Existem tecnologias que por mais que empresas e indivíduos se esforcem para disseminar nunca pegaram, são bonitas de ver em filmes e desenhos animados mas a realidade é dura, seu uso prático nunca se justificou e embora um ou outro insista que se trata “do futuro”, esse futuro nunca chega. Vide os carros voadores.

O videofone sofre do mesmo mal. É uma tecnologia linda de se ver na ficção mas seu uso prático é bastante limitado por um fator bem incômodo: a privacidade. Pode admitir, quantas vezes você já atendeu o telefone de pijama, tirando meleca ou dizendo para a pessoa do outro lado que “já está de saída” mas nem tomou banho? Ou disse para o chefe que está no hospital mas na verdade fugiu para a praia?

Para mulheres é igualmente incômodo, não há a menor possibilidade de atender uma chamada de vídeo totalmente descabelada, com cara de quem acabou de acordar mesmo para pessoas próximas, que dirá estranhos.

O telefone não dá a opção de uso planejado ao usuário, uma vez que ele toque você precisa atender, agora imagine acrescentar vídeo à equação. A verdade é que chamadas de vídeo são extremamente pessoais, por isso ficaram relegadas a apps como o Skype, que também não deu certo em sua versão impessoal para TVs. Excluindo situações extremamente planejadas, como espelhar o FaceTime para a Apple TV para uma chamada em grupo ou videoconferências, que são realmente úteis para corporações e onde ninguém está descabelado ou mal vestido (e a Microsoft pensou nisso ao oferecer uma solução de emergência para mulheres), a tecnologia não vingou.

20170802videophone

Isso não impede que as empresas continuem tentando, e a bola da vez é o Facebook. De acordo com o Bloomberg a divisão de hardware da rede social estaria desenvolvendo um dispositivo dedicado para videochamadas, com um display touchscreen de tamanho semelhante ao de um notebook para garantir a imersão (“o usuário terá a sensação de estar no mesmo ambiente que a outra pessoa”, segundo informes), câmera grande angular para um grande campo de visão, microfones e alto-falantes e baseado em Android. O dispositivo teria soluções de IA e aprendizado de máquina integrados, como um recurso que busca pessoas espalhadas num ambiente e os fixa na tela entre outras perfumarias, de modo a permitir chamadas em grupo de modo simples e prático.

O Building 8, seu laboratório experimental ficaria encarregado do desenvolvimento e este seria seu primeiro produto comercial. Estabelecido em 2016 como forma de criar soluções em hardware para manter os usuários da rede social dentro de seu ecossistema murado, ele conta com veteranos como Regina E. Dugan, ex-DARPA e Google. Na última conferência F8, realizada em abril ela disse estar focada em criar produtos “voltados para o social” em primeiro lugar.

Vale lembrar que o Facebook também pretende posicionar o Oculus Rift como um dispositivo para todos e não apenas um acessório gamer, através de uma nova versão acessível que custaria apenas US$ 200. A rede social também revelou planos para lançar seu próprio speaker inteligente, de modo a bater de frente com Amazon Echo, Google Home, Apple HomePod e outros.

Sobre o videofone do Facebook, creio que mais uma vez a ideia não vá dá certo. Ninguém utiliza o FaceTime em todas as ligações ou as chamadas em vídeo em apps como Skype e WhatsApp, é um recurso muito pessoal e colocar um dispositivo dedicado na sala, para todo mundo utilizar através do Facebook (até parece que será de outra forma) não soa uma boa ideia. Eu entendo a ideia de simplificar o uso removendo-o do desktop/notebook e colocando a ideia num produto dedicado, mas as chances de que Zuck e cia. tenham quebrado o código do videofone são bem baixas.

De qualquer forma, as novidades do Facebook só devem ser reveladas na próxima F8 em 2018, e até lá há tempo para fazerem o gadget funcionar. Ou não.

Fonte: Bloomberg.