Pérola Venâncio
Cachorro, gato, hamster, peixes. Não há dúvidas de que os animais fazem parte da vida das pessoas e de que a sanidade deles interfere diretamente na saúde pública, mas será que eles recebem a devida atenção do poder público? As políticas públicas para animais são vigentes em Palmas?
A Gazeta do Cerrado entrevistou ONG’s, tutores de pets e estudantes de medicina veterinária da Capital para responder estas questões. De acordo com eles, há sim assistências aos animais, mas de forma muito precária.
Serviços prestados em Palmas
A Secretaria Municipal de Saúde de Palmas (Semus), por meio da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses e em parceira com o Hospital Veterinário da CEULP/ULBRA oferece vacinas e castração para cães e gatos, no entanto, extremamente restrito.
O agendamento para atendimento é feito via site, apenas no final de cada mês, para apenas 2 machos e 2 fêmeas por ano e caso o tutor não compareça ao local, ele é bloqueado por 6 meses no sistema. http://caievs.palmas.to.gov.br/.
De acordo com a tutora dos cachorro Duke, Kelley Stella, o bloqueio acontece porque há uma fila de espera muito grande de animais domésticos e abrigados pelas ONGs. Além disso, encontra muita dificuldade de comunicação com o serviço. “Você liga, não atende, tem que levar lá se quiser castrar, qualquer informação é impossível de conseguir” disse Kelley.
Duke
Marycats
Mariana Almeida, professora universitária, é idealizadora do projeto Marycats, que oferece assistência voluntariada para gatos de rua. Ela também falou sobre a fila. “Eu sei q existe uma fila de mais de 12 mil animais aguardando serem castrados, animais de pessoas mesmo”.
Segundo Mariana, o projeto surgiu diante a grande demanda de animais que sofrem na rua.
Ela afirma que resgata em torno de 30 gatos e 3 cachorros por mês. Após serem vacinados, os animais são doados para pessoas que queiram e têm responsabilidade para adotar. “Ja doei mais de 600 animais castrados durante nosso projeto” Marycats conta 10 voluntarios no total.
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Gatil da Marycats
Sobre o poder público, Mariana afirma que a assistência é negativa. “ Infelizmente não existe nenhuma ação em prol de animais de rua, não há abrigo, não há hospital público veterinário, não há ações de conscientização da sociedade e nem oferta de castrações gratuítas suficientes para atender a enorme demanda, já que a castração faz parte da solução para minimizar a quantidade de animais sofrendo nas ruas” disse a professora.
Animais abandonados
Ao ser questionada sobre a quantidade de animais abandonados na rua em Palmas, a Secretaria Municipal de Saúde afirma que não tem esse controle e que busca junto às ongs, atualizar os dados com a inclusão dos animais de rua.
Uma estudante de medicina veterinária que prefere não ser identificada, afirmou que até para fazer trabalhos acadêmicos não consegue dados. “Quando tenho que levantar pesquisas para trabalhos, sempre são muito fracas, nunca obtive algo concreto”, disse.
Uma vez que vivem nas ruas, essa população animais apresentam um grande aumento por conta de sua capacidade de reprodução de inúmeras crias e rápido amadurecimento. Esse descontrole de natalidade resultam no abandono de animais e problema de saúde pública, visto que estes podem transmitir doenças, tais como: raiva, leptospirose e leishmaniose; também parasitas como: vermes, pulgas, entre outras e ainda, provocar acidentes de trânsitos e agressão às pessoas.
Protetores de animais na política
Mariana Almeida, Giane Oliveira, Diego Pires e Pitty Lilian formaram o Coletivo Protetores e lançaram a pré-candidatura coletiva a deputado estadual. “Resolvemos entrar na politica para ter a possibilidade de buscar politicas publicas em prol dos animais, pois precisamos dar voz ao sofrimento deles e vimos que somente protetores podem fazer algo na politica”, disse Mariana.
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Ela afirma que durante o período de eleição, políticos prometem apoio à causa, mas após a campanha, esquecem dos animais. “A prefeita por exemplo prometeu durante a campanha um hospital publico e em sua gestão não fez nada em prol dos animais” lembra a protetora.
A Gazeta questionou a Prefeitura sobre a proposta do Hospital Veterinário e a resposta foi de que há esforços para implantá-lo, mas enquanto isso não ocorre, a gestão segue tentando ampliar o atendimento do Caievs.
Nota
“A Secretaria Municipal da Saúde de Palmas (Semus) estima, conforme dados da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVCZ), que a Capital tenha cerca de 29 mil cães e gatos domiciliados. Ressalta, que este quantitativo, com o apoio de Organizações Não Governamentais (ONGS) de proteção à animais, está sendo atualizado com a inclusão dos animais de rua.
A Semus reforça que, além da vacinação antirrábica e do serviço de castração já disponibilizados, tem buscado a melhoria contínua dos atendimentos, bem como a viabilização das propostas constantes do plano de governo da atual gestão. Ressalta que, embora o Hospital Veterinário não esteja incluso no plano, a Semus está envidando esforços para implantá-lo. Enquanto isso não ocorre, a Semus informa que está em andamento o credenciamento de hospitais veterinários do município para que a oferta de serviços seja brevemente ampliada”.