O deputado Eduardo Siqueira Campos (DEM) declara que, recebeu através do seu advogado, a informação que seu nome foi excluído do processo relativo à primeira operação da Polícia Federal, ocorrida em 2016, em que o parlamentar foi conduzido coercitivamente para prestar esclarecimentos e teve celulares e computadores levados pelos policiais. A sua exclusão do processo não repara os danos à sua imagem causados por aquela condução coercitiva, apesar da concordância do Ministério Público Federal e do seu não indiciamento. O deputado não vai citar o nome da operação, por orientação da sua defesa e também em virtude do referido processo correr sob sigilo.

O deputado destaca que por mais de 1 ano e 3 meses viveu sob o manto da culpa, para que depois da investigação, fosse declarada sua inocência.

Sobre os dois depoimentos que prestou nesta quinta-feira, 1, o deputado Eduardo Siqueira Campos informa que foi intimado há 15 dias e prontamente compareceu à sede da PF. Respondeu a todas as perguntas e não se utilizou do direito de permanecer em silêncio para colaborar com a Justiça na elucidação dos fatos em questão. Tratam-se de situações que apenas precisavam de suas informações, declarações e depoimento. No entanto, o deputado não pode se pronunciar para não atrapalhar as investigações e não descumprir um possível sigilo processual.

Assim como foi inocentado na primeira operação, o deputado Eduardo Siqueira declarou que espera o mesmo desfecho nas demais investigações em que seu nome for citado, pois tem a plena consciência de que não participou de atos de desobediência às Leis.

O deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM) está sendo ouvido na sede da Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (1). O novo depoimento teria ligação com uma das fases da operação Ápia, que investiga contratos de empréstimos do governo do Tocantins feitos entre 2012 e 2014, que somam R$ 1,2 bilhão para obras de pavimentação no interior do estado.

Entenda

O deputado Eduardo Siqueira também foi ouvido na quarta fase da Ápia, em 2017. Na época, ele foi levado coercitivamente para depor. A suspeita era de que ele teria recebido propina de empresários.

Desta vez, a Polícia Federal quer apurar se o parlamentar negociou com empreiteiras o pagamento de propina na pavimentação de um trecho da TO-050 que dá acesso a Lago da Confusão, sul do Tocantins.

A operação começou ainda em 2016 e é considerada a maior investigação da Polícia Federal no estado. Com vários desdobramentos e seis fases, a Ápia levou à prisão empreiteiros, políticos e até o ex-governador Sandoval Cardoso, que chegou a ser preso e ganhou liberdade após pagar fiança.

Operação Ápia

Apenas nas quatro primeiras fases da Ápia foram 90 investigados e cerca de 500 indiciamentos. Mais de 2 mil documentos foram apreendidos e analisados. Além disso, 41 pessoas tiveram bens bloqueados num total de R$ 431 milhões. São casas, apartamentos, fazendas e carros, entre outros.

Um relatório de 226 páginas foi concluído e entregue ao Ministério Público Federal durante 2017, mas as investigações continuam. O acordo de delação feito com Guimarães, a empresa dele recebeu cerca de R$ 135 milhões em contratos questionados.

A Ápia teve como foco contratos de empréstimos do governo do Tocantins feitos entre 2012 e 2014, que somam R$ 1,2 bilhão para 12 obras de pavimentação no interior do estado. A Polícia Federal apurou que o desvio aconteceu no momento em que o Estado pagou indevidamente as empreiteiras por serviços não realizados.

Desdobramento

A documentação apreendida em todas as fases da Ápia deu origem a outra operação chamada Convergência, que envolvem a família do governador Marcelo Miranda e do procurador-geral de justiça Clenan Renaul.

O chefe do MPE é suspeito de beneficiar empreiteiros e os filhos dele, que segundo a Polícia Federal teriam recebido propina por meio de um contrato fictício com um escritório de advocacia. Mas, até agora, nada ficou provado segundo os procuradores.

Esquema

Segundo informações da PF, a organização suspeita de fraudar licitações de terraplanagem e pavimentação asfáltica no Tocantinsfuncionava em três núcleos compostos por políticos, servidores públicos e empresários.

Segundo o superintendente regional da PF no Tocantins, Arcelino Vieira, os núcleos eram formados com a intenção de fraudar e burlar a fiscalização de forma a conseguir lucrar com os serviços, que muitas vezes não eram executados.

“O núcleo político era composto por pessoas que compunham o alto escalão do Estado, dois ex-governadores que, através de contratos com Banco do Brasil, conseguiram empréstimos internacionais”, disse.

O superintendente explicou que os empréstimos estavam fundamentados em uma lei estadual, a qual também autorizou o estado a criar um comitê executivo que gerava os recursos e os distribuía para várias secretarias estaduais. Uma delas era a Secretaria de Infraestrutura (Agetrans) que fazia a licitação e o acompanhamento de todas as obras.

Segundo a investigação da PF, os recursos adquiridos através de três linhas de crédito somavam R$ 1,2 bilhão. Deste valor, a Agetrans ficou com R$ 850 milhões para investir em obras nas rodovias, mas os contratos receberam aditivos que se computados, ultrapassariam R$ 1 bilhão.

“Os editais eram recheados de cláusulas restritivas à concorrência que favoreciam empresários do grupo. Ao final se constatou que havia ajuste de preços para dividir o lote entre seis empresas. Está bem clara a existência de um cartel para o fim de fraudar as licitações e desviar dinheiro público federal”, explicou o procurador da república José Ricardo Teixeira.

Terminou por volta do meio-dia desta quinta-feira (1) o depoimento do deputado Eduardo Siqueira (DEM) na sede da Polícia Federal. Conforme apurado, o parlamentar foi intimado para prestar esclarecimentos sobre as investigações da operação Ápia. Ele foi ouvido por cerca de 3 horas.

Com informações do G1 Tocantins