Ana Negreiros – Especial Gazeta do Cerrado
Aos 39, a bióloga com pós-doutorado em virologia, Denise Balani é uma das 12,9 milhões de pessoas que estão desempregadas neste Dia do Trabalho.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no primeiro trimestre deste ano a taxa de desocupação subiu para 12,2%. Foram mais de 1,2 milhão de pessoas que entraram na fila por emprego de janeiro a março, a exemplo de Denise. Ao todo, 67,3 milhões de brasileiros estão fora da força de trabalho, batendo novo recorde desde 2012.
O IBGE justifica que o crescimento já era esperado.
“O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior. Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas”, explica a analista da pesquisa, Adriana Beringuy.
Mas para Denise, este ano o desemprego é bem diferente. Em 2018, ela enfrentou uma demissão após 4 anos e meio atuando em uma empresa ligada ao ramo de biotecnologia. Na época, o desligamento aconteceu no mês que fez um ano da sua licença maternidade. Agora, seu filho está com 3 anos e 6 meses e Denise tem medo do futuro.
“Antes, não havia muitas vagas mas existia abertura de posições específicas o que nos deixava otimista na busca por recolocação. Este ano, a a economia já estava indo ladeira abaixo antes da pandemia, o que nos angustia mais ainda, até porque não sabemos o que está acontecendo ou vai acontecer”, revela a profissional.
Desafio
Agora, o desafio de Denise é tornar-se “atrativa” para o mercado de trabalho. E essa jornada, de ir em busca da recolocação, é uma tarefa difícil e que muitas as vezes precisa da ajuda de profissionais como o especialista em recolocação profissional, Jefferson Ribeiro.
Segundo Jefferson as empresas hoje buscam integrar competências técnicas e comportamentais.
“De nada adianta um currículo bem elaborado, uma carreira de sucesso, se o profissional está obsoleto em conhecimentos. Por exemplo, um gestor de projetos de Tecnologia da Informação que está há quatro nos desempregado, tem que se atualizar em métodos ágeis (se não for certificado), caso contrário, não estará atrativo para o mercado”, orienta.
Mercado exigente
Com grande oferta de mão de obra, o mercado está mais exigente. É a balança da alta concorrência e poucas vagas. Então, o que antes era diferencial como domínio de novas tecnologias, hoje é essencial para nivelamento. “É necessário estar atualizado com as novas tecnologias. Do ponto de vista comportamental, adaptabilidade, flexibilidade, inteligência emocional, resolver problemas, aprendizado contínuo (curiosidade + long life learning) são desejados pelas organizações, por conta das transformações que o mercado vem sofrendo”.
Passos para recolocação profissional
Atualizar o currículo, LinkedIn e se candidatar às vagas que estejam de acordo com as habilidade e competências são algumas das orientações do especialista Jefferson Ribeiro. Ele lembra que os candidatos devem evitar “se candidatar de qualquer maneira, para que seu nome profissional seja preservado”.
O candidatar de “qualquer maneira” citado pelo Jefferson seria: “candidatar-se a vagas fora do seu perfil; pedir conexão com alguém no LinkedIn e imediatamente já enviar o currículo, ou pedir por vagas; não revisar a ortografia e gramática do currículo; alimentar crenças limitantes, pensamentos sabotadores; não se atualizar (há opções online e gratuitas, ou a preços muito baixos)” E caso tenha dificuldade, buscar ajuda.
Para saber qual é a vaga certa, Jefferson fala que o candidato precisa se conhecer e assim identificar o que faz de melhor, competências e habilidades. “A vaga certa é aquela que é compatível com seus conhecimentos e experiências profissionais.
Para se candidatar é necessário atender a, ao menos, 80% dos requisitos solicitados. Como por exemplo, se a vaga de Gerente de Projetos pede certificação em PMO e SCRUM, e o candidato não as tem, de nada adianta se candidatar. Se a vaga pede inglês fluente e o candidato só tem intermediário, não adianta se candidatar (provavelmente a entrevista será em inglês)”.
Quanto a busca por uma vaga, Jefferson diz que precisa continuar. “As vagas existem. Setores como Tecnologia, Logística, Marketing Digital, Agronegócio, Saúde, Limpeza, estão contratando. Encontrar vagas exige dedicação, tempo, dá trabalho”, comenta.
#SóNaGazeta
#Desemprego
#DiaDoTrabalhador