Mariana Ferrer foi estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha durante uma festa – Foto – Divulgação
Reportagem Especial – Por Lucas Eurilio
INDIGNAÇÃO! Esse é o sentimento de várias mulheres no Brasil após serem surpreendidas com um “soco no estômago” esta semana.
Estupro culposo, o mais novo crime inventado pelo Judiciário Brasileiro machista para livrar vários Andrés, vários estupradores e abusadores de seus crimes.
Estaria o judiciário abrindo precedentes para que mulheres e pessoas vulneráveis sejam estupradas ao leu, em qualquer lugar? Esse é o questionamento que milhares fazem depois que o empresário André de Camargo Aranha foi inocentado, mesmo com provas como vídeo, testemunhas e sémen do acusado encontrado na vítima, de um crime cometido em 2018 durante uma festa.
Não há como não enxergar um retrocesso nesta decisão. Aqui não importa se é técnico ou não. Uma pessoa foi violada, violentada. Quantas mais? E até quando?
Um show de horrores acompanhando de humilhação. Assim foi o julgamento do caso de Mari Ferrer, que precisou pedir respeito ao advogado Cláudio Gastão da Rosa Filho, ao juiz Rudson Marcos, e ao promotor de justiça Thiago Carriço de Oliveira.
“Eu gostaria de respeito, doutor. Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito no mínimo. Nem os acusados, nem os assassinos são tratados da forma que eu estou sendo tratada gente, pelo amor de Deus. Eu sou uma pessoa ilibada. Nunca cometi crime contra ninguém”, disse Mari durante o julgamento
Vale lembrar que além de não existir, estupro culposo não é previsto em Lei ou no Código Penal Brasileiro, ou seja, ninguém estupra sem querer. INVÁLIDO!
Leia aqui – Caso de Mari Ferrer causa revolta após réu ser absolvido de “estupro culposo”
Em Palmas, a feminista e estudante de Psicologia, Thais Rodrigues Vilela conversou com o Gazeta do Cerrado e falou um pouco sobre o que representa essa decisão para a luta das mulheres.
Thais disse que “Não o caso, mas a forma como foi conduzido e a decisão judicial derivada dele. Porque nos faz perceber que não há direito conquistado que nos assegure justiça diante das opressões às quais somos submetidas diariamente nesse sistema machista e misógino. Enquanto estivermos a mercê da decisão de homens sobre nossos corpos e direitos não haverá mudança, seremos subjugadas a ocupar os lugares que designaram para nós, e não podemos aceitar ser sistematicamente violentadas nas mais diversas esferas”.
A militante ressaltou também que a naturalização da violência contra a mulher e a impunidade doa agressores é o que deixa o movimento feminista mais indignado.
Perguntada se sofreu algum tipo de assédio, Thais não entrou em detalhes, porque é algo que ainda a fere, mas afirmou que “Sim, das mais diversas formas”.
Manifestação por Justiça em Palmas
Uma manifestação por Justiça por Mariana Ferrer será realizada neste sábado, 7, em Palmas.
O evento está sendo realizado por um grupo de mulheres feministas e a concentração acontece na Praça dos Girassóis, a partir das 15h, em frente ao Tribunal de Justiça do Tocantins.
Thaís que também está na organização do protesto disse que é muito importante fazer as vozes serem ouvidas nesse momento.
“A conduta antiética, agressiva e desrespeitosa do advogado durante o julgamento, bem como a omissão do juiz diante da investida constante de humilhar a vítima na tentativa de justificar o injustificável não podem ser toleradas. O descrédito à palavra da vítima e exigência de provas físicas enfrentados pela denunciante são maneiras de revitimá-la e deram luz a dificuldade enfrentada por todas aquelas mulheres que sofrem violência, inclusive no âmbito institucional. Não aceitaremos esse veredicto! Essa manifestação representa todas as vezes em que um estuprador foi absolvido”.
Haverá confecção de cartazes logo antes da manifestação e todas as formas de expressão serão bem vindas.
O que diz o TJ-TO sobre o caso Mari Ferrer
O Gazeta do Cerrado entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Tocantins para saber qual o posicionamento do judiciário tocantinense sobre o caso Mariana Ferrer. Até o fechamento desta matéria o órgão não enviou um a nota, mas ressaltamos que o espaço está aberto caso haja interesse em se manifestar sobre o assunto.
Políticos do Tocantins manifestaram indignação por conta a decisão do caso Mari Ferrer.
A Senadora Kátia Abreu chegou a postar um vídeo nas redes sociais oferecendo ajuda e dizendo que Mari não está sozinha.
Confira as matérias do Gazeta sobre o caso
“Não existe estupro culposo”: Caso Mariana Ferrer repercute no Tocantins com críticas e indignação
Caso de Mari Ferrer causa revolta após réu ser absolvido de “estupro culposo”