Fernando Caetano e os filhos Ângelo e Lúcio – Foto – Marcos Filho Sandes/Prefeitura de Araguaína
“Você está doido?”. “Vai estragar a sua vida!”. “Não vai dar conta”. Essas foram frases que o terapeuta holístico Fernando Caetano, de 43 anos, contou ter escutado das pessoas quando falou do desejo de adotar. Ele é o segundo personagem da série de histórias sobre paternidades exemplares contadas pela Prefeitura de Araguaína neste mês dos pais.
Fernando lembra que as críticas não foram empecilhos para tomar a decisão que mudou sua vida, em 2017. “Eu sempre fui muito corajoso, porque, junto dos problemas, vem a solução e são as dificuldades que nos tornam melhores. Hoje eu sou uma pessoa muito melhor por causa dos meus filhos”, contou.
Solteiro, o processo de adoção levou quatro meses e a chegada dos filhos Ângelo e Lúcio, que na época tinham 10 e 14 anos, trouxe ensinamentos, mais alegria e encantou todos ao seu redor. “Eles são incríveis, sempre foram muito gentis e cativantes. Sempre agregaram. Então o amor dos meus irmãos, tios, primos, mãe e pai com eles foi imediato”, afirmou Caetano.
De “Tio Fernando” para pai
Com um instinto e desejo paterno presente desde a infância, Fernando reconheceu Lúcio e Ângelo como filhos antes mesmo da decisão de adotá-los. Ele realizava com frequência trabalhos voluntários na Casa Ana Caroline Tenório, era conhecido no local como “Tio Fernando”. A conexão entre os três foi imediata e notada pelos servidores.
“Quando eu cheguei lá, a primeira criança que eu vi foi o Lúcio. Eu olhei para ele e ele para mim e todos perceberam. A partir daí ele começou a ficar do meu lado. Conheci o Ângelo semanas depois, ele notou a nossa união e foi se aproximando também”, contou.
A decisão
Fernando contou que não sabia da possibilidade judicial de adotar as crianças da Casa de Acolhimento e, quando foi informado, ficou feliz e ao mesmo tempo inseguro, pois adiou o sonho da paternidade com o medo dos desafios financeiros.
“Eu achava que não tinha estrutura e que não estava pronto. Mas me falaram o seguinte: ‘Eles precisam de amor, você tem para entregar?’. Eu respondi que tinha”, ressaltou.
Adoção e desafios superados
A família passou pela fase de adaptação, teve suporte psicológico, além do respeito de Fernando em lidar com a personalidade e traumas que os filhos carregavam por terem vivido em situação de vulnerabilidade social. Juntos também enfrentaram a pandemia e, segundo ele, essas dificuldades foram superadas.
“Teve uma época em que eu estava muito apertado e falei ‘O papai agora não pode comprar isso’. O Lúcio respondeu assim: ‘Pai, o importante não é o dinheiro que o senhor tem, e sim que estamos juntos e podemos passar por todos os problemas’”, relembrou.
Fernando ainda conta que, nesse período, descobriu uma nova profissão e absorveu diversas lições. “Eu era comerciante, tinha um aplicativo e precisei me reinventar. Passei a trabalhar como terapeuta holístico e hoje estou melhor que antes. A gente só conhece a si próprio quando temos os nossos filhos. Ser pai não é somente um elo sanguíneo, mas um sentimento”, expressou.
Ensinamentos
Ter um lar, suporte, receber amor, carinho e educação são motivos de muita alegria para os irmãos. Atualmente, Lúcio está com 21 anos e Ângelo com 16. Eles contam o quanto aprendem com o pai.
“Ele é acolhedor, o meu porto seguro, me ensinou a ter responsabilidade, o poder das palavras e o cuidado nas escolhas, pois tudo tem uma consequência”, contou Lúcio.
“Meu pai é uma motivação para eu viver e continuar com os meus objetivos. Penso em terminar os meus estudos e seguir os meus sonhos”, finalizou Ângelo.
Fonte – Secom Araguaína