Empresário e economista Igor Lucena – Foto: Divulgação

O auxílio emergência disponibilizado pelo Governo Federal está chegando ao fim. O benefício ajudou muitas famílias e pequenas empresas neste momento de crise causado pela pandemia do novo coronavírus.

Para Igor Lucena, economista e empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa, membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política, em meio a este cenário, criou-se um problema, pois se não continuarmos com os auxílios a economia deve afundar em 2021, porém se continuarmos o déficit público dispara.

“Está claro que a economia ainda não deslanchou, pois o nível de desemprego continua a subir. Isso significa que mais estímulos financeiros serão necessários no ano de 2021. Vale ressaltar que na Europa e nos Estados Unidos, já há um consenso entre as autoridades monetárias e os governos federais que a economia não se recuperará no início o ano por si só, entretanto devido ao fato do dólar e do Euro serem reservas internacionais de valor, é mais fácil tomar esse tipo de decisão. Aqui no Brasil estamos em uma encruzilhada pois se não mantivermos o Auxílio Emergencial e o Programa de Emprego, poderemos ver a economia naufragar, pois vamos tirar as pernas de sustentação da retomada, por outro lado tudo isso é muito caro e a dívida bruta pública já está pressionada pelo “orçamento de guerra de 2020”. A questão que se impõe é como manter esses programas sem passar a impressão de descontrole fiscal?”, explica o economista Igor Lucena.

 

“Na minha opinião vamos ter dois parâmetros de análise. O primeiro é que com a continuidade das medidas fiscais e monetárias no exterior, isso de alguma maneira facilita que nós possamos ousar mais na mesma direção, porém o perigo a inflação e do descontrole fiscal aumentam. Com o aumento dos casos de COVID 19, acho que a prorrogação aos auxílios é inevitável, mas só conseguiremos manter a credibilidade fiscal se ao mesmo tempo já avançarmos nas reformas estruturais, demonstrando ao mercado que no longo prazo nossa razão dívida/pib deve cair e o crescimento com superávits deve voltar. Essa situação impõe ao mesmo tempo uma oportunidade para reformarmos o Estado, porém o tempo agora é curtíssimo”, declara o economista Igor Lucena.