Indústrias do setor, como a Maximu’s Embalagens Especiais, estão implementando estratégias para reduzir consequências ambientais

 

Maximu’s adquiriu extrusora recicladora, com capacidade para reciclar 22 toneladas de aparas plásticas por mês – Foto: Divulgação

 

Dados do relatório “Fragmentos da Destruição: Impacto do Plástico na Fauna Marinha Brasileira”, lançado em 17 de outubro pela ONG Oceana, apontam que o Brasil despeja cerca de 1,3 milhão de toneladas de lixo plástico nos mares, sendo o oitavo maior poluidor plástico do planeta. Esse cenário impacta não apenas a fauna marinha, mas também a saúde da população.

 

O documento ilustra a histórica má gestão global de resíduos sólidos urbanos, mostrando que 22% do lixo plástico acaba no meio ambiente, enquanto apenas 15% são coletados para reciclagem, de acordo com a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico.

 

Estima-se que um terço do plástico produzido no Brasil esteja propenso a chegar ao oceano todos os anos e que cada brasileiro contribua para a poluição marinha com 16 kg de resíduos plásticos anualmente.

 

E como as indústrias do setor têm atuado para mitigar esses impactos? – Na região do Grande ABC, em Ribeirão Pires, a Maximu’s Embalagens conta, desde 2022, com uma extrusora recicladora que processa as sobras do processo produtivo, com capacidade para reciclar 22 toneladas por mês. Com esse processo, 100% das aparas são transformadas em resina de polietileno reciclado, que pode ser utilizada na produção de filme de polietileno para plástico bolha e outros itens de proteção.

 

“Iniciamos um projeto de reciclagem avançada dentro da nossa indústria, com equipamentos de ponta que transformam resíduos plásticos em matéria-prima circular destinada à fabricação de novos produtos, refletindo em menos resíduos no meio ambiente”, explica o diretor da Maximu’s Embalagens Especiais, Márcio Grazino.

 

O empresário ressalta que, por mais desafiador que possa parecer lidar com esse material, a logística reversa — ou seja, o retorno do material descartado à cadeia produtiva — é possível, bastando ter um projeto bem planejado. “Percebo que muito se fala em separar corretamente os resíduos, como o plástico, mas pouco se faz ou, quando feito, acontece de forma inadequada, separando-se esse material de qualquer maneira, o que o contamina e o torna impróprio para o processo de reciclagem”, afirma.

 

“Durável, reciclável e presente em mais de 95% da matriz industrial, o plástico é um material altamente apto para a implementação da economia circular, e ele não é o vilão. O problema é que ele não chega aos rios e ao mar sozinho; o que falta é educação e proatividade sobre como lidar com ele”, completa.

 

Antes da aquisição da recicladora, as aparas plásticas eram vendidas como sucata. “Deixamos de vender esse material no mercado, o que depois nos custaria caro para comprá-lo novamente como matéria-prima reciclada. Agora, também temos um maior controle de qualidade sobre o processo de reciclagem, reforçando o ciclo de sustentabilidade”, afirma.

 

Ao realizar o próprio processo de reciclagem, a Maximu’s Embalagens consegue viabilizar o ciclo de reaproveitamento em, aproximadamente, 48 horas. “Quando terceirizado, esse processo levava 40 dias”, conta.

 

Investimento e ganhos – Somando o valor da recicladora às adequações na estrutura para acomodá-la, foram investidos mais de R$ 1 milhão. O equipamento também passou por adaptações, já que o polietileno expandido é de difícil reciclagem, por ser muito leve e conter muito ar.

 

A ação trouxe um conjunto de ganhos, tanto ambientais quanto econômicos, além de proporcionar maior autonomia na questão da matéria-prima, que frequentemente sofre com problemas de escassez. “Aplicar de forma consistente a economia circular na indústria minimiza os impactos da escassez de insumos, além de possibilitar o uso de matérias-primas renováveis”, salienta Grazino.