A condição de pandemia fez com que não só os adultos, mas também as crianças se adaptassem a um novo modelo de comportamento. Uma nova rotina foi estabelecida para as crianças: aulas online, atividades na internet e máscaras de proteção ao sair de casa. Essas mudanças podem ser estressantes e também podem gerar um impacto psicológico maior nos mais jovens.
A psicóloga e especialista em saúde pública Thaydja Rhalline Lopes Campos conta o que se passa atualmente é uma reorganização da rotina da casa e atividades familiares. “Essas mudanças alteram os horários de sono, estudo, brincadeiras, alimentação e convivência familiar. Percebemos que algumas regras, limites e horários foram flexibilizados, trazendo muita permissividade para as crianças o que pode trazer alguns prejuízos em relação à disciplina, aprendizado e boa convivência com a família”, reforça.
Thaydja Rhaline acentua que é importante manter minimamente uma rotina em relação às atividades, descanso e lazer da criança, além de ter mais critério com o uso de tecnologias (celulares, tablet, computador, vídeo game e TV). A psicóloga explica também que é necessário inserir as crianças na rotina da casa, pensar em um cronograma contemplando atividades de lazer e diversão. “É importante durante essa nova rotina evitar gritos, xingamentos, empurrões, bater na criança e ter posturas agressivas, pois isso traz ainda mais irritação, indisciplina, ansiedade, raiva, tristeza e choro nas crianças. E é exatamente o contrário que todos nós queremos”.
A especialista alerta para alguns sinais que a criança pode apresentar. “Existem comportamentos naturais da fase do desenvolvimento, porém quando acontece uma mudança de maneira repentina, quando são observados aumento da frequência e intensidade, é a hora de buscar orientação e em alguns casos acompanhamento de profissionais especializados. Os sinais que podemos observar são: medo intenso, ansiedade elevada, irritabilidade, agressividade, tristeza, isolamento, choro frequente, queixa de dores, pesadelos, alterações no sono (agitado, dificuldade para dormir, sonambulismo), voltar a fazer xixi ou cocô na roupa depois de ter tido independência e etc”, pontua a profissional.
Segundo a psicóloga algumas estratégias podem ser pensadas pela família com a finalidade de promover qualidade nas relações e emoções. “Abraçar, dizer palavras de afeto, brincar com a criança, sentar no chão com elas, é muito importante participar das atividades escolares, ficar longe do celular nesse processo para fortalecer o vínculo da família”, completou.