Corpo de Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos, foi identificado, mas o da filha de 3 anos ainda precisará passar por exame de DNA, segundo a família. Ponte JK desabou na divisa entre o Tocantins e o Maranhão.
Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos, o marido e a filha Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos, faziam uma viagem em família para comemorar o aniversário de casamento e passar as festas de fim de ano com parentes. O carro deles caiu com a ponte que desabou entre o Tocantins e o Maranhão e foi retirado do rio na noite de terça-feira (31).
“Ela era enfermeira, uma pessoa que trabalhava na saúde. E numa viagem de passeio e comemoração do aniversário de casamento aconteceu essa fatalidade”, lamentou o tio de Cássia, Antônio de Araújo de Almeida.
O marido de Cássia foi arremessado durante o acidente e socorrido com vida. Ele foi levado para o hospital e recebeu alta.
O carro da família foi retirado do fundo do rio com dois corpos, que foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Imperatriz (MA). Segundo a família, Cássia foi identificada, mas a criança ainda não tinha identidade e precisará passar por exame de DNA.
A ponte JK, na BR-226, entre as cidades de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), desabou no dia 22 de dezembro. Dos 17 desaparecidos iniciais, estão confirmados 12 óbitos, dentre os quais há um corpo localizado em um caminhão que ainda não foi resgatado (veja quem são as vítimas abaixo). O total de desaparecidos é de cinco pessoas, segundo a última atualização da Marinha enviada na noite desta terça-feira (31).
Antônio agradeceu o apoio que a família recebeu dos órgãos envolvidos nas buscas pelas sobrinhas. Após 10 dias de buscas, seus corpos serão velados.
“Nesse momento, eu gostaria, em primeiro lugar, de agradecer a Deus pela oportunidade de poder encontrar nossos entes queridos. É uma sensação de alívio pelo fato de ter encontrado os corpos. E agora vamos partir para o velório e sepultamento das minhas sobrinhas”, disse o tio.
Retirada do carro teve problemas
O carro em que estavam mãe e filha foi localizado por mergulhadores, no domingo (29), a 44 metros de profundidade. Mas somente o corpo de Cássia tinha sido avistado.
A força-tarefa coordenada pela Marinha tentou retirar o veículo do fundo do rio Tocantins na segunda-feira (30), mas a operação acabou sendo prejudicada depois que um equipamento que seria usado para flutuação se rasgou.
Na terça-feira (31), a retirada enfrentou novos problemas, pois durante o processo de flutuação o carro acabou ficando preso em cabos de aço da estrutura da ponte. A força-tarefa encerrou o dia e iria retomar os trabalhos na quarta-feira (1º), mas no início da noite o veículo acabou se desprendendo e flutuou com os balões de ar instalados.
“Dada a profundidade, a visibilidade ruim e as condições do veículo, nós não conseguíamos afirmar se a criança estava no veículo ou não. Só foi possível fazer essa constatação quando trouxemos o veículo à superfície”, disse o tenente-coronel Donaldo Lourinho, dos Bombeiros do Tocantins.
Buscas pela superfície serão retomadas
Na segunda-feira (30), também foi encontrada uma caminhonete que caiu da ponte, mas sem nenhum ocupante. Segundo o tenente-coronel Donaldo Lourinho, dos Bombeiros do Tocantins, serão realizadas novas buscas pelas margens do rio.
“Temos a possibilidade de cinco vítimas no leito de rio que não vieram à superfície nos primeiros dias, então, há grande possibilidade de que estejam presas ou tenham vindo à superfície e não terem sido avistadas e descido [o rio] ou ficado na margem. A gente seguirá na varredura a partir de amanhã também”, explicou.
A partir desta terça-feira (31) até o dia 3 de janeiro de 2025, as operações de mergulho e o uso de drones subaquáticos ficarão restritos ao horário das 9h às 15h. A mudança ocorre por conta da abertura das comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito.
Vítimas localizadas
Na terça-feira (24), o corpo de Lohanny Cidronio de Jesus, 11 anos, foi encontrado no rio, segundo os bombeiros do Maranhão. Ela estava em um caminhão que transportava portas de MDF, com origem em Dom Eliseu, Pará.
Por volta das 9h, também foi achado o corpo de Kecio Francisco Santos Lopes, de 42 anos. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, ele era o motorista do caminhão de defensivos agrícolas.
Ainda na terça-feira (24), por volta das 11h20, o corpo de Andreia Maria de Sousa, 45 anos, foi encontrado. Ela era motorista de um dos caminhões que carregavam ácido sulfúrico.
No domingo (22), o corpo de Lorena Rodrigues Ribeiro, 25 anos, foi localizado. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que ela é natural de Estreito (MA), mas morava em Aguiarnópolis (TO).
Um homem de 36 anos foi encontrado com vida por moradores e levado ao hospital de Estreito.
Na quarta-feira (25), foram localizados os corpos de Anisio Padilha Soares, de 43 anos, e de Silvana dos Santos Rocha Soares, de 53 anos.
Na manhã de quinta-feira (26), mergulhadores localizaram dois corpos dentro de um veículo no fundo do rio. Um dos corpos é de Elisangela Santos das Chagas, 50 anos, e foi resgatado na sexta-feira (27), após se desprender e aparecer na superfície do rio. O segundo corpo é de Ailson Gomes Carneiro, de 57 anos, e foi resgatado por mergulhadores na manhã de domingo (29).
Rosimarina da Silva Carvalho, 48 anos, teve o corpo localizado no final da tarde de quinta-feira (26) fora da área de mergulho, a aproximadamente 16 km do local do desabamento.
Durante as buscas de domingo (29), outro corpo foi localizado em uma cabine de um caminhão. A vítima não foi resgatada. Um segundo corpo, também não resgatado, foi localizado dentro de um carro a cerca de 44 metros de profundidade.
Dois corpos foram encontrados dentro de um veículo voyage branco no fundo do rio no domingo (29). As vítimas foram retiradas na noite desta terça-feira (31) e ainda serão oficialmente identificadas, mas as autoridades e familiares acreditam se tratarem de Cássia de Sousa Tavares, de 34 anos, e a filha Cecília Tavares Rodrigues, de 3 anos. Elas são esposa e filha do homem que foi resgatado com vida.
O desabamento
Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal, o desabamento ocorreu porque o vão central da ponte cedeu. A causa do colapso ainda será investigada, conforme o órgão.
O momento em que a estrutura cedeu foi registrado pelo vereador Elias Junior (Republicanos). Em entrevista, ele contou estar no local para gravar imagens sobre as condições precárias da ponte.
Uma força-tarefa foi criada para identificar os corpos das vítimas encontrados pelas equipes de buscas. Conforme a Secretaria de Segurança Pública, os trabalhos são realizados por um perito oficial médico, peritos criminais, agentes de necrotomia e papiloscopista.
O ministro dos Transportes Renan Filho anunciou a reconstrução da ponte no prazo de um ano, com investimento entre R$ 100 a R$ 150 milhões. Também foi decretada situação de emergência para facilitar os trâmites burocráticos para a atuação das equipes, incluindo a demolição da estrutura existente.
(Fonte: g1 Tocantins)