Moradores e comerciantes de Mateiros, cidade turística da região do Jalapão, relataram nesta quinta-feira, 16, um caos após a ponte que dá acesso ao Povoado Galhão ser queimada há cerca de 30 dias atrás.

Além disso, crianças e jovens alunos da rede estadual estão há cerca de dois meses sem frequentar as aulas, por medo de que a estrutura da ponte desabasse e acontecesse uma tragédia.

“A ponte foi queimada tem uns 30 dias, só que antes de queimar, os pais já não aceitaram mais o ônibus a levar os alunos para escolas da região, porque estava anunciada uma tragédia que ia cair o ônibus com os alunos e tudo. Aí os pais pediam solução, pediam solução, cobrava os vereadores, o prefeito da cidade, eles fizeram lá um pedido, uma súplica para a Ageto, para que arrumasse a ponte, nada foi feito”, afirmou um morador.

Segundo os relatos de Marcello Lima, presidente da Associação Comercial da cidade, a região já apresenta escassez de frutas, bebidas, alimentos e vários outros produtos.

“Uma população inteira, uma comunidade inteira, que é a do Galhão e os moradores rurais, depois da ponte, estão sem assistência à saúde, eles estão isolados, sem assistência social, sem assistência, enfim, sem qualquer tipo de assistência. Aí beleza, as crianças que estão no isolamento, a cidade está sofrendo com o desabastecimento, de frutas, porque como é uma região, uma cidade turística, se consomem muitas frutas, com o desabastecimento de bebidas, de comida, e além do desabastecimento, o que chega, com a dificuldade da ponte, está chegando mais caro. Tá com o desabastecimento e o empresário que consegue fazer alguma coisa, aumenta os preços, por causa de ser um frete mais longo ou então mais dificultoso”, justificou.

O presidente da Associação comentou também que os empreendimentos turísticos e o comércio já tiveram prejuízos de R$ 1 milhão por conta da ponte, já que além dos alimentos, vários turistas chegam pela rota, vindo das regiões sul e sudeste do Tocantins e também da Bahia. Ele relatou também que as empresas não estão conseguindo manter os funcionários.

“As pousadas, enfim, os empreendimentos turísticos, começaram a desempregar pessoas. Por que? Porque a gente depende do turismo, né? Nesse período vem muito o particular, que são pessoas que vêm por conta própria. E essas pessoas que vêm por conta própria, a rota delas é justamente a da ponte. É quem vem do sul, sudeste e  do Nordeste. Essas pessoas entram via de Dianópolis ou Formosa na Bahia, porque é um acesso melhor, uma estrada melhor. E eles não estão vindo por essa questão da ponte. Ou seja, nós não estamos conseguindo manter os funcionários, estamos despedindo. Até o momento, os empresários, já posso te dizer que tiveram um prejuízo de mais ou menos de 1 milhão de reais. Economia que está deixando de entrar no município de várias formas”.

Um outro impasse que tem ocorrido, é que alguns moradores, por necessidade, têm se corrido risco e atravessado a ponte, como a estrutura precária após o incêndio.

“Outro problema, algumas pessoas, por necessidade, se aventuram em passar na ponte, ou seja, que podem cair a qualquer momento e matar pessoas, então é realmente um caos. Aí essa questão de não entrar insumos, não entrar turista e a gente também não consegue sair por lá, que é uma rota que é muito usada pelos moradores e as empresas da região, ou seja, é um caos total”, finalizou Marcello.

Acirja cobra agilidade na recuperação da ponte

Os empresários Marcelo Lima e Armando Castro, representantes da Associação Comercial e Industrial do Jalapão (Acirja), participaram de audiência na Agetrans com o superintendente de Operações, Túlio Labre e o Coordenador técnico, Rodrigo Chianca, nesta quinta-feira (16) para tratar sobre as queimadas que destruíram a ponte do Comé Assado em Mateiros.

Na reunião, foi definido que será deslocada uma equipe para vistoria técnica no local. As vigas definitivas para reestruturação da ponte estão sendo produzidas e entregues no período de 30 dias.

Já no Naturatins, representantes do órgão garantiram a doação de madeira para agilizar solução provisória. O empresário e também diretor da Acirja, Cristiano Barreto, prontamente se colocou à disposição para realizar o transporte da carga e sanar o problema na região.

Comboio de máquinas

Quanto ao comboio que está entre Ponte Alta e Mateiros há quatro meses, está alinhado que até a próxima segunda-feira, 20, chegará o combustível para atender a demanda da região.

A Gazeta do Cerrado do Cerrado entrou em contato com a Agência de Transportes, Obras e Infraestrutura (Ageto) solicitando um posicionamento sobre o caso ainda durante a manhã de quinta-feira, 16, mas até a publicação desta reportagem, nenhuma resposta foi enviada. O espaço continua aberto.

Entramos em contato também  com a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) para saber como fica a situação dos alunos. Veja abaixo o que diz o órgão.

O que diz a Seduc

A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) informa que já entrou em contato com os órgãos responsáveis para que eles solucionem o problema da ponte e que está tomando medidas para que os estudantes não sejam prejudicados no processo educacional.

A Pasta reitera que está atenta às necessidades da comunidade escolar e busca constantemente soluções para garantir a qualidade da educação.

A Seduc informou ainda que que a unidade escolar adotou o ensino remoto com acompanhamento da equipe pedagógica da escola.

Por Lucas Eurilio, Gazeta do Cerrado