(Foto: Polícia Civil/Divulgação)

A investigação sobre a abordagem feita por PMs ao delegado Marivan da Silva Souza foi concluída pela Polícia Civil. O relatório foi enviado à Justiça nesta terça-feira (7) e pede que os policiais sejam denunciados por tentativa de homicídio duplamente qualificado. O inquérito aponta que não houve perseguição e a abordagem tinha o objetivo de atingir o ocupante do veículo.

delegado foi baleado com três tiros em Guaraí, na região central do estado, após ser confundido com um criminoso por policiais militares do Batalhão de Policiamento de Choque. Os militares estavam em carro descaracterizado procurando suspeitos do assalto a um carro-forte na BR-153.

Duas investigações independentes foram abertas para apurar o caso. Uma está sendo feita pelo Comando Geral da PM e outra pela Secretaria de Segurança Pública. Os policiais Frederico Ribeiro dos Santos, João Luiz Andrade da Silva, Thiago Mariano Duarte Peres e Cleiber Levy Gonçalves Brasilino estão detidos no quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Palmas.

Durante depoimento, na semana passada, os PMs disseram que o delegado foi perseguido em alta velocidade e descumpriu várias ordens de parada. Porém, o inquérito da Polícia Civil aponta que houve no máximo um acompanhamento “discreto da vítima”.

“Filmagens de câmeras de segurança que registraram, em quatro diferentes pontos […], a movimentação da SW4 [em que estava o delegado] e da L200 [dos PMs] em questão. Desde o ponto em que ingressaram na Avenida Bernardo Sayão até o local dos fatos – trajetória que corresponde a 800 metros –, esses carros trafegaram em baixa velocidade e entre eles houve a distância de 15 a 25 metros”, diz trecho da perícia.

Os policiais também afirmaram que atiraram com a intenção de apenas parar o carro do delegado, mas acabaram acertando o para-brisa traseiro na direção da cabeça do motorista. A investigação contesta a versão e diz que não há explicação para os militares terem errado o alvo em quase um metro.

“Não se verifica nenhum fator concreto que pudesse levá-los a errar o alvo que disseram visar, como por exemplo, aclive ou declive do solo (o local é reto), irregularidade deste (o local é asfaltado), alta velocidade dos carros (estavam, no caso, em velocidade não superior a 50 km/h) e grande distância entre eles (estavam, no máximo, a 15 metros).”

“Conclui-se que os investigados não erraram, por imperícia, os disparos, mas, ao revés, os acertaram no alvo visado. Admitir o contrário seria presumir-lhes, sem qualquer amparo em elementos fáticos, o total despreparo, apenas para livrar-lhes de punição.”

(Foto: Divulgação/Polícia Civil)

Outro lado

O advogado Indiano Soarez, responsável pela defesa dos policiais disse que o relatório está desvirtuado e a Polícia Civil não tem competência para investigar o caso.

“O principal fato é que o delegado estava em um carro usado por quadrilha de assalto a bancos. Há um inquérito militar em andamento, que é o competente, e se houve algum crime foi apenas uma lesão corporal. Os policiais agiram sob o prisma da legitima defesa.”

O advogado disse ainda que pediu um novo habeas corpus nesta quarta-feira (8) e espera decisão favorável do Tribunal de Justiça.

Entenda

O caso aconteceu no dia 28 de outubro, após os PMs confundirem o delegado com um criminoso. Marivan da Silva Souza levou três tiros, um na mão, um na orelha e outro de raspão na cabeça. Ele perdeu parte de uma das orelhas. Souza recebeu alta do hospital em que estava internado em Palmas.

Os disparos foram feitos por policiais da Companhia Independente de Operações Especiais da Polícia Militar, que estariam na cidade procurando suspeitos do assalto a um carro-forte na BR-153.

Câmeras de segurança de um mercado flagraram a ação. Nas imagens é possível ver uma caminhonete com vários homens armados perseguindo o carro do delegado. Na sequência, várias pessoas que estavam na rua correm para dentro do comércio antes dos tiros começarem.

Em outro vídeo, feito por um cinegrafista amador, o delegado está deitado na rua após ser baleado três vezes e há vários policiais em volta gritando para que os moradores se mantenham longe do local.

Marivan da Silva Souza é o responsável pela delegacia de Colmeia, também na região central do estado. O carro em que ele estava ficou com várias marcas de tiros.

Fonte: G1 Tocantins