Brener Nunes

O estudante Sérgio Gomes Silva, cursa o 7º período de Pedagogia na Universidade

(Arquivo Pessoal)

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Federal do Tocantins (UFT), está há semanas tentando junto à instituição um intérprete de libras, pois possui deficiência auditiva. Segundo Sérgio, ele continua frequentando as aulas, mas a falta do profissional em libras acaba prejudicando muito seu aprendizado e aquisição de conhecimento.

O estudante conta que se o problema não se solucionar ele entrará com uma ação na Justiça. “Caso não seja apresentada uma solução o mais rápido possível vou procurar o Ministério Público Federal”, afirma.

Manifestação

Na noite dessa quarta-feira, 20, o centro acadêmico do Pedagogia juntamente com professores e comunidade acadêmica do curso, reuniram-se para um protesto simbólico em apoio a Sérgio. O movimento aconteceu entre os blocos E e F da UFT, para chamar a atenção da universidade, pedindo a contratação de um intérprete. Todos estavam com a boca tapada com fita simbolizando a voz que não estão dando ao aluno.

(Divulgação)

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Nota de repúdio

O Centro Acadêmico de Pedagogia Raimunda Quebradeira de Coco, vem através desta repudiar, bem como cobrar providências das instâncias competentes, a falta de intérprete de Libras para o aluno do curso de Pedagogia, Sérgio Gomes Silva. Sérgio é atualmente, o único estudante surdo do Campus Palmas, necessitando de intérprete de Libras que o acompanhe nas aulas e atividades, de acordo com o Decreto Nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005: “Art. 14. As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas acesso à comunicação, à informação e à educação nos processos seletivos, nas atividades e nos conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde a educação infantil até à superior.”

Sérgio se encontra sem intérprete no momento, já tendo perdido uma semana de aula no mês passado por esta ausência do profissional, e desde segunda-feira não tem conseguido permanecer nas aulas pelo mesmo motivo.

Esta situação é prejudicial ao aluno, que está no 7º período do curso, e consequentemente, exclusória, pois o mesmo não consegue se comunicar efetivamente sem o intérprete. O CAPED lamenta esta vergonhosa situação, bem como tomará providências para que o direito do estudante seja garantido, e para que a Universidade se torne cada dia mais inclusória e democrática. Aguardamos o posicionamento das instâncias responsáveis, bem como continuaremos em luta pelos nossos estudantes.

Atenciosamente,
Silvia Alyne Soares de Sousa
Coordenadora Geral do Centro Acadêmico de Pedagogia.

Resposta da UFT

Por meio de nota, a UFT esclarece que, o campus de Palmas possui intérpretes para dar suporte ao acadêmico, embora alguns estão de licença, Sérgio não ficou totalmente sem amparo, recebendo auxílio três vezes na semana.

“No dia 30 de agosto o Ministério da Educação (MEC) autorizou a contratação de cinco intérpretes para a UFT, e demais instituições que possuem demandas semelhantes a nossa. A UFT está elaborando o edital seguindo os prazos legais”, informou Marcelo Leineker, vice-diretor do Câmpus de Palmas.

Marcelo ainda diz que também foi lançado um edital para ata a contração de dois estagiários para dar suporte aos profissionais em libras, assim, melhorando a qualidade do atendimento ao estudante.

(Divulgação)

(Divulgação)

Confira nota na íntegra:

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Sobre o caso do aluno do curso de pedagogia, a Universidade Federal do Tocantins (UFT) informa que o Câmpus de Palmas possui intérpretes para dar suporte ao acadêmico e que embora alguns servidores de libras estejam momentaneamente de licença da instituição, o estudante não ficou totalmente sem amparo, recebendo auxilio três vezes por semana. A Universidade entende a importância e necessidade da acessibilidade em todos os momentos e em razão disso, está em andamento à contratação de cinco novos profissionais intérpretes de libras para o câmpus, e assim atender completamente a demanda de alunos com necessidades especiais.

“No dia 30 de agosto o Ministério da Educação (MEC) autorizou a contratação de cinco intérpretes para a UFT, e demais instituições que possuem demandas semelhantes a nossa. A UFT está elaborando o edital seguindo os prazos legais”, informou Marcelo Leineker, vice-diretor do Câmpus de Palmas.

Além da contratação de profissionais formados em Libras, de acordo Marcelo Leineker, foi lançado edital para preencher duas vagas de estágio a fim dar suporte aos profissionais de libras e assim melhorar a qualidade do atendimento ao estudante a partir do suporte ao intérprete da UFT. Uma estudante do curso de Libras foi selecionada e está aguardando a entrega da documentação.

Justiça

A advogado Vinnicius Ricelli, conta em entrevista à Gazeta do Cerrado, que a UFT pode levar advertência junto ao Ministério da Educação (MEC), pois existe a lei de proteção ao deficiente e direito a acessibilidade à Educação. “As sanções que a UFT pode levar são, multas, bloqueios financeiros e restrições maiores. Mas a priori são sanções pecuniárias de dinheiro”, explica.

Caso Carol

No final de 2013, a UFT de Palmas recebeu Caroline Reis, a primeira aluna cega do curso de Jornalismo.

A aluna diz que no início notou despreparo dos professores, mas com o tempo tudo foi

(Arquivo Pessoal/Facebook)

(Arquivo Pessoal/Facebook)

dando certo. “Eles próprios elaboraram uma forma para facilitar meu aprendizado”, destaca.

Para a estudante, a falta de acessibilidade dentro da universidade foi um dos pontos mais críticos e difíceis. Segundo ela, a responsável, na época, pelo Núcleo de Inclusão e Acessibilidade do Deficiente (Niad) que trata desta área na instituição, só soube que havia uma acadêmica com deficiência visual, após uma manifestação que os alunos de jornalismo fizeram pedindo acessibilidade e melhorias para o curso.

Em fevereiro de 2014, as coisas começaram a mudar para Carol, depois muita luta e manifestação por parte dos acadêmicos e colegiado do curso de Jornalismo, a UFT disponibilizou uma máquina de datilografia em braille é uma impressora braille para auxiliar em suas atividades acadêmicas.

Os equipamentos pertecem ao campus de Araguaína, de onde também foram transferidos algumas regletes para escrita manual em braille, sorobans para cálculos matemáticos, bengalas é um aparelho de MP3 para gravação de áudio.

Em entrevista à Gazeta, Carol conta o que mudou de 2014 até agora que já está no 8º e último período do curso. “ Para ser sincera, teve mais problemas doque melhorias. Por exemplo,a impressora braille, que seria de muita utilidade não funciona, porque ninguém da Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI) sabe configurar”, conta.

A acadêmica diz que as resoluções feitas pelo reitor da época, Márcio Silveira, não deram muito certo. “ Eles até colocaram sinalização no chão para mim, mas são da mesma textura do piso, então, não funciona.

Carol ainda conta que existe o Programa de Acessibilidade e Educação Inclusiva (PAEI) dentro da universidade, mas até agora está sem diretor, portanto, não tem efetividade.