Em entrevista ao jornal Estado de São Paulo nesta terça-feira (13), a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) manifestou preocupação com eventuais prejuízos à agropecuária brasileira diante da atual política ambiental do Governo Federal. A parlamentar destacou a importância do meio-ambiente tanto para a manutenção de mercados externos quanto para o aumento da produção de alimentos.
Ex-ministra da Agricultura e ex-presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), a senadora trabalhou durante as últimas três décadas em defesa da agricultura brasileira, visitando dezenas de países em busca de acordos para favorecer as exportações.
“Bolsonaro está se comportando como antimercado. Hoje, as empresas mais valorizadas na bolsa têm um componente fortíssimo tecnológico e de sustentabilidade. Quem nega isso está fora da realidade”, pontuou.
Para Kátia Abreu, Bolsonaro está transferindo toda a sua visão reacionária para o agro. “Não está preocupado com o agro, mas com os eleitores do agro. Se ele estivesse preocupado com o agro, ele diria: ‘meus amigos, vamos ter cautela’. Isso seria a postura de um presidente da República que se preocupa com o setor, com a economia”, destacou.
A senadora do Tocantins ressaltou ainda que não tem intenção de comprar briga contra o governo federal, mas alertou que a falta de zelo com a questão ambiental poderá impactar negativamente a agropecuária, ao invés de auxiliar as cadeias produtivas. “O presidente precisa entender que meio ambiente e agronegócio não são uma questão gastrointestinal”, ressaltou.
“Os produtores estão alegres hoje e poderão chorar amanhã. Temos o agro que produz na roça, que apoia o Bolsonaro. Mas o agro tem outras cadeias: a produção de insumos (adubos, fertilizantes e agroquímicos), o processamento (frigoríficos, esmagadores de soja) e industrialização e os transportadores. Esses três últimos estão desesperados, porque quem vai bater na porta com a cara e a coragem para vender são eles. Isso tudo é agronegócio também”, disse.