A ex-namorada do médico Álvaro Ferreira, Marla Barbosa, foi uma das testemunhas ouvidas na tarde desta segunda-feira (29) na primeira audiência sobre a morte da professora Danielle Lustosa Grohs. Durante o interrogatório, ela disse sentir medo do médico e negou que soubesse do crime quando viajou com ele no dia seguinte ao assassinato.

Durante o depoimento de Marla, Álvaro foi retirado da sala de audiências. Foi um pedido dela, que disse se sentir intimidada pelo médico por supostas ameaças que teria recebido. “Ele me causa medo, ele me causa pavor”, disse ela quando foi perguntada pelo juiz Gil de Araújo Corrêa sobre sentir algum receio do médico.

O depoimento de Marla durou cerca de duas horas, entre as perguntas da acusação e da defesa. Ela disse que viajou com o médico para o litoral da Bahia sem saber que Danielle tinha morrido. Ela disse que voltou para Palmas porque ficou assustada ao receber a notícia e não perceber nenhuma emoção na reação do suspeito. Disse ainda que num primeiro momento achou que a professora tivesse cometido suicídio.

A defesa de Álvaro Ferreira questionou o motivo de Marla ter enviado uma mensagem para o médico se passando por um suposto namorado de Danielle. Ela respondeu que queria evitar um confronto entre Ferreira e o novo parceiro da professora e por isso disse na mensagem que ele era policial. “Realmente, foi um erro meu ter enviado essa mensagem”, disse ela.

Marla chegou a ser presa como suspeita de participação no crime, mas foi solta alguns dias depois e não chegou a ser indiciada.

Medico será ouvido em audiência de instrução — Foto: João Guilherme/Divulgação

Medico será ouvido em audiência de instrução — Foto: João Guilherme/Divulgação

Outros depoimentos

Além de Marla, também foram ouvidos um inquilino de Danielle, um agente de polícia que trabalhou no caso, um detento que dividiu cela com o médico quando ele foi preso por agressão e um homem que trabalhou na casa da professora. Por volta das 18h começou a ser interrogado o advogado da família da professora. Ao todo, devem ser ouvidas 14 testemunhas antes do juiz decidir se o caso vai ou não a júri popular.

Na entrada do Fórum, a família da vítima organizou um protesto com cerca de 10 pessoas. Eles pediam por Justiça.

O caso

O corpo da professora foi encontrado no dia 18 de dezembro de 2017. O médico Álvaro Ferreira é o principal suspeito do crime porque havia sido preso dois dias antes, quando invadiu a casa e tentou esganar a ex-mulher. Mesmo assim, foi solto um dia depois, após audiência de custódia. O Ministério Público chegou a pedir a prisão preventiva dele, mas o pedido foi negado pelo juiz, que determinou a liberdade sem pagamento de fiança.

De acordo com o advogado de Danielle, Edson Monteiro de Oliveira Neto, o ex-marido já havia ameaçado matá-la outras vezes. O advogado informou que chamou a polícia após não conseguir contato com ela durante todo o dia.

O corpo de Danielle foi localizado de bruços na cama. O registro da ocorrência feito pela Polícia Civil aponta que foram encontrados hematomas no pescoço da professora e havia odor característico de urina no short que a vítima vestia. A perícia confirmou que ela foi estrangulada.

A fuga

O médico ficou quase um mês foragido após o crime. Ele foi preso no dia 11 de janeiro em Goiás e levado para a Casa de Prisão Provisória de Palmas no dia seguinte. Ele foi localizado após postar uma selfie em uma igreja nas redes sociais. Enquanto esteve foragido, ele deu entrevistas por telefone e mandou mensagens para a mãe da vítima.

A polícia identificou que ele fugiu primeiro para Salvador, pegou um barco para Morro de São Paulo, viajou para Campinas (SP) e acabou em Goiás.

O médico foi preso enquanto estava no cinema de um shopping em Anápolis. A prisão foi realizada por uma equipe da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), comandada pelo delegado Pedro Ivo Costa Miranda em parceira com as Polícias Civis de Goiás e São Paulo.

Após ser capturado e preso, o médico ficou menos de dois meses na cadeia. Ele conseguiu o direito a prisão domiciliar após alegar que não poderia ficar preso por problemas de saúde. Depois disso, ele voltou a trabalhar na rede pública.

Fonte: G1 Tocantins