O álcool é responsável por uma em cada 20 mortes no mundo. É o que diz a mais recente edição de um relatório quadrienal da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O jornal inglês The Guardian escreve que o estudo descobriu que cerca de três milhões de óbitos em 2016 podem ser atribuídos ao álcool. Deles, 2,3 milhões são de homens, e 29% foram causados por ferimentos (incluindo tudo, de acidentes a batidas de carros a suicídios) e não por problemas de saúde.

Outras causas de morte registradas incluem transtornos digestivos (21%) e doenças cardiovasculares (19%). Há, também, “doenças infecciosas, cânceres e transtornos mentais”, além de outras condições causadas pela ingestão da substância, acrescenta a CNN.

De acordo com os dados da OMS, aproximadamente 7,2% das mortes prematuras no planeta estão ligadas ao álcool, assim como 5,3% de todos os óbitos.

O especialista da OMS Dr. Vladimir Poznyak diz que os governos não estão fazendo o suficiente para reduzir o consumo de álcool.

Especialista da OMS em controle de álcool, o Dr. Vladimir Poznyak esteve envolvido no relatório. Ele diz que o fardo do álcool é “inaceitavelmente grande”.

“Infelizmente, a implementação das opções de políticas mais efetivas está muito atrasada em relação à magnitude dos problemas”, diz. Ele ainda acrescenta que as projeções sugerem que o consumo de álcool no mundo e os danos relativos a ele devem aumentar nos próximos anos.

“Os governos precisam fazer mais para atingir as metas globais e reduzir o dano do álcool na sociedade. Isto está claro, e esta ação está ou ausente ou insuficiente na maioria dos países do mundo”, diz Poznyak.

CNN escreve que a pesquisa estima que 2,3 bilhões de pessoas ao redor do mundo consomem álcool. Destes, 237 milhões de homens e 46 milhões de mulheres têm algum tipo de transtorno com ligação causal ao álcool.

O estudo também revelou que os destilados constituem a maior porcentagem do álcool consumido (45%), com a cerveja (34%) e o vinho (12%) logo atrás.

Nos quatro anos desde a edição anterior do estudo, entretanto, a proporção de mortes ligadas ao álcool teve um pequeno decréscimo: antes, o número era de 5,9%.

“Na última década, houve uma reversão constante no pensamento, associando o consumo de álcool a doenças, especificamente concentrado em desafiar a noção disseminada de que beber moderadamente tem um efeito benéfico à saúde, e grandes esforços foram feitos para neutralizar a chamada cultura do consumo excessivo de álcool”, declara Steven Bell, epidemiologista da Universidade de Cambridge, à CNN.

Um grande estudo publicado recentemente na Lancet conclui que, apesar da velha crença popular (incluindo aí a comunidade médica) de que o consumo moderado de álcool pode ser bom para a saúde, os danos superam quaisquer benefícios.

O principal autor desse estudo, Max Griswold, diz ao Gizmodo que “Nós descobrimos que não há, na verdade, nenhum benefício de beber para a sua saúde. O nível mais seguro, de uma perspectiva de saúde, é não beber nada.”

De acordo com a pesquisa, ingerir duas doses de bebida alcoólica por dia aumenta o risco de morte prematura em 7%.

De acordo com o Guardian, Poznyak acredita que o estudo da OMS, na verdade, subestima os malefícios da bebida, pois não inclui os dados de crianças que começam a beber antes dos 15 anos de idade, o que, segundo ele, é comum em “muitos países”.

 

Fonte: Gizmodo Brasil