alimentar e identidade cultural.

Espaços culturais

Foram quase 70 espaços culturais citados pelos moradores de Palmas na pesquisa na pergunta sobre qual local cultural mais frequentam na cidade. É a capital onde mais gente cita um centro cultural como o espaço cultural que mais frequenta (18%, contra média de 8%). Isso se deve basicamente ao Espaço Cultural José Gomes Sobrinho, citado por 17% dos entrevistados como o espaço que mais frequentam. Ainda assim, um terço da população (33%) nunca ouviu falar desse local e menos da metade (47%) já foi lá.

Prática cultural

Além do acesso, a pesquisa também investigou a prática de atividades culturais – os dados mostram que 33% dos entrevistados de Palmas realizam ao menos uma atividade cultural. Foto/vídeo, artesanato e dança são as mais citadas: 29% dos palmenses produzem vídeos ou fotos de caráter cultural (fora do âmbito familiar), bem acima da média de 20% entre todas as capitais. Além disso, 12% mantêm perfis ou blogs culturais, superando a média de 9%.

Metodologia 

Na edição atual da pesquisa Cultura nas Capitais foram ouvidas 19.500 pessoas, moradoras de todas as capitais brasileiras – as 26 estaduais, além de Brasília – com idade a partir de 16 anos, de todos os níveis socioeconômicos, entre os dias 19 de fevereiro e 22 de maio de 2024. As pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas. Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha. 

Além da pergunta sobre renda, a pesquisa também adotou o Critério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares (presença e quantidade de alguns itens domiciliares de conforto e grau de escolaridade do chefe de família) para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E (Fonte: ABEP – Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa).