Mais um episódio do caso Milena Muralha que alega ter sido agredida pelo pai

A karateca Milena Muralha falou à Gazeta do Cerrado nesta terça-feira, 21, sobre o caso de violência que alega ter sofrido e voltou a acusar o próprio pai. Ela falou com a nossa equipe ao lado do advogado Cristian Ribas e a consultora de Direitos Humanos, Luz Arinda.

A atleta, muito conhecida no Tocantins, se manifesta após nota de seu pai, Marcio Orione Feitosa na qual ele nega ter agredido a filha no dia 11 de junho quando ela foi a público acusar o pai de agressão e chegou a ficar desaparecida após o episódio.

Divulgação

Inquérito

Um  inquérito da violência doméstica foi aberto sobre o caso e a delegada está ouvindo as testemunhas. Está em curso ainda a apuração de outras acusações contra outros membros da família de Muralha. A defesa de Milena revelou à Gazeta que o laudo do IML prova que ela sofreu agressão corporal.

O processo deste ano pode ter o anexo ainda da denúncia de 2016 feita pela mãe de Milena de um fato que ocorreu em 2011 quando Milena afirma ter sido assediada pelo pai.

“Tivemos acesso a um conjunto de boletim de ocorrência que comprovam histórico de agressão desde 2001”, informou o advogado de Milena sobre agressões anteriores também à mãe da atleta. “O histórico de agressão vitimizou várias pessoas do seio familiar e isso desmonta a narrativa de que foi um bom pai, de que a denuncia foi fruto de ressentimento”, acrescentou Ribas.

Na nota à imprensa, o pai de Mylena disse não compactuar com nenhum tipo de violência.

Milena: “Me expus para que isso pare por aqui”

Milena ressaltou a importância de denunciar e contou o que aconteceu no dia do episódio. “Naquele dia tinha combinado de ir na casa dele para fazermos um churrasco e até então estava tudo tranquilo. Meu pai sempre abusou da minha irmã mais velha, fez comigo em 2011, falei para minha mãe, ela sempre acreditou em mim, mas acharam que eu era criança e não deram importância na época”, relatou.

Ela relata que na noite do ocorrido começou a tocar no assunto do assédio sexual de sua irmã e que mencionou também as atitudes do pai e que ele teria culpado indiretamente a figura da mulher. “Daí tive coragem de enfrentar o que nunca tinha enfrentado anos atrás”, relatou. Ela disse que a briga começou dentro da casa e o namorado dela tentou separar porém o pai teria continuado as agressões. “Ele colocou o joelho no meu pescoço e o vizinho viu”, disse.

Ela relata que tentou ir á delegacia mesmo sentindo dores, contou para familiares. “Me expus para que isso pare por aqui. Fiquei forte com tantas mensagens boas e apoio que recebi”, disse.

Ela alega que também sofreu assédio por parte de outras pessoas. “na hora fiquei sem reação e guardei pra mim”, disse sobre outro familiar muito querido da família. “Sempre fui muito forte, sempre expus tudo que eu penso, defendi o que é certo, quando vi alguns familiares do lado dele, bloqueei todos”, disse sobre a reação de familiares do pai.

“Todos esses anos até hoje ele nunca foi punido e isso me deu coragem, não quero mais que aconteça com ninguém, quero me solidatrizar com quem sofre isso, é importante denunciar, é dificil, dói, você fica se remoendo, você se culpa mas nunca é culpa nossa. Temos que procurar os órgãos competentes.”, diz Mylena que chegou a dizer que recebeu relatos de outras pessoas que contaram também ter sido assediadas pelo pai dela, inclusive amigas delas.

Mais acusações

O pai é acusado ainda de abuso sexual pela filha. “O sistema de justiça não atuou no tempo correto nem no caso da mãe nem tomou a atitude correta no caso”, analisou a advogada Luz. O pai chegou a colocar o joelho no pescoço numa tentativa de asfixia com testemunhas. “Não virou um feminicídio porque as testemunhas impediram e ela reagiu”, disse a também a especialista em Direitos Humanos, Luz Arinda.

Mylena acusa o pai de estupro de vulnerável. “O simples fato dele ter cometido ato libidinoso já é estupro de vulnerável e isso é muito grave.É necessário termos um acompanhamento exemplar deste caso e que isso sirva para encerrar esse ciclo de violência”, disse a advogada especialista na área de Direitos Humanos.

A Defesa diz acreditar no trabalho da delegacia da mulher e que a justiça será feita. “Que ele seja punido por esse fato considerando todos os crimes que cometeu”, disse o advogado Ribas.

Lei

A advogada lembrou a Lei Joana Maranhão, também atleta, que foi um avanço para a denúncia de violência contra as mulheres e defendeu alterações que podem amparar e permitir a denúncia meses após ter ocorrido.

Pai nega acusações

O pai de Milena se manifestou por nota de seus advogados onde nega ter cometido agressão e na época se colocou á disposição da justiça para prestar todos e quaisquer esclarecimentos. Ele chegou a dizer ainda que todas as medidas administrativas e judiciais, inclusive criminais, estavam sendo tomadas em busca da verdade concreta.

Veja a íntegra do Laudo do IML: