Briner Bitencourt morreu no dia em que seria solto, logo após provar que era inocente – Foto – Instagram/Reprodução

Lucas Eurilio

Há exato um mês, o jovem motoboy influencer Briner Bitencourt, de 22 anos partiu. Ele foi preso injustamente durante uma operação policial e lutou durante um ano para provar que era inocente. No dia em que sairia da prisão, a família que nem sabia que ele estava doente, recebeu a notícia de sua morte.  Ele morreu dentro do Presídio em Palmas e estava algemado, segundo seu pai disse em entrevistas.

A morte de Briner comoveu toda a população e teve grande repercussão não apenas nas mídias do Tocantins, mas em todo o Brasil.

No dia em que se completa um mês em que o influencer digital faleceu, a Gazeta do Cerrado conversou com sua irmã, Beatriz Tainá Madeira Sampaio, de 27 anos.

Ela contou que a dor da perda não vai passar e que hoje a família estaria celebrando um mês da liberdade dele.

“É uma dor que não passa, nunca vai passar. O pensamento era de que estaríamos comemorando um mês da liberdade dele, mas é exatamente o oposto disso”.

Beatriz contou ainda que o irmão era o mais incrível e além de ser um filho maravilhoso era um tio incrível. Ele tinha o sonho de se alcançar o máximo de pessoas com seus vídeos.

“Briner era nosso xodó, era um irmão incrível, um tio maravilhoso, um filho excepcional, um amigo muito querido por todos. Ele tinha vários, mas o principal era conseguir alcançar o máximo de gente possível com os vídeos alegres dele”, disse.

Briner no aniversário da sobrinha com a irmã Beatriz – Foto – Arquivo Pessoal

A irmã do influencer relatou também sobre a revolta do irmão ter o pedido para responder em liberdade negado.

“Foi uma tristeza e revolta, porque ele poderia ter respondido todo esse processo em liberdade, o que foi negado a ele. Ele réu primário, com residência fixa, com boa índole, como até mesmo os empregadores dele afirmaram que ele era”.

A família espera que a justiça seja feita e Beatriz disse que nenhum dinheiro do mundo vai suprir a falta que Briner faz.

“Espero que a justiça que ele deveria ter recebido em vida, seja feita agora. Nenhuma indenização no mundo vai suprir a falta dele, mas o estado precisa pagar pela negligência cometida, e precisa olhar melhor pros reeducandos que estão sob os cuidados deles, pra que não haja mais casos como o do meu irmão”.

Revolta

Thiago Oliveira Sabino de Lima – Foto – TV Anhanguera/Divulgação

Beatriz também falou sobre a revolta do Governo do Estado, promover o policial penal Thiago Oliveira Sabino de Lima, responsável pela unidade penal onde estava Briner, quando morreu.

Thiago havia deixado o cargo de chefe uma semana após a morte do influencer digital, mas uma publicação no Diário Oficial do Estado (DOE) mostra que ele foi promovido a Gerente da Unidade Penal de Palmas (UPP) e a partir de agora ficará responsável por políticas de alternativas penais, conforme documento abaixo.

Revoltada, Beatriz disse que a vida do irmão não valeu nada pra ele e nem pro Estado.

“Ficamos sabendo que o diretor que havia se afastado da UPP, foi promovido pra outro cargo. A vida do meu irmão não valeu nada pra ele, não valeu nada pro estado, tanto que estão promovendo alguém que teve tanta culpa na morte dele quanto o estado que o negligenciou. Simplesmente revoltante”, concluiu.

O que diz a Seciju sobre a promoção

Nossa reportagem entrou em contato com a Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju) e aguardamos uma resposta sobre a promoção do policial penal.

Laudo da morte de Briner

A nossa equipe também entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública (SSP-TO) perguntando sobre o laudo da morte de Briner.

Em nota encaminhada à nossa equipe, a SSP disse que o jovem morreu em decorrência tromboembolismo pulmonar, infarto pulmonar, Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) e pneumonia bacteriana. (Veja na íntegra mais abaixo). 

Veja aqui Linha do tempo até a morte de Briner

O órgão disse ainda que não havia sinais de tortura nem de intoxicação.

Íntegra da nota da SSP

Nota à imprensa

Assunto: Caso Briner Bittencourt
Data: 04/11/22

Sobre a causa da morte de Briner de César Bittencourt, a Secretaria da Segurança Pública do Tocantins (SSP-TO) reitera que houve a necessidade de realizar alguns exames em um laboratório forense de Brasília (DF) e que os mesmos já foram concluídos. Não houve atrasos, tudo foi realizado com a excelência pela qual a Polícia Científica costuma primar em todos os seus procedimentos.

Assim, o laudo conclusivo aponta que Briner faleceu em decorrência de Tromboembolismo pulmonar, infarto pulmonar, Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) e pneumonia bacteriana.

A SSP-TO reitera ainda que não há sinais de intoxicação ou de tortura.

Quanto às investigações, as mesmas estão sendo conduzidas pela 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP – Palmas). Mais informações serão passadas em momento oportuno.

Secretaria da Segurança Pública do Tocantins

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