É realmente possível produzir mais com menos em tempos de crise? Para muitos provavelmente a resposta seria não, mas para Marcos Kawagoe, especialista em produtividade, sim, é possível.
Foi esse o recado que Kawagoe passou a empresários tocantinenses durante a palestra “Sucesso na crise: aumento da produtividade, fazendo mais com menos”, que ele ministrou em Palmas nessa terça-feira (04/07) a convite da (FEderação das Indústrias do Estado do Tocantins (FIETO). O evento foi realizado no auditório do Centro de Educação e Tecnologia (CETEC) do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI Tocantins.
“A principal dica que dou é que é possível melhorar a produtividade na crise mesmo sendo micro e pequena empresa. Independente do governo, do que está acontecendo lá fora, é muito possível a empresa se dedicar para melhorar sua produtividade interna”, afirmou Kawagoe, acrescentando que esse é um trabalho que vem fazendo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) para mostrar aos empresários que sempre é possível melhorar seus processos reduzindo os custos. “Assim você consegue aumentar o lucro mesmo em tempo de crise, por que aumento de preço você não consegue fazer, quem dita o preço é o mercado”, ressaltou.
Para o especialista em produtividade, o maior problema das empresas é o desperdício. “Ele ocorre em todos os aspectos, o pessoal perde muito tempo, faz muito retrabalho, gera muitos defeitos. Ou seja, perde-se tempo com coisas que não precisava e, com isso, não consegue produzir. Se as empresas dedicassem seu tempo e recursos sem desperdícios produziriam muito mais”, observou.
Perguntando se não acha contraditório falar em aumento de produtividade quando muitas empresas enfrentam problemas financeiros, algumas inclusive pensando em fechar as portas, Marcos Kawagoe respondeu que sim, mas garantiu que agora é justamente o tempo de fazer isso, por que sempre que tiver “bombando” (produzindo muito) o empresário vai dizer, como de costume, que não tem tempo de melhorar os processos porque precisa produzir mais.
E quando está em baixa diz que agora não porque não sabe como vai ser, que não tem recurso. “Ou seja, em qualquer momento ele (o empresário) vai dizer que não consegue parar para melhorar, mas agora que está em baixa precisa convocar as pessoas com mais tempo e dedicar à melhoria de seus processos, porque a economia vai melhorar. Só que se ele começar a melhorar na hora que a economia começar a reagir já é tarde demais”, alertou.
Leila Miranda Muradás, presidente da Associação das Indústrias de Confecções do Tocantins, concorda com o palestrante. “Toda crise você tem que aproveitar para fazer mais com menos. Mas para isso é preciso cortar gastos, usar da criatividade e evitar o desperdício”, disse ela. Segundo Leila, as empresas ligadas à Associação estão aproveitando 100% dos retalhos de todas as fábricas fazendo mais produtos em parceria com entidades sociais que precisam de ajuda. “Na minha fábrica não há desperdício, todos os retalhos são acondicionados e transformados novamente em produtos. Quando o retalho é muito pequeno vira tapete. Não jogo retalho no lixo e isso está sendo repassado a todas as indústrias de confecção do Tocantins”.
José Febrônio, presidente do Sindicado das Indústrias de Reparação de Veículos, Máquinas, Aeronaves e Acessórios do Estado do Tocantins (SINDIRREPA/TO), também concorda com o que disse o palestrante. “Conforme a necessidade você tem que controlar seus meios. Sabendo controlar você vence. Portanto, o que ele falou é pura verdade. O empresário precisa aproveitar a crise para melhorar seus processos, reduzir custos e desperdícios para aumentar a produtividade. E isso só depende dele, de sua exclusiva vontade e dedicação”, afirmou.
PROCOMPI
Durante a palestra foi feita uma breve apresentação do PROCOMPI, programa com foco na melhoria da produtividade desenvolvido pela FIETO que no Tocantins contempla os segmentos de Confecção, Metal Mecânico e Madeira e Móveis nesta edição. Micro e pequenas indústrias interessadas em obter ganhos de produtividade em seu negócio tiveram a oportunidade de conhecer os benefícios do programa e preencher o termo de adesão.
Por Júnior Veras