As instituições de ensino públicas no Tocantins estão paradas. Já as particulares, estão trabalhando. O que mudou, o jeito de oferecer o serviço. Com aulas ao vivo, mas de forma remota. Os professores preparados para aulas presenciais estudam para entender o funcionamento da nova modalidade. Mas infelizmente, até essas podem parar. É que nem todas as instituições possuem condições financeiras de arcar com o desconto obrigatório aprovado em Lei no Estado do Tocantins.
Carollyne Mota, vice-presidente da FACIT – Faculdade de Ciências do Tocantins em Araguaína, conta que 70% do valor da despesa da instituição é com a folha de pagamento e que as despesas que reduziram neste período foram apenas água e energia. “Elas representam menos de 2% dos nossos custos”. Para Carollyne, infelizmente, se o cenário não mudar, será preciso encerrar as atividades. “A inadimplência já é de cerca de 60%. Antes da pandemia era de 24% e com o desconto de 40% fica inviável manter o funcionamento”, revelou.
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Emocionada, Carollyne se disse entristecida. “Descobri em uma rede social que estávamos em uma guerra, sem sabermos. Vimos uma deputada dizendo que os alunos haviam vencido. Inviabilizar o repasse do conhecimento é vencer? Não fomos ouvidos, nossas despesas não foram analisadas”, destacou.
Reconhecida internacionalmente como pesquisadora da área de Odontologia, Carollyne lamentou o fato de ver o sonho de produzir conhecimento no interior do Tocantins ameaçado e pontuou. “Ofertar educação é papel do governo. Quando ele permite uma instituição privada trabalhar é porque deixou de suprir uma demanda existente. Então, a instituição privada é liberada para oferecer o que ele não consegue e cada uma possui uma despesa, que precisa ser avaliada para definir uma política de desconto”.
A FACIT, instituição dirigida por Carollyne gera hoje 100 empregos diretos. E neste período de pandemia, manteve normalmente a oferta dos cursos. Para isso, fizeram investimento em tecnologia e capacitação das equipes. Também investiram em biossegurança. “Estamos prontos para retomar, com segurança, as aulas presenciais. Estamos aguardando o entendimento entre os governos estaduais e municipal sobre quando podemos abrir as portas físicas, uma vez que à distância funcionamos normalmente. Hoje, seguimos a orientação do Ministério da Educação e Cultura que nos liberou para aulas remotas e cobrança do mesmo valor. É que instituição de ensino superior, quem normativa, é o MEC”, lembrou.
Educação
Carollyne ainda questionou “qual é de fato o valor da educação na vida das pessoas?”. Conforme ela ponderou, “é impossível enxergar um futuro melhor para uma pessoa se não for por meio da educação. A sociedade precisa de conhecimento e quem gera, é a educação”.
A professora lembra ainda que “se as instituições privadas fecharem, quem irá absorver os alunos. Será um investimento perdido?”. E continuou: “o momento é de crise, mas para todos e devemos sim, enfrentar juntos e não colocando uns contra os outros. Aqui, estamos empenhados em conseguir oferecer o melhor e contamos com o apoio dos nossos alunos”.
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