Enfermeira segura frasco da CoronaVac antes de aplicação em voluntário no Instituto Emílio Ribas, em São Paulo — Foto: Reuters
A Indonésia aprovou nesta segunda-feira (11) o uso emergencial da CoronaVac e anunciou que a vacina da farmacêutica chinesa Sinovac teve 65,3% de eficácia, segundo os resultados preliminares da última fase de testes do imunizante contra a Covid-19 no país.
A vacina também é testada no Brasil, em parceria com o instituto Butantan, e sua eficácia foi de 78% para casos leves e de 100% contra mortes, casos graves e internações nos voluntários vacinados que foram contaminados.
Na Turquia, a CoronaVac teve 91,25% de eficácia contra o novo coronavírus, também segundo dados preliminares divulgados no fim dezembro. Na época, o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que a Sinovac “quer entender por que tivemos um resultado e, em outros países, outro”.
A taxa de eficácia é um conceito que se aplica a vacinas em estudos e representa a proporção de redução de casos da doença contra a qual ela quer proteger entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado.
Na prática, se uma vacina tem 78% de eficácia para casos leves, isso significa dizer que 78% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas contra aquela doença. A taxa mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 50%.
O Butantan solicitou na quinta-feira (7) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a aprovação do uso emergencial do imunizante no país.
Pessoa segura caixa da CoronaVac, vacina contra a Covid-19, em frente à sede do Instituto Butantan em São Paulo — Foto: Aloisio Mauricio/Estadão Conteúdo
Vacina de vírus inativado
A CoronaVac utiliza vírus inativados para induzir a resposta do sistema de defesa do corpo. Esta técnica usa vírus que foram expostos em laboratório a calor e produtos químicos para que se tornem incapazes de se reproduzir.
A vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, Denise Garrett, explica que o vírus inativado induz uma resposta imune para todo o vírus – e não só para a proteína S, que é a que ele usa para entrar na célula.
“Você tem a produção de anticorpos para todas as proteínas na superfície do vírus. É como se diluísse a resposta imune – para isso, eles usam adjuvantes, nesse caso, o alumínio”, afirma. Os adjuvantes servem para reforçar a indução da resposta imune gerada pela vacina.
Infográfico mostra como funciona uma vacina de vírus inativado — Foto: Arte G1
Comparação entre vacinas
O índice registrado pela CoronaVac no Brasil e na Indonésia é menor que os das vacinas desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer e Moderna, que já foram aprovadas na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países. As vacinas, que usam a tecnologia de RNA mensageiro, alcançaram eficácias de 95% e 94%, respectivamente.
A microbiologista Natália Pasternak explica que já era esperado que a CoronaVac tivesse uma eficácia menor que as das outras vacinas, por ser feita com o vírus inativado.
“É completamente esperado. Uma vacina de vírus inativado dificilmente vai ter a mesma eficácia do que vacinas de RNA ou vacinas de adenovírus [vetor viral], que conseguem entrar na célula e imitar, de uma forma muito mais efetiva, a infecção natural. Elas acabam provocando uma resposta imune que é tanto de anticorpos como de resposta celular”, explica.
“A vacina inativada não consegue provocar uma resposta tão completa. É esperado que ela tenha uma eficácia menor. A eficácia de 78% da CoronaVac, ao que tudo indica, é uma eficácia excelente e compatível com uma vacina de vírus inativado. Com uma boa campanha, vai ser uma ótima vacina para o Brasil”, afirma.
O virologista Eduardo Flores, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, concorda.
“Se essa vacina da CoronaVac conseguiu 78% de eficácia, é muito bom. Muito bom mesmo. É uma vacina cuja tecnologia é muito antiga, se conhece bem os efeitos colaterais, que são muito poucos. Eu acredito que essa é uma vacina que é uma importante ferramenta nessa luta contra o coronavírus”, afirma Flores.
Fonte: G1