Para proteger o Cerrado Brasileiro foram mapeadas através de um Mosaico Ecológico, áreas de interesse da preservação ambiental e desenvolvimento sustentável na região do Jalapão.
Entenda
Mosaico de unidades de conservação (UC) é um modelo de gestão que busca a participação, integração e envolvimento dos gestores de UC e da população local na gestão das mesmas, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional.
Mosaico Jalapão
A criação do Mosaico Jalapão pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), em setembro deste ano (30/09), agregam mais de 3 milhões de hectares de áreas protegidas no Cerrado. Esse é o terceiro Mosaico de Unidades de Conservação no bioma e passa a ser a maior porção de Cerrado protegidos por lei, com nove unidades de proteção integral e uso sustentável localizadas nos estados do Tocantins e da Bahia.
Segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), um mosaico é constituído quando existem UCs próximas, justapostas ou sobrepostas, pertencentes a diferentes esferas de governo ou de gestão particular. A legislação prevê ainda a composição de um conselho consultivo para atuar como instância de gestão integrada e participativa, envolvendo os gestores das áreas protegidas e a população local de forma a compatibilizar e otimizar as atividades desenvolvidas. Ao todo, o Brasil tem 15 mosaicos (oito na Mata Atlântica, três no Cerrado, três na Amazônia e um na Caatinga), sendo que o último deles havia sido reconhecido pelo MMA, em 2013.
“O Mosaico do Jalapão é uma vitória para o Cerrado, especialmente, em tempos que o avanço da fronteira agrícola no MATOPIBA – estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – coloca a região no topo do ranking do desmatamento no bioma”, afirma Júlio César Sampaio, coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil.
Ele explica que, segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento dos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS), 66% do desmatamento da vegetação nativa estão concentradas no MATOPIBA. Somente o Estado do Tocantins expandiu sua área plantada ao ritmo de 25% ao ano, nos últimos quatro anos.
O reconhecimento do mosaico nessa região, que abriga um dos maiores remanescentes de Cerrado, é uma decisão que não só fortalece as ações de conservação como também é um potencial de valorização da cultura tradicional e incremento da renda de comunidades que vivem do extrativismo de frutos típicos da região e do artesanato feitos, principalmente, com a palha do Buriti e o capim dourado. (Assista ao vídeo produzido na região)
Além da rica biodiversidade o Jalapão é berço de nascentes de afluentes de três importantes bacias hidrográficas brasileiras – Tocantins, Parnaíba e São Francisco – e hábitat para diversas espécies ameaçadas de extinção, como o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus).
Marcos Pinheiro, coordenador da Rede de Mosaicos de Áreas Protegidas (REMAP), acompanhou todo o processo e conta que foram três anos até a consolidação do Mosaico Jalapão. “A articulação foi longa e envolveu a Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), o Instituto Natureza de Tocantins (Naturatins), o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade e o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (INEMA). Agora é hora de comemorar e mobilizar todos os atores envolvidos para realizar uma gestão integrada efetiva”, concluiu.
Com informações do portal WWF Brasil e Ministério do Meio Ambiente