A iniciativa de produzir alimentos com a participação da comunidade, em áreas próximas às suas casas, em Palmas, tem promovido a inclusão social e a segurança alimentar de idosos, mulheres, jovens, e de toda família de quem produz. Atualmente, as 23 hortas implantadas pela Prefeitura de Palmas atendem diretamente mais de 500 famílias e duas mil indiretamente, como fonte de complementação de renda dessas pessoas em situação de desemprego e melhoria do acesso a uma alimentação adequada.

Desde 1991, as Hortas Comunitárias, assim como as feiras livres, fazem parte da tradição do palmense que busca por alimentos fresquinhos e de qualidade. O programa também estimula o convívio na comunidade e a interação com a natureza, proporcionando benefícios físicos e mentais.

Marlilde Pereira de Morais, de 54 anos, conta que começou a cultivar na horta da Arse 112 (1.106 Sul), que fica em frente à sua casa, por recomendação do seu médico. “Eu vim pra cá, para curar uma depressão, e curei. Gostei tanto que já são quase 10 anos cultivando e hoje cuido de nove canteiros.”

A produtora explica que lá fez amigos, e a roda de conversa é uma terapia diária. Ela e o irmão Ronaldo Pereira de Moraes, que também tem canteiros na horta, conseguem tirar das vendas das hortaliças até R$600 por mês de renda extra cada. “Meu irmão iniciou este ano, e já conseguiu comprar três portas de madeira e toda a madeira da área da casa dele, só com o dinheiro da horta”. Os irmãos destacam que nem precisam sair do local para vender, os clientes vão buscar.

O presidente da horta da Arse 112, Mauri Veríssimo de Araújo, cuida de 15 canteiros com a esposa e a filha de 26 anos. “Aqui conseguimos complementar nossa renda e melhorar nossa alimentação em casa”. Mauri cultiva na mesma horta desde 97, e por 12 anos vendeu seus produtos nas feiras, hoje seus clientes são bares e restaurantes.

Já para Valterina Neres Cerqueira, Doninha como é conhecida pelos amigos, cultivar na horta é mais que uma renda extra ou uma forma de alívio para o estresse, é solidariedade. “Aqui além de ter uma renda extra, eu ajudo muitas pessoas que precisam, toda semana faço sacolas com os produtos que cultivo e entrego nas casas de pessoas que não tem o que comer.”

Assistência

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Rural (Seder) não há canteiros ociosos na Capital, todos estão sendo cultivados, e há uma lista de espera de interessados. “Quando identificamos que há algum canteiro sem cuidar, chamamos o responsável para saber o que está acontecendo, caso a pessoa não consiga mais cultivar, pedimos para que ceda o espaço para outra pessoa que está na fila de espera e precisa da horta para complementar a renda”, explica Valderi Salazar, diretor de patrulha mecanizada, responsável pelas hortas comunitárias.

Também é feito um trabalho de acompanhamento social dessas famílias por meio de uma assistente social e um engenheiro agrônomo. As ações são voltadas a promover a saúde e bem-estar social, estimulando hábitos alimentares saudáveis, o convívio comunitário, a cooperação e o trabalho em equipe, também são desenvolvidas oficinas de técnicas de plantio e manejo.

“Toda infraestrutura das hortas é por conta da Prefeitura, que cede a área, alambrados, portões, tanques para colocar água, tubulação hidráulica, insumos para o preparo de solo (correção, adubação química, orgânica), além de ferramentas (enxadas, pá, rastelo, carrinho de mão), sementes de hortaliças, defensivos químicos, pulverizadores entre outros. Além de toda assistência técnica para a implantação e acompanhamento do programa”, explica a assistente aocial, Marcelina Ferreira dos Santos.

São cultivadas diversas hortaliças como alface, cebolinha, coentro, rúcula, pimentas diversas, jiló, quiabo, couve, manjericão, salsa, além de plantas medicinais.