Com alegria, música e muitas palmas, o ex-morador de rua José Maurício Cid, de 58 anos, foi prestigiado pela equipe do CAPS AD III (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Outras Drogas). Enquanto descia as escadas, o paciente recebia a cerimônia realizada na unidade, nesta quarta-feira, 6, para comemorar a conclusão do curso de Técnico de Enfermagem, no Instituto Carlos Chagas.
A formação foi realizada por meio de uma parceria entre a unidade de ensino e o CAPS AD que viabilizaram a bolsa de estudo para o paciente. “Sempre tive vontade, mas não tinha condições e nem oportunidade, graças ao suporte que recebi aqui consegui”, disse José Maurício.
Ele chegou na cidade em 2015, vindo de São Paulo, para iniciar o tratamento em uma clínica particular. Com as recaídas, dois anos depois, estava vivendo em situação de rua na Feirinha, de lá José Maurício conheceu o trabalho do CAPS e iniciou voluntariamente o tratamento em tempo integral. “O CAPS se tornou minha família e conheci pessoas que acreditaram em mim, porque não sei como eu estaria hoje se não tivessem me tirado das ruas”.
Exemplo de persistência
O paciente se emociona ao relembrar dos desafios e preconceitos vivenciados nesses dois anos de estudo e na busca pela inserção social. “Não foi fácil, tive recaídas, eu não tinha roupa para ir no curso e tive que abrir minha situação, contar a minha história e fui excluído por alguns colegas enquanto os professores sempre me apoiaram”.
A comemoração feita pela Secretaria da Saúde também teve como objetivo incentivar os demais pacientes a seguirem em frente e não desistir. “José Maurício é um exemplo de determinação, que vocês possam ser persistentes e não desistir do tratamento, porque vocês podem sim dar a volta por cima”, informou a secretária da Saúde de Araguaína, Ana Paula Abadia.
Profissionalização que transforma
O CAPS AD III conta com 3.400 pacientes cadastrados, desses 1.900 estão ativos, o local atende diariamente 35 pessoas, recebendo moradores de Araguaína e de outros 17 municípios da Região Médio Norte Araguaia também são atendidos.
De acordo com a coordenação, entre 30% a 40% dos pacientes estão buscando realizar uma qualificação profissional durante o acolhimento. “O tratamento da dependência química envolve diversas situações e fatores, um deles é a reinserção social e a qualificação profissional oferta essa continuidade e tem um papel muito importante no sucesso do tratamento”, explicou o assistente Social e pedagogo do CAPS AD III, Getúlio Júnior.
Mais oportunidades
Na cerimônia ainda foi anunciado dois novos cursos profissionalizantes: Frentista de Posto de Gasolina e Confecção de Tapete. As qualificações serão ofertadas no CAPS AD III, uma iniciativa da Secretaria da Saúde em parceira com o Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).