Segundo especialista, Tocantins pode chegar a 10 mil casos de Coronavírus até o final de junho
Lucas Eurilio – Gazeta do Cerrado
3.277 mil casos. A curva do Coronavírus sobe a cada dia no Tocantins. No total, foram 65 vidas perdidas por um vírus devastador que ainda não possui uma cura. A necessidade do isolamento social faz parte do cotidiano de vários tocantinenses nesse período de pandemia. Com a circulação do coronavírus aumentando em cidades do interior, nos basta esperar que isso tudo passe logo e que as pessoas se mantenham seguras e evitem sair de casa na medida do possível.
O mês de maio está prestes a encerrar e o que nos reserva o mês de junho? Será que os casos vão começar a baixar? Cidades deveriam permanecer em lockdown por um tempo? A Gazeta do Cerrado entrevistou nesta quinta-feira, 28, o representante do Tocantins no Conselho Federal de Medicina (CFM), Dr. Estevam Rivello Alves e o médico, professor da UFT, assessor do Ministério da Saúde, Conselheiro Nacional de Saúde, Mestre em Saúde Coletiva e Doutor em Ciências, Neilton Araujo.
Eles fizeram as previsões de como o vírus deve se comportar no mês de junho em Tocantins e no Brasil.
Para conselheiro Estevam Rivello, o Estado deve fechar o próximo mês com em média té 10 mil casos da doença.
“Esse crescimento de maio a gente deve fechar o mês com praticamente 3.500, 3.600, com os casos bem próximos de 4 mil, deve permanecer em ascensão ainda, durante todo o mês de junho devemos fechar o mês em torno de 7.500 mil a 10 mil casos. Mês de julho cresce com um pouco menos de força e isso vai depender do comportamento social, se teremos flexibilização ou não do comércio, das pessoas, do entendimento da comunidade, se a gente continuar nesse mesmo ritmo o mês de julho tende a ter um crescimento, mas não tão significativo quanto maio e junho”.
Ele explicou que a tendência é o número de casos cair, e alertou que é preciso entender o momento.
“No mês de agosto a tendência é recuar, cair. Cair se a população fizer o papel dela, se atender a orientação de todos os gestores pra no mês de setembro estarmos resolvendo a primeira curva aí de crescimento. Essa é a projeção. Por tanto, o mês de junho é um mês que a gente observa como decisivo, porque se a população não fizer e entender o momento o junho pode ser o mês que estrangule tudo, então, é importante a participação da comunidade nesse processo de entender que o melhor é o isolamento social pra gente contribuir para um não crescimento não tão significativo dessa curva por que já temos números bem significativos”.
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Sobre as mortes o especialista explicou que “sem sombra de dúvidas o mês de junho onde o Tocantins vai atingir aí mais de 100 mortes e isso é pra nós extremamente preocupante, porque uma vida perdida já é ruim, então atingir de 100 óbitos em virtude do Covid, é sinal que a doença tem uma certa prevalência no nosso meio e que a gente tem que ter muita atenção”.
Por fim, Estevam disse que “acredito que a partir de agora, o Estado, ele vai baixar o lockdown em determinados municípios aonde a situação tá perdendo o controle. Nós hoje temos municípios do Tocantins que o número de casos são proporcionalmente maiores do que as maiores cidades do Estado. Então é importante que nos atemos a esse fato de crescimento em determinado local ou região e se necessário pode sim ser baixado o lockdown não só nas maiores cidades Palmas, Araguaína e Gurupi, mas também toda uma região como foi a região do Bico do Papagaio, mas isso vai depender do comportamento da doença em relação ao crescimento dela durante todo o mês de junho”.
O assessor do Ministério da Saúde, Neilton Araújo, ressaltou que no Brasil, a curva não está diminuindo como nos Estados Unidos e defendeu o isolamento social diversas vezes durante a entrevista à Gazeta do Cerrado
“Não estamos na descida da curva como os EUA. Estamos ainda na subida. É loucura reabrir agora. A pandemia ainda está subindo e em expansão no Brasil todo, com diferenças em algum Estado e às vezes dentro mesmo do Estado dependendo de várias medidas que foram adotadas. Penso que em junho, final de maio, tá ainda em expansão. Junho deve aumentar um pouco os casos porque as cidades menores estão sendo atingidas agora. Então, isso tem um potencial muito grande ainda de expansão”.
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“Penso que junho, pra final de junho nós vamos conseguir observar talvez já alguma indicação de redução, mas não uma redução importante, uma redução que eu diria, acabou, passou. Penso por outro lado que as cidades que adotaram o isolamento precoce e mantiveram, são as que estão com o melhor resultado hoje no Brasil todo. Caxias do Sul (RS) adotou isolamento em 18 de março, manteve até hoje bastante intenso e tivemos ótimos resultados. Porque o isolamento, eu já disse isso umas quatro vezes, mas não custa nada repetir, o isolamento social quanto mais ele funciona, menos a gente pensa que ele é necessário, porque ele reduz de fato os casos. Não é apenas pra não sobrecarregar os serviços hospitalares, estamos fazendo o isolamento claro, para administrar o serviços de emergência, mas principalmente reduzir mesmo o contágio, pra dar tempo do período climático, porque o vírus ele também tem um tempo de vida”.
O médico ressaltou também que “ele (Coronavírus) aparece, se expande fortemente, sobrevive graças a contaminação de seres humanos e depois ele têm uma regressão, embora a gente vá ver isso se repetir o ano que vem, nos outros anos, como a gente tem convivido com outros vírus, inclusive H1N1 quando apareceu, era um terror. Ele não se apresentou tão grave como inicialmente se presumia, mas depois a gente conseguiu não só conviver, mas até produzir a vacina que tivesse efeito importante protetor da população. Com o corona, penso que vamos ter algo semelhante”.
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Neilton Araújo finalizou dizendo que “não é hora ainda de afrouxar o isolamento. Algumas Cidades e alguns Estados, São Paulo por exemplo está com um plano de flexibilização do isolamento, mas com um controle muito grande de testagem, então as cidades que tiverem uma testagem pró-ativa e nenhuma tem muito pró-ativa às pessoas que estão apresentando sintomas, mas pra àquelas (cidades) que tiverem o monitoramento muito criterioso, dá pra fazer um um acompanhamento, flexibiliza um outro serviço, que possa manter e prever uma distância entre as pessoas, onde as pessoas não aglomerem, então tem uma série de fatores. Problemas simples, soluções simples, problemas complexos, soluções complexas”.
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