Equipe Gazeta do Cerrado

Com escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, a Polícia Civil mostrou diálogos entre integrantes de um suposto grupo criminoso de tráfico de drogas no Tocantins, e planejavam matar uma mulher de um grupo rival. No diálogo, as suspeitos identificados como Beatriz e Sanguinário chamam os inimigos de “lixo” e dizem que eles deveriam estar em caixões.

As conversas gravadas fazem parte da investigação que deu origem a Operação Rosetta deflagrada na manhã desta quinta-feira, 24.

Ao todo, 14 pessoas foram presas.

As duas pessoas dos diálogos conversaram quando a operação já havia sido deflagrada. Beatriz até comenta das prisões e afirma que entre as presas estava uma milagre que ela é suas parceiras estavam planejando matar.

Sanguinário: E ai como é que tá a força desse lado ai minha guerreira?

Beatriz: Tá tranquilo, pô!

Sanguinário: E ai né? Tá calmo?

Beatriz: Cara você ficou sabendo da operação que teve aqui hoje?

Sanguinário: Não véi. Que que foi?

Beatriz: Uai, foi preso aqui uns seis, mas foi dos lixo, pô. Num tem a tal da Lora?

Sanguinário: Ah então tá de boa. Dos lixo nois nem pega, tá ligado? Agora se fosse entre nois era outra coisa, né irmã?

Durante a conversa eles expressam ódio pelo grupo rival. O homem chega a falar, em tom de ameaça, que deseja ‘eliminar’ os adversários.

Sanguinário: Para esses lixo ai é só caixão pra eles mesmo.

Beatriz: Ora! Nois tava planejando aqui matar a Lora, mas foi presa antes, pô.

Sanguinário: Hum, entendeu irmã. Mas é nois. Daqui uns dias nois tamu pingando aí nesse povoado pra vê se nois dá uma ajuda aí pra eliminar essas raça.

A operação
A operação Rosetta cumpriu 13 mandados de prisão em seis cidades do estado, 11 deles contra mulheres. A polícia informou que todas as mulheres investigadas possuem “cargos” importantes dentro da facção, gerenciando, ordenando e executando tarefas de relevância.

Os mandados foram cumpridos em seis cidades do Tocantins: Araguaína, Aliança do Tocantins, Miracema, Pium e Pedro Afonso, além de Palmas. O objeto da ação foi desarticular a participação dessas mulheres no grupo criminoso.

A operação foi realizada pela Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Deic) de Palmas. Participaram da ação 14 equipes de policiais civis das divisões de Combate ao Crime Organizado, Investigações Criminais, Repressão a Narcóticos e Homicídios.

A operação ganhou o nome por causa de Rosetta Cutolo, irmã do chefe de uma facção criminosa da Itália. Ela teria orquestrado, em 1978, a fuga de seu irmão de uma unidade hospitalar psiquiátrica. Até aquele momento, não se tinha registros da participação feminina em altos cargos de decisão e gerenciamento de organizações criminosas.