Foto – Arquivo Pessoal
Pérola Venâncio
Ercivaldo Damsõkēkwa, de 42 anos, é professor da educação infantil na Escola Estadual Indígena Suzawre, na aldeia Brejo Comprido. Prestes a concluir seu doutorado na área da antropologia, o professor falou sobre as dificuldade que impendem indígenas de adentrarem numa universidade.
“Difícil acesso a tecnologia, para coisa básicas como acompanhar um edital. O fato de nossa primeira língua ser o Macro-jê, e os processos seletivos serem na língua portuguesa. Essas coisas acarretam na dificuldade de um indígena para entrar na faculdade” disse o professor.
O povo Akwê vive na margem direita do rio Tocantins, perto da cidade de Tocantínia, na Terra Indígena Xerente. Pertencentes do grupo linguístico Macro-Jê, eles sobrevivem da roça de toco, onde plantam milho, arroz e mandioca. Além de sua rica habilidade no artesanato.
Abrindo caminhos
Pioneiro de seu povo na área da educação, Ercivaldo Damsõkēkwa se identifica com o significado do seu nome “aquele que abre o caminho, que faz a trilha”. Ele se orgulha de seu caminho trilhado até agora “Pra um indígena é muita ‘ousadia’ romper essas barreiras, nada foi fácil, enquanto acadêmico e enquanto professor indígena” disse Ercivaldo.
Doutorando em Antropologia Social – UFG, Ercivaldo fará exame de qualificação no dia 25 de fevereiro deste ano. Toda sua dedicação é no âmbito do aprimoramento profissional na educação escolar indígena. Ele é servidor público da Secretaria Estadual da Educação (Seduc-TO)
“Engressei em 2005, na área da educação escolar, conclui o magistério em 2008 e daí continuei, tanto para aprimorar meus estudos acadêmicos quanto para contribuir de alguma forma no letramento e educação do nosso povo. Passei no concurso público em 2008, específico para os povos indígenas e estou no cargo ate hoje” lembra o professor.
Ercivaldo ainda falou sobre sua vontade de que mais indígenas façam parte das decisões na área da educação. “A educação do nosso povo será de mais qualidade se fosse através de um profissional indígena, a comunicação seria mais eficaz, teríamos propriedade nisso. Mas infelizmente ainda é muito difícil. Temos sim um avanço, mas podemos melhorar” acentua.
“Quero muito continuar nessa luta, pra poder estar no meio das decisões, pra discutir como queremos a nossa educação escolar e dizer qual a melhor forma” concluiu.
O professor também agradeceu o apoio da Seduc que, de acordo com ele, está se esforçando para aprimorar a educação indígena. “Acho que o órgão também está se especializando mais nessa área, já que o Tocantins tem 9 povos reconhecidos, que também precisam de uma educação eficaz. O ingresso dos professores indígenas é muito necessário, já que podemos contar profissionais na educação indígenas no dedo” destacou.