Com uma frequência preocupante, a humanidade tem testemunhado a intensificação de furacões, que deixam um saldo destrutivo por onde passam. Katrina, Harvey, Sandy entre outros ventos furiosos são exemplos. Em um mundo assombrado pelas mudanças climáticas, esses fenômenos tendem a se tornar mais constantes e, segundo uma nova pesquisa, muitos devem perder velocidade — mas, acredite, isso não é nada bom.
Publicado na revista científica Nature, o estudo mostra que alguns furacões estão se movendo de forma mais lenta, persistindo por mais tempo nas regiões afetadas, o que causa enchentes e tempestades mais intensas e catastróficas.
Embora os furacões atinjam as regiões costeiras com ventos a velocidades destrutivas (passando fácil de 100 quilômetros por hora), a velocidade com que eles se deslocam em sua trajetória — a chamada velocidade de translação — tem um papel importante no saldo de devastação que o fenômeno causa. Esse movimento influencia principalmente a quantidade de chuva que cai sobre uma determinada região.
Em um mundo suscetível ao aumento dos termômetros, esse processo desperta preocupação. “Apenas uma desaceleração de 10 por cento na velocidade do furacão pode dobrar o aumento total de chuvas a cada 1 grau Celsius de aquecimento global”, diz Jim Kossin, pesquisador da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) e professor na Universidade de Wisconsin-Madison, em comunicado da instituição.
O pesquisador atribui isso, em parte, aos efeitos das mudanças climáticas, amplificadas pelas atividades humanas. Os furacões se movem de um lugar para outro empurrados pela força dos ventos. Mas à medida que a atmosfera da Terra aquece, esses ventos podem enfraquecer, particularmente em lugares como os trópicos, onde furacões ocorrem frequentemente, levando a tempestades mais lentas.
Em sua análise, o pesquisador comparou 68 anos (1949-2016) de dados mundiais da NOAA sobre a trajetória e intensidade de furacões para identificar mudanças nas velocidades de translação. Ele descobriu que, em todo o mundo, as velocidades médias dos furacões desaceleraram 10% nesse período.
Kossin também identificou uma variação regional dessa perda de velocidade. A desaceleração mais significativa, de 20%, ocorreu na região do Pacífico Norte, que inclui o Sudeste Asiático. Perto dali, na região australiana, Kossin identificou uma redução de 15%. Já no Atlântico Norte, que inclui os EUA, a desaceleração média foi de 6% nas velocidades de deslocamento dos furacões.
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