O Facebook teve um 2018 cheio de escândalos, vazamentos de dados, redução de confiança dos usuários, crescimento lento, escrutínio de reguladores e redução do moral entre funcionários. Claramente, a empresa precisa de um retorno triunfal. Mas, segundo uma reportagem do New York Times, Mark Zuckerberg planeja conectar as capacidades de mensageria unificando a infraestrutura do Messenger, WhatsApp e Instagram.
Um controle mais centralizado desses apps independentes já era um presságio da saída dos cofundadores dessas plataformas. Nos últimos anos, saíram Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger, do Instagram; e Jan Koum e Brian Acton, do WhatsApp. Todos eles supostamente bateram de frente com as diretivas de Zuckerberg, que, como agora sabemos, envolvia tirar a autonomia desses apps.
Os apps devem operar como produtos independentes, embora com um backend e gráfico social interoperáveis — uma mudança que “requer milhares de funcionários do Facebook para reconfigurar como o WhatsApp, Instagram e Facebook Messenger funcionem em sua forma mais básica”.
Em um comunicado ao NYT, a rede disse que quer “construir a melhor experiência de envio de mensagens possível, e que as pessoas querem que a troca de mensagens seja rápida, simples, confiável e privada”. A empresa também ressaltou quer tornar a comunicação de seus produtos mais segura com criptografia e considerando formas mais fáceis de contatar amigos e familiares entre as redes.
Na prática, após essas mudanças de infraestrutura, um usuário do Facebook conseguiria mandar uma mensagem de alguém que tenha uma conta do WhatsApp. A comunicação entre os diferentes produtos seria feita com criptografia de ponta a ponta.
A viabilidade técnica disso exige muitos funcionários e, segundo o NYT, está previsto para acontecer esta integração até o fim deste ano ou no início de 2020.
O que o Facebook pode ganhar com isso? Pouca coisa, segundo um dos funcionários de um dos apps:
Um funcionário do WhatsApp fez uma análise do número de novos usuários em potencial nos Estados Unidos que a integração com o Facebook poderia trazer, disseram duas pessoas familiares com o estudo. A quantidade foi relativamente escassa, mostrou a análise.
É difícil imaginar por que Zuckerberg está realizando uma grande revisão de dois dos produtos mais amados (e não muito lucrativos) e associá-los mais de perto na mente dos consumidores com a reputação do Facebook. Ainda não há relatos de como isto impactará os lucros — no caso, só solidificaria a participação de mercado entre produtos de mensageria, e, talvez, impedindo que as pessoas enviem SMS ou utilizem o iMessage, da Apple.