Imagem aérea de sobrevoo de monitoramento de desmatamento na Amazônia no município de Lábrea, Amazonas, realizado em 26 de março de 2022. — Foto: Greenpeace/Divulgação
As maiores empresas de agronegócio do mundo detalharam na segunda-feira (7) um plano para eliminar o desmatamento de suas cadeias de fornecimento de soja, carne bovina e óleo de palma até 2025.
O documento, nomeado de “roadmap” (mapa do caminho), foi lançado durante a 27ª Conferência do Clima da ONU, que começou domingo (6) no Egito e vai até o dia 18.
A iniciativa inclui as empresas: JBS, Cargill, Bunge, ADM (Archer Daniels Midland), Louis Dreyfus Company e COFCO International da China.
No mesmo dia, ONGs ambientalistas afirmaram, em manifesto, que é preciso eliminar o desmatamento de forma imediata para evitar que o aquecimento global ultrapasse um aumento de 1,5°C em relação à temperatura da Terra registrada século 19.
O documento “Manifesto para o fim imediato do desmatamento para o nosso futuro de 1,5ºC” foi assinado por mais de 90 organizações ambientalistas e acadêmicas do Brasil e do mundo, dentre elas o WWF-Brasil, Observatório do Clima, Rede Cerrado e Rainforest Foundation Norway (RFN).
A destruição de florestas para a conversão em áreas agrícolas e pecuárias emite enormes quantidades de gases de efeito estufa (gases poluentes) a cada ano, ajudando a impulsionar as mudanças climáticas.
Nos últimos anos, cresceu também a pressão social e política por modelos de produção mais sustentáveis. O Parlamento Europeu, por exemplo, aprovou em setembro um projeto de lei que prevê a proibição da compra de produtos de áreas desmatadas. O texto final deve ficar pronto antes do fim deste ano.
Proposta das empresas
O plano das empresas prioriza a Amazônia, o Cerrado e o Chaco – floresta da América do Sul, distribuída entre a Argentina, Paraguai, Bolívia e Brasil.
No que diz respeito à soja, por exemplo, a proposta é que as empresas concluam, até o final de 2023, uma avaliação global sobre o risco de conversão de ecossistemas para a produção do grão. A partir desse balanço, as companhias vão desenvolver planos de implementação e metas.
A ideia é que as empresas tenham sistemas para monitorar o desmatamento e/ou a conversão para soja de áreas maiores que 25 hectares.
O plano também pede que as empresas estabeleçam metas para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa e comecem a divulgar suas emissões de mudanças no uso da terra em 2024.
Manifesto de ambientalistas
Para os ambientalistas, o plano das empresas precisa cumprir oito pré-requisitos para ser eficaz. São eles:
- Cadeias de fornecimento de soja e carne bovina completamente livres de desmatamento, sem prazo de implementação adicional, com 100% de rastreamento até a origem;
- Compromissos pré-existentes com data de corte anterior a 2020, como a Moratória da Soja na Amazônia;
- Abranger todos os ecossistemas naturais, levando em consideração o carbono acima e abaixo do solo para estimar as emissões de CO2;
- Transparência e rastreabilidade total até a fazenda (para todos os fornecedores diretos e indiretos);
- Exigências e suporte aos fornecedores diretos e indiretos para realizar ações equivalentes emtodas as suas operações;
- Mecanismos para verificar a implementação dos compromissos de cadeias livres de desmatamento;
- Divulgação pública do plano de implementação com indicadores de desempenho.
Soja, carne e óleo de palma
Segundo o WWF-Brasil, a soja, carne bovina e o óleo de palma respondem pela maior parcela de desmatamento e conversão de ecossistemas naturais.
Os três produtos representam, juntos, cerca de um quarto das emissões do setor global de alimentos.
O WWF também calculou a pegada de gases de efeito estufa dessas commodities produzidas em áreas desmatadas na comparação com produtos livres de desmatamento. No caso da soja, a diferença é de 13 vezes; na carne, de 11 vezes.
A pegada de carbono é o cálculo da emissão de gases de efeito estufa (GEEs, gases poluentes) na atmosfera por pessoas e atividades econômicas, como a pecuária, agricultura, indústria, etc.
Fonte: G1