O ex-deputado estadual e ex-suplente de senador Manoel Alencar Neto, mais conhecido como Nezinho Alencar, está em uma cela separada na Casa de Prisão Provisória de Guaraí e passa a maior parte do tempo dormindo. As informações foram confirmadas a TV Anhanguera por funcionários do presídio, que pediram para não ser identificados. Nezinho Alencar está preso por estuprar duas crianças. Ele foi condenado a 27 anos e 9 meses de reclusão e a cinco anos de detenção.

A decisão de deixar Nezinho isolado foi tomada pela direção da unidade prisional para evitar ameaças de outros presidiários. A cela tem quatro metros quadrados, um banheiro e uma televisão.

O crime aconteceu no início do ano passado, na fazenda do ex-senador, perto de Guaraí. Na época dos fatos, as vítimas tinham 6 e 9 anos. O político está preso e foi condenado a mais de 32 anos de prisão no total, juntando as penas pelo crime contra a dignidade sexual das duas meninas e por oferecer bebida a uma delas. O pai das vítimas fez uma filmagem com um telefone celular para provar as acusações.

À TV Anhanguera, o advogado de Nezinho disse que o cliente sempre colaborou com a Justiça.

O ex deputado estadual foi preso na casa dele, em Guaraí. Segundo o delegado que acompanhou a prisão, Adriano Carrasco, ele se entregou sem resistir. “Juntamente com a oficial de Justiça, nós nos dirigimos até a casa do Nezinho e lá a própria oficial de Justiça conversou com ele e deu ciência da sentença do juiz e deu voz de prisão a ele. Em momento algum, ele reagiu. Ele entrou na viatura e foi conduzido à delegacia, onde foi providenciado o exame de corpo de delito, foi conduzido ao IML e depois disso foi levado à CPP”.

Nezinho Alencar foi solto após pagar fiança de R$ 22 mil (Foto: Divulgação)

Nezinho Alencar foi solto após pagar fiança de R$ 22 mil (Foto: Divulgação)

Os crimes vieram à tona em 23 de janeiro do ano passado, durante a operação Confiar, da Polícia Federal. Nezinho Alencar e a mulher foram presos, mas em março do mesmo ano, ele foi solto após pagar uma fiança no valor de R$ 22 mil. A mulher dele foi solta antes, no dia 4 de fevereiro. A denúncia de que o ex-senador estava envolvido no crime de abuso sexual partiu do próprio pai das crianças.

Quem mandou o ex-politico de volta para a cadeia foi o juiz Fábio Gonzaga ao condená-lo a 32 anos de prisão, em regime fechado. Na decisão, o juiz afirma que as provas são um espetáculo de horrores. “Todo caso de agressão contra outro ser humano é muito grave e em particular, em relação à criança e ao adolescente, é ainda mais grave, porque são pessoas que estão se desenvolvendo”.

Segundo o Ministério Público Estadual, autor da ação, a condenação foi baseada no vídeo e nos depoimentos das duas vítimas, dos seus pais e de seu irmão, que tinha 11 anos, na época. Segundo os relatos, os crimes aconteceram várias vezes, entre os meses de dezembro de 2015 e janeiro de 2016, sendo praticados com maior frequência contra a menina mais nova.

No processo, conforme o MPE, consta um vídeo de 20 minutos em que Manoel Alencar Neto pratica continuamente atos libidinosos contra as crianças. Também é registrado o momento em que o réu serve bebida alcoólica às meninas, infringindo o Estatuto da Criança e do Adolescente.

As imagens também mostram o momento em que as crianças estão sentadas no colo do suspeito. Ele coloca a mão nas partes íntimas das meninas. Conforme o MPE, o ex-senador também beijava a menina mais nova na boca e ameaçava as crianças para que não contassem sobre os abusos.

O MPE disse ainda que um segundo vídeo que foi anexado ao processo mostra a esposa do réu oferecendo dinheiro aos pais das crianças para que eles não levassem o caso ao conhecimento das autoridades.

O Ministério Público trabalha para que o ex-político continue preso. Segundo o promotor Adriano Romero, a condenação está fundamentada em muitas provas. “Há vídeos, depoimentos das vítimas, depoimentos de testemunhas, fotos, vários elementos de prova que baseiam essa sentença condenatória”.

Fantástico percorre sombras de uma ameaça que ronda nossas famílias: a pedofilia

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O caso chegou a ser exibido no Fantástico no ano passado. A reportagem mostra o vídeo que o pai gravou depois que soube dos abusos Nezinho Alecar deu a sua versão dos fatos. “Eu fui senador da República, tive uma representatividade no estado de homem renomado, agora querem me incriminar. Eu estou sendo julgado pelo que eu represento. Se eu não fosse ninguém, isso não estava no Fantástico, isso não estava em lugar nenhum”.

Nezinho negou as acusações e disse que foi vítima.

“Eu fui vítima de uma armadilha. Aquelas crianças estavam torpedeando, pisando, passando a mão em mim, me agarrando. E eu extremamente desacordado, não vi absolutamente nada. As imagens foram montadas. As crianças foram induzidas fazendo um verdadeiro malabarismo, foram conduzidas como atrizes para me induzir àquelas cenas”.

O pai das crianças contou que, primeiro desconfiou dos abusos, depois presenciou. “Sentou debaixo do pé de manga. Aí começou a abusar das meninas e eu olhando de dentro do quarto, da janela. A minha reação? Eu peguei a espingarda, botei no rumo dele, sem ele perceber porque eu estava dentro de casa. Puxei o gatilho e pensei: ‘ou eu mato ou eu não mato’? Aí abaixei a espingarda e deixei quieto. Aí fui pensar em comprar um telefone para poder pegar ele”.

O pai vendeu as galinhas, comprou um celular e gravou as imagens, as quais levaram Nezinho à prisão.

Fonte: G1 Tocantins