Texto: Nielcem Fernandes

Edição: Jornalista Brener Nunes

(Arquivo Pessoal)

(Arquivo Pessoal)

Cidadão honorário de Araguaína e do Estado do Tocantins, Otávio Barros ocupa a Cadeira 38 da Academia Tocantinense de Letras, cujo patrono é o jornalista e escritor portuense Oswaldo Ayres da Silva.

Silva é membro fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Tocantins (1989), Membro fundador do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (1993), membro do Conselho Estadual de Cultura (1994). No ano de 2000 recebeu o primeiro Prêmio Qualidade Imprensa, da Federação das Indústrias do Estado do Tocantins.

O escritor atualmente está concluindo o livro A Nova História do Tocantins, obra que narra as históricas sobre o antigo Norte goiano e o atual Estado do Tocantins. O escritor é também autor de Breve História do Tocantins (1997), Dicionário do Tocantins (1994), Literatura do Tocantins (1994), Cultura Popular do Tocantins (1994), Tocantins – Conhecendo e Fazendo História (1998) e Cronologia Histórica do Estado do Tocantins (2007), além de editor do Jornal O Estado do Tocantins.

O jornalista e escritor concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Cerrado e contou um pouco de sua história.

Gazeta do Cerrado: O senhor é natural de onde? Desde quando está no Tocantins e o que motivou a sua
vinda para o Estado?
Otávio Barros da Silva: Ouricuri, Pernambuco, sertão do Araripe, cidade próxima da terra do Gonzagão e do Barão de Exu. Depois de passar pelas redações dos jornais Diário de Pernambuco,
Correio da Lavoura (Rio de Janeiro), Municípios em Marcha (Osasco, SP), Agora (S.
José dos Campos, SP), Tribuna do Leste (Rondonópolis, MT), Notícias de Marabá
(PA), O Progresso (Imperatriz), Tribuna de Carolina (MA), passei a residir em
Araguaína (1973), onde fundei o semanário “Tribuna da Amazônia”. Depois, “O Estado
do Tocantins” (1975), hoje com sede em Palmas.

Gazeta: Qual as principais dificuldades encontradas quando chegou ao Estado?
Barros: Fazer jornalismo numa terra de analfabetos… Com sinais para Araguaína ser a Capital Econômica do Norte de Goiás, as grandes empresas locais tinham sede em S. Paulo,
Minas e Anápolis e os gerentes não tinham interesse em divulgar o jornal local. Não
fossem os editais da Justiça, tinha desistido de jornal no primeiro ano.

Gazeta: Quais as suas expectativas quando veio para o Tocantins?
Barros: Pela movimentação de gente e do comércio, Araguaína prometia dispor de um diário. Engano. Não havia nem rádio e nem TV. O comércio não prestigiava o veículo local.
Outros eram contra a divisão de Goiás.

Gazeta: Conte um pouco de sua história como jornalista e os principais momento da história tocantinense que o senhor cobriu?
Barros: Quando havia faturamento do jornal, passei a conhecer as cidades fora da estrada
Belém-Brasília (Pedro Afonso, Porto, Natividade, etc.) Conhecendo a história regional, mudei a logomarca do jornal – Tribuna da Amazônia- para O ESTADO DO TOCANTINS. Os discursos do deputado separatista Siqueira Campos tinha espaço nas
páginas do jornal.

Gazeta: O senhor se sente realizado pessoal e profissionalmente? Se arrepende de ter se
dedicado ao Tocantins?

Barros:Pelas oportunidades de negócios na região, hoje lamento meu tempo dedicado ao
jornalismo. Muitos amigos progrediram em seus negócios e hoje minha situação
financeira não é dava agradável para uma merecida aposentaria. A Secom do governo
goiano e muitos comerciantes não prestigiavam meu veículo, devido o nome do jornal
O ESTADO TOCANTINS. Os comerciantes alegavam arrocho fiscal de Goiás para
anunciar no jornal separatista.

Gazeta: Em sua opinião, qual a importância da criação do Estado no contexto politico, social e econômico no Brasil?
Barros: Depois de intensa luta separatista de Goiás, com o deputado Siqueira Campos em
Brasilía e meu jornal na região do Norte goiano, posso afirmar que a criação do novo
Estado foi bom, mas para os forasteiros. Tudo começou errado. Na instalação do novo
Estado, em 1/1/1989. em Miracema do Norte, o empresário goiano Moisés Abrão
(articulador financeiro da primeira eleição de Siqueira) recebeu carta branca para
nomear os primeiros secretários de Governo. Ou seja, gente de Goiás que não conhecia
nossa região e nossos problemas regionais. A invasão de picaretas começou em
Miracema e depois em Palmas.

Gazeta: Como se sentiu em relação a nomeação da sua pessoa como comendador do
Tocantins?
Barros: Meu trabalho de separatista para criar o Tocantins. Na realidade, as lideranças do Norte goiano eram contra a criação do Estado do Tocantins sob a alegação da vinda de
forasteiros para a região. Isso atrasou a divisão. Com a Assembleia Nacional Constituinte (1987), as lideranças do PMDB, maior partido da região era contra a divisão. Os chefes políticos – deputado federal José Freire e deputado estadual Brito Miranda (pai do atual governador) -, só decidiram apoiar o Projeto Siqueira Campos por exigência do governador goiano Henrique Santillo (PMDB).