Jalapão – Foto – Governo do Tocantins

Lucas Eurilio, Gazeta do Cerrado

O Tocantins completa 35 anos no próximo dia 5 de outubro. Haverá programação com shows nacionais na Praça dos Girassóis e a Gazeta do Cerrado além de trazer todos os detalhes, também mostra a história dos que vieram e são daqui e ajudaram a construir um Estado para todos os tocantinenses.

Nesta reportagem especial, conversamos com o historiador e professor  palmense Júnior Batista*. Ele fez uma análise sócio-cultural e econômica sobre o Estado e disse que o Tocantins é dividido em três ciclos. O primeiro foi o político.

“Então, o Tocantins completa 35 anos neste dia 5 de outubro. Durante esse período de criação do Estado até hoje,  a gente pode dizer que o Tocantins passou por 3 ciclos econômicos e políticos. No primeiro que é o político, que foi a estruturação do Tocantins e demorou quase 10 anos, de 89 a 98”, disse.

O segundo ciclo, que aconteceu de 1999 até 2009, o professor chamou de ciclo iluminado, o econômico.

“O segundo período, de 99 a 2009, a gente chama-se de ciclo iluminado, onde o Estado teve um grande crescimento econômico, projetos de irrigação agropecuária, foi mostrado para o mundo, e paralelo a esse crescimento econômico, desenvolveu também as potencialidades ambientais, patrimoniais e culturais”.

Já o terceiro ciclo, Júnior Batista explicou que é o ciclo da instabilidade. Ele disse que os tocantinenses estão vivendo desde ciclo de 2009 até os dias atuais.

“O terceiro é a década da instabilidade, ou seja, o ciclo da instabilidade. Nós estamos vivendo desde 2009 até os dias atuais. Fazem mais de 10 anos já, fazem 13, 14 anos. Então, esse é o último ciclo. Cada ciclo desse, tanto econômico e político, eles tiveram influência na parte cultural. Na estruturação e no iluminado, nos dois primeiros ciclos, puderam resgatar e mostrar para a sociedade que a gente tem uma rica cultura, começando do artesanato que foi mostrado para o mundo através do capim dourado, do babaçu, do buriti, matérias primas que têm abundância no estado e que são valorizadas na parte cultural. As danças, as folias, o patrimônio histórico, as igrejas, os casarões, desde o período do ouro, passando por vários ciclos, iniciando aí no período do ouro.  A instabilidade econômica e política influencia também na cultural, porque passa, deixa de ter incentivos, e é um período que a gente menos produz, produção de livros, feiras, eventos, na área de cultura de patrimônio. Hoje nós podemos dizer que o patrimônio histórico do Estado está vivendo um verdadeiro apagão, um período de apagão, precisando resgatar isso aí”, ressaltou.

Júnior Batista disse ainda que o Tocantins se redescobriu nos últimos cinco anos.

“O Tocantins nesses últimos 5 anos descobriu, se descobriu, né? Descobriu as belezas naturais, descobriu o potencial histórico que a gente tem, descobriu as nossas raízes, nossos quilombolas, indígenas, nossa cultura, nossas danças, as nossas comida, gastronomia. Então o Tocantins, com essa descoberta, está criando uma identidade”.

Questionado sobre o os gargalos a serem enfrentados pelos tocantinenses Júnior disse que é justamente a parte cultural, ambiental que pra ele não caminham de mãos dadas com o poder público.

“Os principais gargalhos é que essa parte cultural, ambiental, ela não caminha sem as mãos do poder público, tanto que nesse período de instabilidade, desde que nós estamos vivendo, desde 2009, deu uma freada nas produções. Você não tem mais aí altas produções, feiras, eventos, grande massa, o Tocantins participando”, concluiu.

Sobre Junior Batista

Professor Júnior Batista – Foto – Arquivo Pessoal

Palmense, o historiador e professor Júnior Batista, ganhou notoriedade no meio educacional e jornalístico por seu trabalho de pesquisa sobre o Estado há mais de 30 anos. É autor de quatro livros sobre história e geografia do Tocantins e de Palmas. É membro da Academia Palmense de Letras, professor da rede pública, além de escrever para jornais, revistas e sites.