Brener Nunes

O empresário Éden Alves Duarte foi preso na última quarta-feira, 20, depois que o síndico do prédio onde mora em Palmas, acionou os policiais da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (ROTAM). Éden foi liberado na sexta-feira, 22, e afirma ser inocente da acusação de tráfico de drogas e de ter agredido sua esposa Maria Laiane. Ele ainda conta que fora vítima de abuso de autoridade e de difamação por parte dos policiais.

De acordo com Éden e Laiane, a discussão começou devido a um cheque que ele não encontrava, com isso, os vizinhos chamaram o síndico para intervir, que também é policial. Por sua vez, o síndico teria dado voz de prisão ao empresário e exigiu que ele abrisse a porta, mas Éden recusou, pois, segundo ele, “era briga de marido e mulher e vizinho não mete a colher”, após isso, o síndico teria chamado a ROTAM.

Já na casa do empresário, os policiais realizaram vistoria sem um mandado, onde encontraram munições de calibre 38, das quais ele afirma ser dono, mas que eram usadas apenas para atividades de recreação no clube de tiro que um dia fez parte. Éden ainda conta que foi agredido com chutes para que contasse onde havia escondido a arma, que ele declara não possuir.

Segundo Éden, ainda em sua casa, os policiais encontraram papéis usados para a ingestão de LSD, que era para uso próprio e não para traficar. “Eu falei para eles que eram minhas sim, mas para uso, não sou traficante, mas eles disseram que era mentira e continuaram a me agredir e humilhar”, afirmou.

Éden afirma que estava com uma quantia de R$10 mil em espécie, e que os policiais afirmaram que esse dinheiro seria de tráfico. “Eu posso provar de vem aquele dinheiro, eu também trabalho com festas e eventos, tenho todas as conversas no meu celular. Não é dinheiro de droga”, declara.

A advogada de Éden, Edna Alves Duarte, declara que, a sociedade tem que saber quem são seus policiais. Ele foi humilhado, ele foi desprezado. E se deixar assim, as coisas vão piorar. “Ele foi exposto de uma forma criminosa, a gente não pode deixar que ele faça e aconteça, só porque é policial, ó porque é o detentor de uma arma, não quer dizer que ele pode fazer o que quiser”.

Edna complementa dizendo que só porque é o detentor de uma arma, não quer dizer que ele pode fazer o que quiser. Não é bem assim, a sociedade não é refém da polícia, a polícia tá aqui apara nos proteger. No momento que a polícia passa agir fora do que é de direito, já não é mais um policial, é um bandido armado”, desabafa.

A advogada finaliza dizendo que o Estado deu para ele o poder de ter uma arma na mão. Ele não tem estrutura psicológica para ter uma arma. “Esse tipo de policial tem que ser banido”, exclama.

Difamação

Éden também aponta o Crime de difamação, pois teve sua imagem, junto à notícia de sua prisão por tráfico divulgadas no Facebook e aplicativos de mensagens instantâneas, o que gerou grande desconforto entre ele, sua esposa, amigos e clientes, pois prejudicou sua imagem. “Eu to pensando em vender em ir embora de Palmas, foi muito constrangimento, tiraram foto até da minha tatuagem. O que minha tatuagem tem a ver com isso? ”, desabafa.

Maria Laiane, diz que se sente bastante humilhada com tudo isso. “ Agora, estão me criticando e me chamando de coisas horríveis, só pelo modo como me visto, por ter feito cirurgia plástica e usar roupa curta. As pessoas são maldosas”, conta entristecida.

Sentença

No Ministério Público, durante audiência na sexta-feira, 22, a acusação por tráfico de drogas foi entendida pelo juiz Luiz Otávio Queiroz Fraz, como sendo superficial, dado que como descrito no documento ‘não há laudo conclusivo sobre o material apreendido de 14 selos e não há informações sobre venda”.

Sobre a acusação de violência contra mulher, Laiane retirou a queixa na qual pedia uma medida preventiva contra Éden.

Polícia Militar

Conforme a assessoria de comunicação da Polícia Militar (PM), a ocorrência foi registrada como sendo um caso de violência contra a mulher e foi encaminhada a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher de Palmas (Deam).

Sobre a divulgação da ocorrência por meio de aplicativo de mensagens e página no Facebook, a PM informou que, “(…) não a reconhece como oficial. Ressalta ainda que a Instituição preza pela não identificação de pessoas conduzidas pela Polícia Militar como princípio de respeito aos direitos humanos, fato que pode ser observado no site e redes sociais da PMTO. As comunicações oficiais feitas pela PM preservam a imagem da pessoa apreendida e são feitas através de meios oficiais”.

A PM esclarece também que, qualquer irregularidade praticada por policiais durante ocorrência deve ser registrada junto à Corregedoria da PM.

Com informações da Folha Capital