Foto: Divulgação FAB
A Amazônia Legal perdeu 10.476 km² de floresta entre agosto de 2020 e julho de 2021, meses em que se mede a temporada do desmatamento. A taxa é 57% maior que a da temporada passada, além de ser a pior dos últimos dez anos, aponta o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
De acordo com o monitoramento do Imazon divulgado na quarta-feira (18):
- A Amazônia vem sendo devastada no maior ritmo dos últimos 10 anos
- Nos últimos 12 meses, a floresta perdeu uma área equivalente a nove vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro
- O acumulado é 57% maior ao desmatamento registrado no calendário anterior, de agosto de 2019 a julho de 2020, que foi de 6.688 km² de desmatamento
- O Pará foi o estado mais desmatado nos últimos 12 meses: 4.147 km², 43% a mais do registrado no calendário anterior
- Em julho, o desmatamento registrado foi 80% maior que o de julho de 2020
Além do monitoramento do Imazon feito pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), que utiliza imagens de satélite e de radar, o bioma também é monitorado pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), do governo federal. O monitoramento do Inpe é feito por dois sistemas: o Deter, que acompanha em tempo real o desmatamento e a degradação na Amazônia, emitindo diariamente alertas; e o Prodes, que realiza um inventário anual de perda da floresta. (Veja os dados do Inpe abaixo)
Os dados do desmatamento anual divulgados pelo Imazon também alerta para o avanço do desmatamento pelo Sul do Amazonas. O estado foi o segundo que mais desmatou na temporada 2020/2021, com o acumulado de 1.831 km² em 12 meses. A área é 62% maior do que a destruída no calendário anterior.
“Nestes últimos 12 meses, percebemos um intenso desmatamento na região do Sul do Amazonas. Isso ocorreu devido à escassez de grandes áreas de florestas em regiões que já foram devastadas anteriormente, em estados como Mato Grosso e Rondônia. Com isso, houve um deslocamento do desmatamento”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
A taxa de desmatamento na Amazônia no primeiro semestre deste ano também bateu recorde.
“As áreas desmatadas em março, abril e maio foram as maiores dos últimos 10 anos para cada mês. E, se analisarmos apenas o acumulado em 2021, o desmatamento também é o pior da última década”, explica o pesquisador do Imazon, Antônio Fonseca.
Pior julho da década
Apenas em julho, o Imazon aponta que foram desmatados 2.095 km² da floresta, uma área maior que a capital de São Paulo, o pior dado para o mês de julho já registrado nesta década. 63% do total desmatado ocorreu em áreas privadas ou sob diversos estágios de posse.
O Pará também foi o estado que mais desmatou em julho, com 771 km² de floresta destruídos, 37% do registrado em todo o bioma. O estado também abriga sete das 10 terras indígenas e cinco das 10 unidades de conservação mais desmatadas no período.
Entre os municípios mais desmatados em julho, aparece Altamira (136 km²) e São Félix do Xingu, no PA, e Porto Velho (130 km²), em Rondônia (106 km²).
Em junho, 926 km² da floresta foi derrubado, território quase três vezes maior do que a cidade de Fortaleza.
Alertas de desmatamento
O acumulado de alertas de desmatamento dos últimos 12 meses registrado pelo sistema Deter, do Inpe, foi de cerca de 9 mil km², a segunda pior temporada em cinco anos. A pior taxa registrada nesta década pelo instituto foi a de 2020, com 10.129 km² devastados.
O dado do acumulado de desmatamento 2020/2021 registrado pelo Deter é menor que o publicado pelo Imazon. Porém, o Deter não registra os dados oficiais de desmatamento, uma vez que o sistema faz alertas sobre onde o problema está acontecendo.
A medição oficial do desmatamento do Inpe é feita pelo sistema Prodes e costuma superar os alertas sinalizados pelo Deter. O Inpe ainda não divulgou a taxa oficial de desmatamento da Amazônia entre 2020/2021.
Independente do sistema utilizado, a medição do desmate no Brasil considera sempre a temporada entre agosto de um ano e julho do ano seguinte por causa das variações do clima. Com essa divisão do tempo, os pesquisadores conseguem levar em conta o ciclo completo de chuva e seca no bioma, analisando como o desmatamento e as queimadas na Amazônia oscilaram dentro dos mesmos parâmetros climáticos.