Um grupo de diaristas do Distrito Federal foi para as redes sociais, neste mês de novembro, denunciar o assédio de clientes. Elas criaram um grupo para alertar sobre “clientes perigosos”.
Um deles mandava mensagens, aparentemente interessado no serviço de faxina, no entanto, no meio das negociações, pedia para que as mulheres trabalhassem com roupas curtas. Para que aceitassem, o homem oferecia dinheiro extra, além do valor da diária (leia mensagem acima).
A diarista Girlane Lopes, de 36 anos, foi uma das que receberam a proposta. “Eu coloquei meu anúncio, e um homem entrou em contato. Nessa pandemia, a gente precisando de trabalho, eu sou mãe de família, tenho aluguel pra pagar, meu marido tá desempregado. Ele oferecendo R$ 170, eu estava até feliz”, conta Girlane.
“Mas aí conversando, ele disse que se eu usasse short curtinho, ele pagava mais R$ 300. Eu achei bem constrangedor. Mostrei pro meu marido e ele ficou louco de raiva, indignado”, diz a diarista.
Girlane não foi a única. Franciane Sousa, de 31 anos, também recebeu mensagens parecidas, do mesmo homem.
Ela foi a primeira a falar sobre as mensagens no grupo de diaristas. “Eu quis alertar as outras. Porque se esse homem chegou a esse ponto, fazendo esse tipo de proposta, ele pode ir além, e fazer coisas piores”, afirma Francine.
A delegada Adriana Santana, da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), explica que esse tipo de mensagem não se configura como assédio, mas como perturbação da tranquilidade. No entanto, ela aponta que é o primeiro passo para que outras situações aconteçam.
“Se ela aceita o serviço, vai trabalhar no local combinado, e lá recebe propostas sexuais, estaríamos diante de um caso de assédio. Se essas propostas vem acompanhadas de um toque libidinoso, sem consentimento, passa a ser uma importunação sexual. Se além de tudo isso ainda houver uma violência, uma ameaça, nós poderíamos estar diante de um estupro”, diz a delegada.
Situações repetidas
A diarista Girlane Lopes diz que já viveu muitas situações constrangedoras na profissão. “Isso acontece sempre. A gente vê cada coisa. Tem gente que não tem respeito”, conta.
“Um homem começou combinando comigo de fazer faxina duas vezes na semana, na segunda e na sexta. Eu disse que tudo bem, mas ele começou a perguntar se meu marido se importava de eu fazer faxina pra ele, porque ele morava sozinho e gostava de ficar mais a vontade em casa, tipo só de cueca”, lembra.
Segundo Girlane, ela achou estranho e advertiu o possível cliente. “Ele falou que tava tudo bem, que se acontecesse algo a mais ele pagava mais R$ 500 reais, e se eu gostasse, dava até mil. Falei para o meu marido na hora, e ele foi mandar áudio para o cara. E eles ficaram discutindo por áudio. Depois disso, esse cara achou nossas redes sociais, e ficou mandando mensagem, dizendo que se meu marido topasse também, ele pagava dois mil reais pra gente”, conta.
A diarista Claudiane Resende, de 39 anos, chegou a passar por uma situação de importunação sexual quando trabalhava na casa de uma família, no Lago Sul, área nobre de Brasília, em 2015. “Um dia, eu estava na cozinha lavando louça, e o patrão chegou encostando em mim, por trás, nas minhas costas. Eu acabei empurrando ele, e acho que ele se assustou e saiu”, diz ela.
Como denunciar no Tocantins caso isso ocorra:
Canais de denúncias
190 Polícia Militar
Central de Atendimento à Mulher: 180
· Defensoria Pública do Tocantins:
Araguaína e região: 3411-7418
Gurupi: 3315-3409 e 99241-7684
Palmas: 3218-1615 e 3218-6771
Porto Nacional: 3363-8626
· Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher:
Araguaína: 3411-7310/ 3411-7337
Palmas Centro: 3218-6878 / 3218-6831
Palmas Taquaralto: 3218-2404
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e Vulneráveis:
Arraias: 3653-1905
Colinas: 3476-1738/ 3476-3051
Dianópolis: 3362-2480
Guaraí: 3464-2536
Gurupi: 3312-7270/ 3312-2291
Miracema: 3366-3171/ 3366-1786
Paraíso: 3361-2277/ 3361-2744
Porto Nacional: 3363-4509/ 3363-1682
· Disque Direitos Humanos: 100
· Ministério Público do Estado do Tocantins: 0800 – 646 – 5055
· Política Militar: 190
· Site do Ministério dos Direitos Humanos: ouvidoria.mdh.gov.br