Maju Cotrim

Dona Juscelina, líder quilombola que morreu neste sábado, 3, não por acaso no dia da discriminação racial, deixa um legado de dedicação e luta Quilombola.

Mestra na política do bem e do servir foi também símbolo de respeito. Engajada na política do bem ela deu exemplo até em 2018 quando foi alvo de racismo religioso ao receber um candidato a governador.

Ela morreu antes de receber o título de Doutora Honoris Causa à Lucelina Gomes dos Santos. A proposta foi apreciada e votada por unanimidade pelo Conselho Superior (Consuni) da Universidade Federal do Tocantins (UFT) em março deste ano.

O título de Doutor Honoris Causa é atribuído a personalidade que tenha se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.

Dona Juscelina

Dona Juscelina, nascida em 24/10/1930, na cidade de Nova Iorque no Maranhão, é neta de uma cativa. Benzedeira, devota e romeira de Padre Cícero, do Divino Espírito Santo, também é lavradora, parteira, quebradeira de coco e griô, presidindo o Conselho de Griots da Comunidade desde a fundação. Ser griô é ter a missão de repassar os saberes e história para os mais jovens e, assim, propiciar também os conhecimentos dos ancestrais, além de ensinar como é a organização da comunidade e sua historicidade.

Ela também é portadora do Título de Cidadã Muricilandense, título concedido pela Câmara Municipal de Muricilândia, no ano de 2012, pelos relevantes serviços prestados à Cidade de Muricilândia na construção de uma comunidade negra quilombola, resgatando e incentivando a cultura e os direitos desta comunidade.

No ano de 2016, como reconhecimento por sua importância na luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola, recebeu o Prêmio Boas Práticas em Direitos Humanos – Categoria VIII – Igualdade Racial, concedido pela Secretaria de Cidadania e Justiça – Seciju do Estado do Tocantins.

Veja notas de pesar:

*Nota de Pesar – Dona Juscelina*
Coincidentemente, no Dia Nacional Contra a Discriminação Racial, o Tocantins perde uma das personalidades mais importantes que é símbolo dessa resistência de respeito aos nossos irmãos. Neste sábado, 3 de julho, em Araguaína, Lucelina Gomes do Santos, “Dona Juscelina”, moradora de Muricilândia e representante do povo quilombola do município, nos deixou aos 91 anos de idade.

Meu coração está dilacerado com essa notícia, e estou sem acreditar na passagem dessa mulher que tanto me ensinou, e que muito lutou pela sua gente, sua cultura, suas raízes.

Tínhamos uma relação estreita, de mãe e filha, e assim como as 583 crianças que ela trouxe ao mundo, na condição de parteira por 25 anos, estou me sentindo órfã, e já pesarosa com a partida dela.

A dona Juscelina merece todo o respeito do povo tocantinense pelo legado que deixou, pois foi uma defensora dos direitos humanos em todos os sentidos. Recentemente recebeu o título de Doutora Honoris Causa, pela Universidade Federal do Tocantins, e, mês de maio deste ano, a indiquei ao prêmio Zilda Arns, uma honraria da Câmara Federal que reconhece o trabalho de pessoas como a dona Juscelina. A votação será no dia 18 de agosto deste ano e, eu já estava em plena campanha por este reconhecimento nacional, mas infelizmente Deus a chamou.

Rogo ao Pai o acolhimento do espírito dela, e, em nome dos netos de coração, João Filho, Manoel filho e Ludmila, deixo o meu carinho, orações e pensamentos positivos aos demais irmãos do Quilombola Dona Juscelina e aos moradores de Muricilândia.

Me despeço com muita dor no coração, dessa mãe, amiga, mulher fervorosa e neta de escravo que defendeu com muita maestria sua gente e seus ancestrais.

Descanse em paz…
*Deputada Federal, Dulce Miranda e Marcelo Miranda*

 

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Minha grande amiga dona Jucelina partiu. Deixando saudade em muitos corações inclusive no meu. Estou em Brasília impossibilitado de ir a Muricilândia terra querida para me despedir. Mas daqui sempre reconhecerei o valor desta grande brasileira. Negra religiosa solidária🙏Rogo a Deus que a proteja e descanse em paz.

Vicentinho Alves. Ex senador da República

 

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Nota de Pesar Dona Juscelina

Uma mulher simples de uma sabedoria imensurável. Neste sábado, aos 92 anos, Dona Juscelina se despediu de nós, mas deixa um legado de luta, de quem não hesitou em enfrentar, com serenidade e fé, os desafios da vida. Tive a honra, não só de conhecê-la, mas de contar com o seu carinho e amizade. Neste momento de muita tristeza e reflexão, que a sua trajetória de vida seja um incentivo a continuar lutando por um Tocantins de oportunidades para todos.
Com imenso pesar, por esta perda inestimável, solidarizo-me com as famílias que residem na comunidade quilombola Dona Juscelina, familiares, amigos e muricilandenses. Em oração, pedimos a Deus que acolha sua filha e lhe dê o merecido descanso.

Deputado Federal Vicentinho Júnior

 

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*Nota de Pesar*

A deputada Professora Dorinha se solidariza com a família da Dona Juscelina, de 92 anos, após o seu falecimento, neste sábado, 3 de julho.

Símbolo dos Quilombos, Dona Juscelina era referência como uma das líderes das quilombolas do Estado.

Moradora do município de Muricilândia, a líder deixa um grande legado de luta em defesa dos direitos da comunidade quilombola.

À família e amigos, a parlamentar roga a Deus para que os console neste momento difícil.

*Assessoria Deputada Dorinha*
Palmas, 3 de julho de 2021