Homens de cor ou raça preta ou parda e com idade entre 15 e 29 anos foram as principais vítimas de homicídios no Tocantins, em 2017. Conforme dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, 39 jovens brancos foram mortos naquele ano, enquanto que pretos e pardos, 231, ou seja, um número 5,9 vezes maior. Os municípios que ficaram no topo do ranking de mortes por violência letal foram Araguaína, Palmas, Porto Nacional e Gurupi.
De acordo com o estudo Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de homicídio é um indicador amplamente utilizado para medir a incidência de violência em sua forma mais extrema. Trata-se do quociente entre o número total de homicídios registrados no SIM para um determinado ano e a população total no mesmo ano, multiplicado por 100 mil habitantes.
Os dados do Atlas da Violência, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostram as disparidades historicamente observadas entre a taxa de homicídios da população branca e a da população preta ou parda. No Brasil, a taxa de homicídios foi 16,0 entre as pessoas brancas e 43,4 entre as pretas ou pardas, em 2017.
No Tocantins, a taxa ficou em 26,2 para o primeiro grupo e 37,73 para o segundo, o que representa 96 pessoas brancas e 437 pretas ou pardas. No geral, a cidade com a maior quantidade de homicídios foi Araguaína (107), seguida por Palmas (94), Gurupi (41) e Porto Nacional (39).
Taxa aumentou
A série histórica – 2012 a 2017 – revela que a taxa de homicídios de pretos ou pardos aumentou no estado, passando de 27,57 para 37,73. A taxa de homicídios de brancos também cresceu, de 17,5 para 26,2. Em número absoluto, neste intervalo de seis anos o SIM registrou 2.143 mortes por violência letal de pretos ou pardos contra 472 de brancos tocantinenses.
População jovem
Em todos os grupos etários, a taxa de homicídios de pretos ou pardos superou a dos brancos no ano de 2017. Porém, o estudo detalha que esse tipo de morte atinge com mais intensidade a população jovem, com idade entre 15 e 29 anos. Foram mortos 247 pretos ou pardos e 41 brancos desta faixa etária no Tocantins, ou seja, a quantidade de homicídios de jovens da cor preta ou parda foi seis vezes maior.
Homens também estão mais suscetíveis do que mulheres a esse tipo de violência. O Sistema de Informações sobre Mortalidade registrou 231 homicídios de jovens pretos ou pardos do sexo masculino, sendo que 53 ocorreram em Araguaína; 41 em Palmas; 23 em Porto Nacional; e 22 em Gurupi.
A quantidade de óbitos nessa categoria entre os jovens de cor ou raça branca foi bem menor. De acordo com os registros do SIM foram 39. Desse modo, homicídios de homens com idade entre 15 e 29 anos, pretos ou pardos, foi 5,9 vezes superior.
Considerando o grupo populacional feminino, as taxas de homicídios se mostraram mais brandas. Entretanto, quando se é feita a comparação também por cor ou raça, as discrepâncias persistem. Segundo os dados do SIM, 2 jovens brancas e 16 jovens pretas ou pardas foram mortas, em 2017.
Violência não letal
A publicação Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil destaca que a violência letal impacta indicadores demográficos, como a esperança de vida ao nascer e a probabilidade de morte dos indivíduos ao alcançar idade específica.
Na outra ponta, a violência não letal também produz efeitos de longo prazo. Pessoas vítimas deste tipo de violência estão mais propensos a desenvolverem doenças psicológicas, ao vício de substâncias químicas, a problemas de aprendizado e até ao suicídio.
Dados do Atlas da Violência mostra que 115 pessoas se suicidaram no Tocantins somente em 2017. Entre 2012 e 2017 foram registrados 588 óbitos por suicídio. Palmas, Araguaína, Gurupi, Paraíso do Tocantins e Porto Nacional possuem as maiores taxas.
O número de suicídios entre pretos e pardos também foi maior no estado. O Sistema de Informações sobre Mortalidade registrou 82 óbitos desse grupo populacional em 2017, contra 25 de pessoas de cor ou raça branca. Analisando a série histórica, 435 pessoas pretas e pardas se suicidaram entre 2012 e 2017 e 115 pessoas brancas.
Fonte: IBGE