Boa parte das mensagens que Luiza Brunet recebe no direct do Instagram tiram a ex-modelo do prumo. São histórias de mulheres como ela, que sofrem agressões repetidas nas mãos de seus maridos.

Os relatos ela costuma encaminhar às autoridades para que sejam tomadas as providências necessárias e, assim, Luiza apoia e conforta vítimas de violência doméstica do país inteiro que a procuram pedindo socorro. Tudo porque ela virou uma referência nesse assunto depois que denunciou o ex-companheiro, o empresário bilionário Lírio Parisotto, 68, com quem se relacionou por cinco anos.

Na noite de 21 de maio de 2016, em Nova York, ela foi imobilizada, levou dois socos no rosto e teve quatro costelas quebradas. O agressor foi condenado em segunda instância pelo crime de lesão corporal e obrigado a cumprir dois anos de serviços comunitários.

A ex-modelo passou, então, a usar seu nome para dar visibilidade ao tema e encorajar as vítimas a denunciarem seus agressores. Em outubro passado, se tornou embaixadora do programa Salve uma Mulher, do Ministério das Mulheres, da Família e dos Direitos Humanos, que visa mobilizar a sociedade em prol do enfrentamento à violência por meio da capacitação de voluntários e da sensibilização de agentes públicos.

Em 2019, ela fez mais de 80 palestras e participações em eventos, tanto no Brasil como no exterior. Tóquio, Pernambuco, Brasília e Mato Grosso do Sul estiveram no roteiro. Neste último, também virou embaixadora do programa Mãos Empenhadas, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. “Hoje, o rótulo de ativista me dá muito prazer.

Consegui reverter tudo o que passei e me sinto livre. É muito bom ser útil para a sociedade. Precisamos acabar com esse brutalismo que marca uma vida inteira. Digo para as mães ficarem atentas ao estado emocional das meninas, para elas se encorajarem a contar”, diz.

Luiza não imaginaria que, na vida adulta, passaria por situação parecida com a que presenciava na infância em Itaporã, município do interior do Mato Grosso, onde cresceu. Todo fim de tarde, seu pai voltava da roça alcoolizado e brigava com dona Alzira.

“Minha mãe era atrevida, quando ele apontava a arma, ela abria a camisa mostrando o peito e dizia: ‘Mata, mata’. Seu Luiz, então, dava um tiro na parede. Eu morria de medo, vivia em um ambiente violento”, lembra. No dia seguinte, ela conta, ninguém tocava no assunto.

Hoje um dos rostos mais conhecidos do enfrentamento à violência contra a mulher no Brasil, Luiza foi musa do Carnaval das décadas de 1980, 1990 e começo dos anos 2000, assim como uma das primeiras modelos do país a ser madrinha de bateria das escolas de samba do Rio de Janeiro – no caso, da Beija-Flor de Nilópolis, a convite de Joãosinho Trinta, em 1982 – e fazer do posto um dos mais disputados do Sambódromo.

Há dez anos sem desfilar, ela conta que perdeu o interesse na avenida e, este ano, vai acompanhar a festa pelas redes sociais.

Em 2019, chegou a marcar presença em um dos camarotes da Sapucaí. “O Carnaval será sempre uma festa mágica da qual tive a honra de ser madrinha por quase três décadas. Hoje, não sinto falta.”

Modelo de sucesso nos anos 1980 e rosto carimbado da revista Manchete, fotografou 50 capas da publicação, estampando sua beleza singular. Foi modelo exclusiva da Dijon, marca de jeans icônica da época, e rosto da Avon, com quem mantém contrato há 25 anos, talvez o mais longevo da indústria de beleza no Brasil. (Sim, ainda tem, este ano vai ser lançado um novo perfume dela.)

Em encontro com Marie Claire no Hotel Emiliano, em São Paulo, a mãe de Yasmin, 31, e Antônio, 21, ambos do casamento de 24 anos com o empresário argentino Armando Fernandez, cumprimenta todos que entram com o mesmo carisma que fez dela a namoradinha do Brasil. A seguir, Luiza, que deve ganhar uma cinebiografia este ano, revê os episódios marcantes de sua vida, como casamentos, assédios, agressões, abortos, Carnaval e fala de seu novo propósito.

“Não tinha consciência de que a objetificação [do carnaval às mulheres] era tão ultrajante”

MARIE CLAIRE O que mudou no Carnaval com a nova onda do feminismo?
LUIZA BRUNET Quando eu desfilava, não existia esse discurso feminista. Pisei na avenida por quase 30 anos e as mulheres eram vistas como objetos, e me incluo aí. Mas nunca me senti à vontade para desfilar nua ou de seios de fora, não vivia em função do Carnaval. Quando acabava o desfile, ia pra casa assistir pela TV às outras escolas. É uma sensação maravilhosa ser aplaudida na avenida, mas não desfilo há dez anos e não sinto falta.

MC Você se incomodava em ser vista como mulher-objeto?
LB Não tinha consciência de que era uma coisa tão ultrajante. Acho que o Carnaval é uma forma de exibicionismo e faz parte de uma estrutura importante para o Brasil, principalmente no Rio de Janeiro. Ter sido convidada em 1982 pela Beija-Flor para ser madrinha de bateria era um luxo. A minha geração de modelos, como a Luma de Oliveira e a Monique Evans, glamorizou esse posto e fez dele um lugar quase inatingível. Hoje, não vejo razão para me expor dessa forma, mesmo se estivesse com o corpo impecável. Comecei a ver que é mais importante contribuir de outra forma, como em causas e projetos filantrópicos. Me sinto mais útil como mulher.

MC Sofreu episódios de assédio no Carnaval?
LB Nunca fui assediada no Carnaval. Como passei por algumas situações de assédio na vida, logo reconhecia e não me deixava levar, já estava esperta, não perdia meu tempo.

MC Você tinha 13 anos quando foi abusada sexualmente. O que aconteceu?
LB Morava no subúrbio do Rio, em Pilares, numa favela vertical, e meus pais me mandaram, assim como duas de minhas irmãs, trabalhar em casas de família. Paramos de estudar. Comecei como babá, depois assumi as funções de empregada doméstica. Passava o mês dormindo em um colchonete, num quartinho de bagunça. Era uma vida dura. Na segunda casa de família, sofri abuso sexual de um vizinho, um homem mais velho, que ia atrás de mim. Não sei dizer por que eu abria a porta. Não teve relação forçada, mas o abuso constante de toques pode amedrontar muito mais. Já adulta, soube que ele fez a mesma coisa com outras meninas dali.

MC De que maneira os abusos afetaram você na época?
LB Passei a ter medo de dormir, fazia xixi na cama, não levantava para ir ao banheiro. Saí dessa casa sem dar satisfação a ninguém e fui trabalhar como vendedora em loja, também no subúrbio, mas continuei a ser violentada. Os patrões queriam transar, passavam a mão nas funcionárias. Por causa dos abusos, mudava muito de trabalho. Minha mãe dizia: “Não é possível que você não pare em um emprego!”. Isso foi em 1979, não tinha como falar abertamente em casa sobre o que acontecia. Por isso, casei aos 16 anos [com Gumercindo Brunet, de quem herdou o sobrenome]. Achava que tendo um marido me sentiria mais segura.

MC Como conheceu seu primeiro marido?
LB Meu pai trabalhava num bar dentro de um posto de gasolina, no subúrbio do Rio. Um dia, fui pegar dinheiro com ele para pagar o gás e vi um moço muito bonito tomando uma Coca-Cola. Fui para a escola, estudava à noite, e quando voltei, esse moço estava sentado no sofá de casa. Morri de vergonha, morava em uma casa muito pobre que balançava quando o trem passava. Ele era o filho do patrão, dono do posto, tinha 28 anos e eu, na época, ainda 15. Mal conversamos no dia, depois ele começou a aparecer na porta da escola e engatamos um namoro, com permissão do meu pai. Ele morava na Vieira Souto, era jovem, bronzeado, vivia em Búzios, onde tinha casa.

MC Vocês tinham uma diferença de idade de 13 anos.
LB Eu não via problema, já me achava madura. Mas era virgem, não tinha interesse em sexo, tinha medo. Ele me acolheu, teve paciência, mesmo sem saber de nada. Tinha amor, admiração, foi um cara muito importante para mim. Os pais dele não me aceitavam, achavam que eu queria dar um golpe. Só depois que me tornei modelo e comecei a estrelar todas as campanhas de lingerie, uns dois anos depois, que ficou tudo bem.

MC Sua primeira capa da Manchete foi em 1981, logo após se tornar modelo. O rótulo de símbolo sexual era um peso para você?
LB Nunca foi um peso porque não me via como símbolo sexual. Era uma mulher dona de casa. Posava sexy para as fotos, mas quando voltava para casa, a vida continuava. Era como se fosse um personagem. Fiz 50 capas da Manchete, a maioria de maiô, sem sutiã, tapando o peito. Eu ia comprar a revista bem cedinho e ficava admirando aquela mulher como se não fosse eu. Não sei como explicar, mas sempre achava ela muito melhor. Aí, deixava a revista de lado e ia cuidar da minha família, fazer supermercado, contabilidade. Hoje sou mais feliz com o rótulo de ativista. Ser uma mulher pró-mulher me dá muito mais prazer.

MC Já tinha vivido um relacionamento abusivo antes do último casamento, no qual sofreu as agressões?
LB Hoje consigo identificar um relacionamento abusivo e reconheço que, em certos momentos, não estava bem emocionalmente por ficar sendo desqualificada. Acho que em todo casamento o homem tem a tendência de controlar a vida da mulher. Com o Armando, sofri abuso psicológico. Tinha ciúmes, possessividade, eu não tinha muita autonomia para fazer as coisas, ele me criticava. Era uma forma de oprimir. Quando me separei, me dei conta de que era capaz, por exemplo, de escolher que tipo de investimento fazer. Percebi que sentia uma incapacidade de agir por causa da forma como ele me tratava.

MC Antes de ser agredida de fato, tinha notado algum indício de violência por parte do Lírio Parisotto?
LB Na época, não dei importância, mas o jeito como falava da ex-mulher já era um indício. Dizia que ela não prestava, que tinha dado umas porradas para ela não encher o saco. O melhor jeito de reconhecer um agressor é ouvir suas histórias, o comportamento se repete. Só que a tendência da mulher é pensar “comigo vai ser diferente”. Depois, passa a te podar, a questionar onde vai, dá um empurrão, começa a te desqualificar. E você começa a se questionar se, de fato, é isso mesmo. Entrei em parafuso.

MC O que fez depois que levou o primeiro empurrão?
LB Perdoei. Ele pediu desculpas, me fez um convite para uma viagem de lua de mel. E você fica achando que “agora vai”. No meu caso, conversava com uma amiga, que falava: “Vai acontecer de novo, toma cuidado, vai ter um fim triste”.

MC Sentia-se culpada pelas agressões?
LB Todas as mulheres sentem culpa. A tendência é dizer que ele tinha razão e que você está louca, descontrolada. É muito comum. Ficamos cinco anos juntos e tudo começou no segundo ano. Tentei terminar algumas vezes, mas, para mim, uma mulher de 50 anos, a coisa mais incrível foi começar uma história na idade madura. Ele, um homem de 60, se mostrou gentil, amoroso. Jamais pensei que pudesse ter uma atitude agressiva.

MC Como o momento das agressões de 21 de maio de 2016, em Nova York, vem a sua cabeça hoje?
LB A cena se passa em câmera lenta, como um filme. Ele me deu dois tapas na cara, dois sopapos enormes, depois me jogou no sofá e veio para cima de mim, me imobilizou. Não tive tempo de reagir. Colocou a perna dele em cima do meu quadril, travou minhas pernas para eu não levantar e, com meu próprio pulso, quebrou quatro costelas minhas de uma vez só. Eu não conseguia respirar, não consegui gritar. Fiquei imobilizada por uns três, quatro minutos. Senti uma dor violenta, mas não sabia que tinha quebrado. Ele era treinado para imobilizar um bandido se fosse agredido, porque tinha histórico de sequestro na família. Voltei para o Brasil correndo o risco de ter uma embolia pulmonar no avião. Podia ter morrido.

MC Se sentiu ameaçada pelo agressor depois que o denunciou?
LB Me sinto ameaçada até hoje. Ele é um homem que tem poder, no caso, muito dinheiro, [Lírio Parisotto figura no 58º lugar na lista dos bilionários da Forbes Brasil de 2019]. Se acontecer alguma coisa comigo, há mensagens guardadas. Claro que tenho medo. No dia que fiz a denúncia, pedi a medida protetiva e ela ainda está valendo. Soube que ele vai tentar, de novo, em Brasília, pedir a revisão do caso porque continua afirmando que sou mentirosa, fala que sou golpista. Ele foi condenado em segunda instância pelo crime de agressão e obrigado a cumprir dois anos de trabalho comunitário. No Brasil, a vida da mulher não vale nada, o agressor só é preso se comete feminicídio.

MC Por que você quis o reconhecimento de união estável?
LB Acho que a Justiça tem que valer para todo mundo. Pela lei, após dois anos de relacionamento é considerada a união estável. Eu mereço, tenho esse direito e quero mostrar para as mulheres que elas precisam ir atrás dos seus direitos, é muito importante. É constitucional. Vou até o fim, o resultado é o que menos importa. Agora, está na segunda instância [em maio de 2018, Luiza perdeu a ação e recorreu].

MC O que mudou na sua vida desde o dia da agressão?
LB Foi o dia que falei “aos 54 anos, não mereço apanhar de um homem de 60”. Aquilo era muito fora da curva. Não lembro de nenhuma mulher conhecida que teve a coragem de denunciar. Eu precisava tomar uma atitude e encorajei muitas mulheres. Mas não dimensionei a repercussão, foi muita exposição.

 

MC Dói relembrar?
LB É uma história dolorosa, mas que me transformou na mulher forte que sou hoje. Tinha medo de perder o relacionamento, de perder contratos. Mas pensava “preciso contar, para que as pessoas acreditem que as mulheres passam por isso”. Não só as de periferia, mas as mulheres que vivem bem, que são independentes, provedoras, sofrem igual. É mais difícil uma mulher de classe social mais alta quebrar o ciclo, elas não querem mostrar para a sociedade que o casamento está abalado. Hoje, recebo muitas denúncias pelo Instagram e encaminho para as promotoras de Justiça. Me sinto responsável por elas, que confiam em mim e me têm como exemplo.

MC Precisou fazer uso de remédios depois da agressão?
LB Não precisei de antidepressivos em nenhum momento, mas fiquei doente, com hipotiroidismo, tive uma inflamação terrível no fígado por causa da baixa imunidade e as manchas do vitiligo aumentaram.

MC Como trabalhou esses traumas durante sua vida?
LB Nunca fiz terapia. Já experimentei, mas não sou apta a fazer regularmente. Aos poucos, fui me livrando deles sozinha.

MC No fim do ano passado, você começou a participar do programa Salve uma Mulher, do Ministério das Mulheres, da Família e dos Direitos Humanos, ao lado da ministra Damares Alves, alertando mulheres sobre a violência doméstica. Teve receio de ligar seu nome ao Governo?
LB Esse é um trabalho voluntário, como ativista das causas das mulheres, então considero essa uma causa sem partido. Acho que qualquer partido que faça algo benéfico para a sociedade vai estar de acordo com a minha pauta. Salve uma Mulher é um programa que capacita pessoas da sociedade civil para que possam contribuir e identificar mulheres que estejam passando por situação de violência. Todo mundo tem que fazer parte dessa grande mudança.

MC Na época, você foi acusada de racismo por ter feito um comentário em sua rede social. O que aconteceu?
LB Algumas mulheres me chamaram de golpista e mentirosa no meu Instagram. Uma delas me criticou, dizendo que eu não tinha tido união estável com meu ex-companheiro. Eu já tinha ouvido tantas ofensas da parte dele que aquela mensagem foi a gota-d’água. Respondi de forma atravessada, mas poderia ter sido para qualquer outra pessoa. Em momento nenhum disse que ela era negra. Perguntei se ela era faxineira que trabalhava em casa para saber como era a minha vida com o espancador, algo assim. Não falei da cor da pele.

MC Assume que fez uma escolha infeliz?
LB Sim, tanto que pedi desculpas. E aprendi que tem momentos que você não pode responder antes de pensar. Foi muito desagradável, fiquei magoada. O que não entendo é a pessoa querer falar com propriedade de uma coisa que ela não vivenciou.

MC Você cresceu em um ambiente violento em casa. Tinha medo do seu pai?
LB Não, porque era a filha predileta, ele me delegava tarefas, confiava em mim e me dava uma moedinha para comprar uma bala. Era uma troca de sentimento. Mas tinha medo de que ele matasse a minha mãe quando estava agressivo. Ele a ameaçava com faca, arma. Nessa época, não se falava em violência doméstica e mulher apanhar do marido era uma coisa naturalizada, ninguém questionava. De vez em quando, a gente ficava sabendo de alguma comadre que tinha se suicidado. E sempre da mesma maneira: elas se enforcavam.

“me sinto ameaçada até hoje. se acontecer algo comigo, há mensagens [de Lírio]  guardadas”

MC A sua mãe conseguiu dar um basta?
LB Minha mãe se separou aos 50 anos. Meu pai a agrediu e ela disse que seria a última vez. Ela o denunciou em Pilares, ele passou a noite na cadeia, ficou envergonhado e foi embora. Ali, minha mãe me ensinou que uma hora é preciso tomar uma atitude. E ela deu a volta por cima. Hoje, tem 78 anos, tem namorado, vida sexual ativa, viaja, sai para dançar. Aprendeu a dar valor à vida. Meu pai não a determinou. Me engajo nessa luta também pela força dela. Meu pai morreu de ataque cardíaco aos 54 anos. Me senti aliviada de certa maneira. Ele bebia e era literalmente encontrado na rua, nunca sabia onde ele estava. Eu já era uma pessoa conhecida. Sempre disse que tinha um pai alcoólatra, é uma doença que tem que ser tratada.

MC É a favor da legalização da maconha?
LB Se a maconha fosse legalizada, não teria o tráfico de drogas. Sou a favor de qualquer coisa que é proibida. Acho que tudo que é proibido vira um comércio desnecessário.

MC Teve experiências com drogas?
LB Nunca. Sempre tive medo, era a careta da turma. Tinha medo de alguém usar alguma coisa perto de mim, morrer e eu estar ali no meio. Ia dançar no Hippopotamus até alta madrugada, mas não precisava de mais nada.

MC Você fez um aborto aos 16 anos e outro aos 37. É a favor da descriminalização?
LB No primeiro, era muito nova, estava casada com o Gumercindo. É tão complicado falar de aborto hoje em dia… Não sou a favor, se pudesse, voltava atrás, mas temos que assumir nossos erros. O sentimento não é bom, principalmente quando você está mais madura. Para mim, não é uma questão resolvida até hoje, é muito doloroso, não queria falar sobre isso. Na época do segundo, meu filho, o Antônio, tinha oito meses e o parto dele tinha sido complicado. Acho que não pode ser usado como método anticoncepcional, mas é um direito que a mulher tem e a minha preocupação é com a saúde, pois ela acaba morrendo em lugares que não são preparados. É preciso fazer campanhas de prevenção e legalizar, porque a mulher vai continuar fazendo.

MC Como está sendo para você, um símbolo sexual, envelhecer?
LB É complicado, toda mulher sofre. Você tem que estar com a saúde em dia. Mas adquirir uma maturidade é maravilhoso. Acho que o melhor momento é aqui e agora.

Fonte: Revista Marie Claire via Globo.com