Lucas Eurílio – Gazeta do Cerrado

Após anos de luta as mulheres conseguiram ocupar muitos espaços dentro da sociedade. O direito de votar, o direito de poder dirigir, mas ainda hoje, elas buscam se posicionar de uma forma que traga igualdade aos sexos feminino e masculino. Apesar de não ser difícil encontrar mulheres em cargos de poder, a luta também é para igualdade de salários.

Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (19) pelo Ministério do Trabalho e Emprego mostra que de 2007 até 2016 apenas no Distrito Federal as mulheres possuem salários maiores que os dos homens, todavia, os bons salários concentram-se mais no funcionalismo público.

Em contrapartida, os dados mais recentes são de 2015 e mostra o Tocantins como um dos estados onde mais se tem desigualdade no mercado de trabalho. A pesquisa aponta que no estado pessoas do sexo masculino ganham até 36% a mais que as pessoas do sexo feminino para desempenhar a mesma função ambos com curso superior.

A igualdade salarial entre os sexos vem sendo discutida há muito tempo e em 2014 com a invasão de hackers ao sistema da empresa Sonny, vários documentos que mostram endereço e salário de grandes celebridades de Hollywood.

A atriz Jeniffer Lawrence publicou um texto na época questionando os altos salários dos homens para desempenhar o mesmo papel dentro de uma grande produção, logo, ganhou apoio da outras várias celebridades.

A mestra em Educação, Gênero e Sexualidade e pesquisadora do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Extensão em Sexualidade, Corporalidades e Direitos da UFT Mariana Meriqui Rodrigues diz que essa é desigualdade é crônica, estrutural e para que haja um avanço, uma mudança radical é preciso mudar o comportamento de toda uma sociedade.

Segundo Mariana, a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que é preciso haver um esforço coletivo entre todos os setores, para que daqui a 85 anos esse avanço seja refletido e visto por todos.

“É muito sintomático que apenas Brasília seja a única cidade em que as mulheres ganham um pouco a mais que os homens e na verdade, essa desigualdade não acontece apenas no restante do país e no restante do mundo”.

Mariana afirma que apesar dos esforços e de todo o caminho percorrido, as mulheres ainda precisam correr muito atrás do prejuízo e diz que se a mulher for lésbica ou negra, a situação só piora.

“Nós temos caminhado bastante pro enfrentamento da desigualdades e para uma mudança cultural na nossa sociedade. Hoje, acredito que a gente consegue discutir melhor a desigualdade de gênero, e ai temos de incluir, formação, escolaridade, qualificação, salário, emprego, oportunidade, tudo tem que ser reestruturado. Tudo isso é consequência do machismo, do sexismo”.

Recentemente a Islândia se tornou pioneira e foi o primeiro país do mundo a aprovar uma lei que exige de todos os setores a igualdade de salários entre homens e mulheres, com essa atitude, o país espera que até o ano de 2020, essa desigualdade tenha sido eliminada, com isso, a lei que já está em vigor torna ilegal o ato de pagar salários altos aos homens dentro de uma empresa se tem uma mulher que exerce a mesma função.
De acordo com a nova lei, empresas e agências governamentais com mais de 25 funcionários, devem ter um certificado oficial, junto ao governo que comprovem a prática da política de igualdade salarial.

Marina encerra dizendo que não há como fazer comparações entre o Brasil e países desenvolvidos, mas é preciso observar que algumas características incomum.

“Há um avanço nas questões de gênero e existe também um avanço nas questões trabalhistas. Creio que o Brasil tenha esse quadro agravado por conta da crise institucional, política, vivendo uma crise econômica de alguns anos e isso é um reflexo, um agravo para a toda essa desigualdade”.