Um incêndio de grandes proporções atingiu a vegetação às margens da Lagoa da Serra, em Rio da Conceição, na região das Serras Gerais, na tarde de quarta-feira, 4. Imagens divulgadas nas redes sociais mostram quiosques e árvores consumidos pelas chamas, assustando turistas que estavam no local. Segundo o Corpo de Bombeiros, o fogo foi controlado, e não houve registro de feridos.
A Lagoa da Serra, uma das principais atrações turísticas da região e considerada porta de entrada para o Parque Estadual do Jalapão, sofreu impactos significativos com o incêndio. O local, conhecido por ser um oásis no cerrado tocantinense, teve sua paisagem prejudicada, o que preocupa a comunidade local e os operadores turísticos que dependem do fluxo de visitantes.
Testemunhas relataram momentos de pânico. Uma pessoa, que preferiu não se identificar, contou que turistas de São Paulo estavam na lagoa e precisaram deixar o local às pressas. “O vento forte fez o fogo se espalhar rapidamente entre as cabanas com tetos de palha. Era muita fumaça, mal dava para ver”, disse.
Os bombeiros enfrentaram dificuldades no combate ao fogo devido às condições climáticas desfavoráveis e ao acesso complicado. “O vento forte e o solo arenoso dificultaram o trabalho, além da ponte que dá acesso à lagoa também ter sido atingida pelas chamas”, informou a corporação.
Queimadas em alta no Tocantins
O incêndio na Lagoa da Serra é um reflexo do aumento alarmante dos focos de queimadas em todo o estado. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio em agosto mais que dobrou em relação ao ano passado. Somente entre janeiro e o início de setembro, o Tocantins registrou 9.684 focos de queimadas, um cenário que agrava a destruição ambiental e a perda da fauna local.
Os incêndios florestais têm causado mortes e ferimentos graves em diversos animais silvestres. No último fim de semana, duas preguiças foram encontradas cercadas pelo fogo. Uma foi resgatada por moradores, mas sofreu graves ferimentos; a outra, infelizmente, foi carbonizada.
Segundo o veterinário Leonardo Moreira de Oliveira, da clínica Imperial, que cuida de animais resgatados, um dos grandes desafios é alimentá-los após o trauma. “Muitos dos animais silvestres resgatados param de comer, o que compromete a recuperação”, explica.
Além da fauna, os incêndios têm causado destruição em áreas rurais. Em São Miguel do Tocantins, na região do Bico do Papagaio, moradores de dois povoados perderam suas casas, e animais foram mortos pelas chamas. “O gado está desnorteado, sem pasto, andando na cinza”, desabafa um fazendeiro da região.
Com a intensificação das queimadas e a destruição crescente, o estado enfrenta uma verdadeira crise ambiental e social, exigindo medidas urgentes para controlar os incêndios e proteger a vida selvagem e as comunidades afetadas.