Lucas Eurilio/Repórter Gazeta do Cerrado
Dados de um levantamento realizado pela Gazeta do Cerrado, mostram que cerca de 3.730 estupros foram registrados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), no Tocantins em dez anos. Isso representa aproximadamente 31 casos de violência sexual por mês, nesse período.
Os números foram colhidos junto à Secretaria de Segurança Pública (SSP) e revelam ainda que entre os anos de 2008 e 2013, os casos aumentaram. Em 2014 e 2015, esse tipo de violência diminuiu e voltou a subir em 2016 e 2017.
Por outro lado, os dados da Secretaria Estadual de Saúde, (Sesau), são ainda mais alarmantes. Cerca de 988 casos de estupro foram registrados no Estado entre 2017 e 2018. Até abril deste ano, foram 386.
Os dados apontam ainda que a maioria dos abusos acontecem com crianças entre 10 e 14 anos. Os outros menores que são mais afetados com esse tipo de violência, estão na faixa etária dos 5 aos 9 anos.
Desde 2012, quando o Serviço de Atenção Especializada às Pessoas em Situação de Violência Sexual (Savis), começou a registrar e atender casos de estupros no Estado em 2012, aproximadamente 5.134 casos deram entrada no Hospital e Maternidade Dona Regina.
Para a psicóloga Samira Brito Nogueira, quem é agredido com esse tipo de violência pode sofrer com algumas sequelas pro resto da vida. Além disso, a psicóloga fez um alerta aos pais dizendo que é necessário prestar atenção quando as vítimas começam a mudar o comportamento.
“Depende muito da forma como a criança ou o adolescente que sofreram abusos foram educados, da estrutura de vida de cada um e ainda vínculo existente entre vítima e abusador. É de extrema importância que familiares, responsáveis e comunidade observem o comportamento desses menores e nunca duvidem deles”, disse ao Gazeta.
A psicóloga lembrou também que as pessoas que passaram por esse tipo de trauma, podem desenvolver alguns hábitos que antes não era praticados pelas vítimas.
“Elas podem apresentar alguns sinais como agressividade, irritabilidade, amadurecimento sexual precoce, baixa auto-estima, sentimentos de inferioridade, isolamento, ansiedade, depressão ou ainda transtornos de personalidade”.
Além disso, segundo Samira, quando observados esses sinais, eles devem ser tratados, caso contrário podem interferir também na maior idade. “Quando adultos, podem apresentar dificuldades em manter relacionamentos amorosos saudáveis bem como na vida sexual”.
Pedofilia
A Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica a pedofilia como uma doença. Segundo a entidade, o transtorno está relacionado a preferência sexual com crianças que ainda não atingiram a puberdade e adolescentes. No Brasil e em várias outras partes do mundo, a pedofilia é crime.
A especialista falou também sobre como funciona a cabeça de uma pessoa que comete esse tipo de violência. Ela contou que identificar um pedófilo não é fácil.
“O pedófilo age com consciência dos seus atos. Seus desejos são reprimidos, graduados até o momento em que não conseguem mais segurar. Muito desses criminosos são pais de família, pessoas casadas e vivem naturalmente próximo de crianças e adolescentes. Outros são pessoas completamente isoladas e vêem nos menores, a oportunidade de socializar e expressar seus desejos”.
Samira explicou ainda que tratamentos com psicoterapia e medicamentos, podem ajudar o criminoso a não ter desejos sexual por menores. “A pessoa pedófila, comete o crime geralmente quando está sob pressão emocional, estresse mas pode estar querendo também suprir sua necessidade sexual, o que é errado”.
ainda falando sobre as formas de tratamento, a psicóloga afirma que é possível sim controlar os impulsos causados pelo transtorno. “Por meio de tratamento psicoterapêutico e medicamentoso, o pedófilo aprende a lidar com os próprios desejos, a controlar suas vontades e toda a ansiedade”, conclui.
Confira abaixo os números.