A investigação acerca do laboratório clandestino fechado nesta quarta-feira, 11, em Palmas, apontou que a empresa recebeu mais de R$ 3 milhões durante parte do contrato com o Governo do Tocantins.

Em potes de sorvete, margarina e até de creme capilar, pedaços de corpos humanos eram irregularmente armazenados em um laboratório clandestino em Palmas. O local foi descoberto pela Polícia Civil do Tocantins (PC-TO), por meio da 1ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (1ªDeic) de Palmas, com apoio da Diretoria de Repressão ao Crime Organizado (Dracco) e de demais unidades da PC-TO, que deflagrou a operação Nablus, na manhã desta quarta-feira, 11, em parceria com órgãos de fiscalização de saúde e do Ministério Público do Tocantins, visando cumprir 15 mandados de busca e apreensão.

O delegado da 1ª Deic de Palmas, Evaldo de Oliveira Gomes, informou que os suspeitos faziam a abertura de empresas em nome de testas de ferro se passando por pessoas jurídicas. De acordo com o delegado, havia diversos laboratórios de fachada que só existiam no papel. Nenhum deles possuía licença ou alvará por parte do poder público municipal e estadual.

De acordo com o delegado Evaldo de Oliveira Gomes, dentre as investigações, a situação mais precária foi a encontrada no laboratório clandestino no centro da cidade. “São diversos materiais genéticos armazenados indevidamente, que evidenciam fraudes em laudos laboratoriais e exames imprecisos, uma vez que as amostras estão em total desacordo com as normas sanitárias de armazenamento”, informou.

Durante a Operação, a PC-TO encontrou no local, que é uma casa adaptada para o funcionamento do laboratório, diversas irregularidades: o material biológico era mergulhado em frascos de sorvete, paçocas, creme capilar e até recipiente de achocolatado. Os potes de coleta de urina e fezes estavam mergulhados em um balde com uma substância líquida para serem lavados e, posteriormente, reaproveitados. Algumas seringas foram encontradas penduradas no teto do local. Além disso, os papéis de pedido dos exames estavam submersos dentro das próprias amostras.

Prisões

Três pessoas foram presas em flagrante, sendo o médico e diretor técnico do laboratório clandestino; o responsável administrativo e a responsável técnica.

Órgãos fiscalizadores

O Conselho Regional de Medicina (CRM) informou que o laboratório não tem regularidade no CRM, o Conselho também fez a interdição ética do local, ou seja, nenhum médico poderá atuar no laboratório, sob pena de responsabilidade ética. A Vigilância Sanitária Municipal de Palmas também interditou o local, que não possui licença municipal e estadual.

Operação Nablus

O nome da operação remete à atual cidade situada no distrito de Samaria, onde existia a antiga cidade de Siquém e um poço, também conhecido como poço de Sicar, no qual Jesus dialogou com uma Samaritana. O Poço Sicar é profundo e escavado na rocha sólida, que tem sido associado à tradição religiosa com Jacó por cerca de dois milênios.

A operação conta com delegados, agentes, escrivães e peritos da Dracco, 1ª Deic, 2ª Deimpo, Decor, 6ª Deic, 2ª DPC, 7ª Deic, 4ª DPC e do Grupo de Operações Táticas Especiais (Gote).