Na noite deste domingo (5), durante a cerimônia da 65ª edição do Grammy Awards, a cantora Olivia Rodrigo surpreendeu – tanto público quanto crítica especializada – quando anunciou a cantora Samara Joy como a vencedora da categoria de “Artista Revelação”.
O resultado decepcionou a torcida brasileira, que via na estrela pop Anitta a possibilidade de trazer para casa um dos quatro principais prêmios da noite pela primeira vez depois de quase 60 anos.
A última vitória do país nas categorias de destaque foi em 1965, quando Astrud Gilberto venceu “Melhor Gravação” por sua versão de “Garota de Ipanema” e o gênio João Gilberto venceu “Álbum do Ano” por “Getz/Gilberto”, ambos em colaboração com o saxofonista americano Stan Getz.
Naquele mesmo ano, Astrud e Tom Jobim ainda disputavam o “Artista Revelação”, mas não ganharam por conta de uma banda de Liverpool em ascensão chamada The Beatles.
Dessa vez, quem frustrou o Brasil nesta categoria foi Samara Joy. Uma novaiorquina de apenas 23 anos, estrela do jazz e do TikTok.
O prêmio de Samara Joy sucede a surpreendente vitória, em 2022, do pianista Jon Batiste em “Melhor Álbum do Ano“, indicando certa predileção dos 12 mil membros votantes da Academia de Gravação pelo jazz.
Nascida em 1999 no bairro do Bronx, em Nova York, Samara vem de uma família musical. Seus avós fundaram o grupo gospel The Savettes, seu pai Andraé Crouch tocava baixo na banda do cantor gospel sete vezes premiado pelo Grammy, Andraé Crouch.
Eventualmente, a jovem seguiu a tradição familiar, primeiramente cantando na igreja e, anos depois, entrando para uma banda de jazz da Fordham High School for the Arts.
A paixão pelo jazz ganhou forma quando ela passou a estudar o gênero na Universidade Estadual de Nova Iorque (SUNY, na sigla em inglês), na cidade de Purchase.
A partir de 2019, ela começa ser reconhecida, vencendo competições de jazz e se apresentando com artistas mais conhecidos do gênero, como o baixista Christian McBride e o pianista Bill Charlap.
Em 2021, enquanto se formava na faculdade, ela gravou seu álbum de estreia “Samara Joy”, lançado pela Whirlwind Records.
Naquele ano, ela começou a ser mais reconhecida nas redes sociais, como o TikTok, ao postar vídeos de suas performances e gravando reacts de outros artistas. Por exemplo, uma publicação em outubro de 2021 chegou a ter 1,3 milhões de views.
Atualmente, Samara tem mais de 217 mil seguidores no TikTok e mais de 2,4 milhões de curtidas acumuladas. Os números ajudaram a impulsioná-la a fazer turnês pelos Estados Unidos e Europa.
“Acho que talvez as pessoas se identifiquem com o fato de que não estou fingindo, que já me sinto inserida nisso. Talvez eu consiga alcançar as pessoas pessoalmente e nas redes sociais porque é real”, disse a cantora na biografia disponível em seu site.
No ano passado, com uma banda formada por seus ex-professores da SUNY, Samara lançou o álbum “Linger Awhile”, pela Verve Records, que rendeu suas duas indicações no Grammy deste ano.
O álbum foi aclamado pela crítica. Por exemplo, o New York Times afirmou que a cantora ajuda o jazz a dar uma guinada jovem, enquanto a NPR a chamou de “clássica cantora de jazz de uma nova geração”.
Antes da cerimônia televisionada deste domingo começar, ela já havia comemorado a vitória por “Melhor Álbum de Jazz Vocal”. Horas depois, Samara se tornou a primeira jazzista a vencer a categoria revelação desde Esperanza Spalding, em 2011.
Ao receber o prêmio das mãos da vencedora do ano passado, a cantora Olivia Rodrigo, Samara Joy declarou enquanto segurava as lágrimas: “Eu nem consigo acreditar. Eu assisto vocês pela televisão há tanto tempo.”
“Estar aqui com vocês… nascida e criada no Bronx, Nova York, minha família está aqui. Eu cantei por toda a minha vida. Meus avós, meu pai. Muito obrigada por essa honra, obrigado a todo mundo que me ouve e me apoia”, acrescentou.
“Estar aqui, apenas sendo eu mesma, sendo quem eu nasci, sou tão grata”, concluiu.
Fonte: CNN