Texto: Nielcem Fernandes

O dia da Padroeira do Tocantins, Nossa Senhora de Natividade é comemorado oficialmente há 29 anos no Estado todo dia 8 de setembro. Porém, as comemorações em homenagem a Padroeira, marcadas por momentos de adoração, fé e devoção, datam de mais de 300 anos. O Dia 8 de setembro, também é conhecido na tradição católica como o dia do nascimento da Virgem Maria.

O Portal Gazeta do Cerrado entrou em contato com o Pároco da cidade de Natividade do Tocantins, Padre Valdemir, para saber qual será a programação desse ano. De acordo com o Pároco, uma alvorada dará inicio as comemorações as 05:00 da manhã. A primeira missa campal está marcada para as 07:00 na Igreja da Matriz, no centro da cidade “nós vamos ter as 05:00 da manhã a alvorada festiva, com a oração, depois a banda municipal vai percorrer as principais ruas da cidade. Depois teremos duas missas, uma às 07:00 e uma as 08:00” explicou.

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A celebração marca o fim do período de novenário devotado a Padroeira do Tocantins que começa todo dia 30 de agosto “ o novenário é representado por nove dias de orações, missas e quermesses. No final desse período é celebrado o dia da Padroeira do Estado” disse o padre.

Devoção Histórica

O padre Joatan, foi Pároco de Natividade por cerca de 30 anos, além de ser um pesquisador entusiasta da história da cidade. Segundo ele, o motivo da escolha de Nossa Senhora da Natividade como a Padroeira do Estado está ligado as raízes históricas e religiosas do município mais antigo do Tocantins e antigo Norte de Goiás “Natividade é a nucleação urbana mais antiga do Estado de Goiás. Ela é mais antiga que a capital de Goiás, Vila Boa. Esse é um dos motivos” explicou. De acordo com o relato do padre, o povoado se instalou inicialmente na serra que rodeia o atual município, para se defenderem dos ataques indígenas, e de outros invasores “em meados do seculo XVII, a vila foi transferida para a frauda da serra, eles a colocaram sob a invocação de Cidade de Natividade da Nossa Senhora, porque os europeus seguiam o calendário católico” afirmou.

A imagem de Nossa Senhora, exposta no altar da Igreja da Matriz, que fica no centro da cidade ainda é a mesma que foi trazida pelos jesuítas de barco pelo Rio Tocantins para o norte da província de Goiás em 1735 “por sinal, o simulacro da imagem da Virgem é uma das mais belas relíquias que o Tocantins possui em temos de arte sacra, cultura religiosa e objeto de devoção” ressaltou. Desde então, Nossa Senhora de Natividade veio se firmando como a padroeira do povo nativitano.

O padre disse que em sua pesquisa recentemente finalizada, existem indícios que a implantação da paroquia de Natividade foi feita inicialmente pelo Bispado do Grão Pará de Belém, ainda no seculo XVII.

O contexto histórico religioso de Natividade, levou Dom Celso, terceiro Bispo de Porto Nacional a elaborar junto a comunidade um documento baseado no apelo da população nativitana, solicitando ao então Papá João Paulo II a proclamação da padroeira do povo nativitano fosse também a padroeira do Tocantins “as vésperas da criação do Estado, o povo nativitano pediu que Nossa Senhora de Natividade, por ser a invocação religiosa mais primitiva da região do antigo norte goiano, fosse declarada a padroeira do Tocantins. O Papá então enviou um pergaminho para o governador de Goiás e demais entidades religiosas, declarando que o Estado do Tocantins tinha dois Padroeiros: principal, Nossa Senhora de Natividade, Padroeira dos nativitanos e São Domingos de Gusmão como padroeiro secundário, por ter sido o fundador da ordem que evangelizou a região. Esse é o principal motivo histórico, cultural e religioso responsável por hoje estarmos comemorando o dia da Padroeira do Estado do Tocantins” explicou o antigo Pároco da cidade.

Origens

A festa da Natividade de Nossa Senhora é originária da Jerusalém do século V. A primeira celebração em honra a Nossa Senhora da Natividade foi realizada como festa da Basílica “Sanctae Mariae ubi nata est”, que é conhecida nos dias atuais como Basílica de Santa Ana.

No século VII, o nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria já era celebrado pelas igrejas bizantinas e romanas. A celebração foi adicionada ao calendário tridentino como dia 8 de Setembro, data que permanece até os dias atuais.

O milagre da Natividade de Maria

Reza a tradição que Maria nasceu quando seus pais, Joaquim e Ana, já estavam idosos e estéreis, depois de passarem a vida pedindo a Deus a graça de gerar um filho. Porém, Deus tinha um plano maravilhoso para suas vidas. Este, no tempo oportuno, se cumpriu. Assim, depois de sofrerem arduamente a esterilidade sem murmurações e revoltas, eles tiveram a graça de gerar como filha já na velhice, aquela que mais tarde seria a Mãe de Jesus.

As festas da Natividade de Nossa Senhora

A festa Natividade de Maria, também conhecida como nascimento de Nossa Senhora, é celebrada pelas Igrejas Católica e Anglicana no dia 8 de setembro, nove meses depois de sua Imaculada Conceição, festejada no dia 8 de dezembro. A Natividade também é motivo de celebração pelos cristãos sírios no dia 8 de Setembro e pelos cristãos coptas em 1 Bashans (que equivale a 9 de Maio). A Festa de Theotokos, celebrada pela Igreja Ortodoxa, é uma das doze grandes festas do ano litúrgico. Para as igrejas que seguem o calendário juliano, acontece no dia 21 de Setembro; para aquelas que seguem o calendário gregoriano, ocorre no dia 8 de Setembro.

Oração a Nossa Senhora da Natividade

“Oh, Maria Santíssima, eleita e destinada ao eterno pela augustíssima Trindade para mãe do Unigênito Filho do Pai, anunciada pelos profetas, esperada pelos patriarcas e desejada por todas as gentes, sacrário e templo vivo do Espírito Santo, sol sem mancha, porque fostes concebida sem pecado original, Senhora do Céu e da Terra, Rainha dos céus e dos anjos! Nós, humildemente prostrados, vos veneramos e nos alegramos pela solene comemoração anual de vosso felicíssimo nascimento. E do mais íntimo de nosso coração, nós vos suplicamos que vos digneis, benigna, vir a nascer, espiritualmente, em nossas almas, para que, cativadas estas por vossa amabilidade e doçura, vivam sempre unidas ao vosso dulcíssimo e amabilíssimo Coração. Amém!”